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quero que ao entrar, possa se servir das grandezas da palavra de Deus, fique tranquilo, não tenha pressa, leia a vontade, que o Senhor te abençoe ao entrares e ao saires. Amém Jesus!!

domingo, 17 de julho de 2011

HISTORIA DA IGREJA.

MONOGRAFIA HISTORIA DA IGREJA
sumário














1  INTRODUÇÃO

2  A ORIGEM DA IGREJA PRIMITIVA

Para a formação da Igreja foi necessário primeiro de uma intervençaõ do proprio Cristo e depois viabilizada pelos apóstolos Dele. A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo “chamo ou convosco". Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializada. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo.
Que é a igreja? Que pessoas constituem esta "reunião"? Que é que Paulo pretende dizer quando chama a igreja de "corpo de Cristo"?
Para responder plenamente a essas perguntas, precisamos entender o contexto social e histórico da igreja do NT. A igreja  primitiva surgiu no cruzamento das culturas hebraicas e helenísticas.

2.1     Fundador da Igreja

O apóstolo Paulo informa: “vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob à lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.” Gl 4.4,5. De fato, como já mostramos nos Textos anteriores, o Cristianismo foi favorecido pela região e pelo tempo em que surgiu. Originou-se no mundo mediterrâneo o maior e mais importante centro de civilização de então. Herdeiro que era da longa história judaica e tendo o seu início nos anos de maior vigor do império Romano, o Cristianismo gozava de todos os benefícios que o império oferecia aos seus cidadãos.

2.2     O Primeiro Período de expansão do Cristianismo

                            O Primeiro Período de expansão do Cristianismo coincidiu com a transformação política, social e religiosa do mundo que ficava às margens do mar mediterrâneo. Líberos das antigas ancoragens, os homens buscavam segurança em meio a uma agitação religiosa que despertava nos seus espíritos. Com o transcorrer dos séculos, e a descendência das antigas civilizações, e até do Império Romano, os homens se esforçaram por alcançar salvação por diferentes meios. Então vieram a achá-la em Cristo. Nunca antes, na história humana, as condições se mostraram tão favoráveis ao surgimento de um movimento de libertação espiritual para a humanidade. “Foi assim que Cristo apareceu na plenitude do tempo” estabelecendo a Si mesmo a pedra de fundamento da Igreja.

2.3     Fundada a Igreja

                            Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu instruções finais aos discípulos e ascendeu ao céu. Os discípulos voltaram a Jerusalém e se recolheram durante alguns dias para jejum e oração, aguardando o ES, o qual Jesus disse que viria. Cerca de 120 pessoas, seguidores de Jesus o aguardavam.
                            Cinqüenta dias após a Páscoa, no dia de Pentecoste, um som como um vento impetuoso encheu a casa onde o grupo se reunia. Línguas de fogo pousaram sobre cada um deles e começaram a falar em línguas diferentes da sua conforme o Espírito Santo os capacitava. Os visitantes estrangeiros ficaram surpresos ao ouvir os discípulos falando em suas próprias línguas. Alguns zombaram, dizendo que deviam estar embriagados. Mas Pedro fez calar a multidão e explicou que estavam dando testemunho do derramamento do Espírito Santo predito pelos profetas do Antigo Testamento (At 2.16-21; Jl 2.28-32). Alguns dos observadores estrangeiros perguntaram o que deviam fazer para receber o Espírito Santo. Pedro disse:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”.
                                                        Apóstolo Pedro (At 2.38).
                            Cerca de três mil pessoas aceitaram a Cristo como seu Salvador naquele dia. Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da igreja. Muitos judeus acreditavam que os seguidores de Jesus eram apenas outra seita do judaísmo. Suspeitavam que os cristãos estivessem tentando começar uma nova "religião de mistério" em torno  de Jesus de Nazaré. É verdade que muitos dos cristãos primitivos continuaram a cultuar no templo e alguns insistiam em que os convertidos gentios deviam ser circuncidados. Mas os dirigentes judeus logo perceberam que os cristãos eram mais do que uma seita. Jesus havia dito aos judeus que Deus faria uma Nova Aliança com aqueles que lhe fossem fiéis;  ele havia selado esta aliança com seu próprio sangue. De modo que os cristãos primitivos proclamavam com ousadia haverem herdados os privilégios  que Israel conhecera outrora. Não era simplesmente uma parte de Israel - era o novo Israel.
"Os líderes judeus tinham um medo de arrepiar, porque este novo e estranho ensino não era um judaísmo estreito, mas fundia o privilégio de Israel na alta revelação de um só Pai de todos os homens."
         (Henry Melvill Gwatkin, Early Church History,  pag 18).
a)      A Comunidade de Jerusalem
     Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em Jerusalém após o dia de Pentecoste. Esperavam que Cristo voltasse muito em breve. Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais. Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual distribuía esses recursos entre o grupo. Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar, mas começaram a partilhar  a Ceia do Senhor em seus próprios lares. Esta refeição simbólica trazia-lhes à mente sua nova aliança com Deus, a qual Jesus havia feito sacrificando seu próprio corpo e sangue. Deus operava milagres de cura por intermédio desses primeiros cristãos. Pessoas enfermas reuniam-se no templo de sorte que os apóstolos pudessem tocá-las em seu caminho para a oração. Esses milagres convenceram muitos de que os cristãos estavam verdadeiramente servindo a Deus. As autoridades do templo, num esforço por suprimir o interesse das pessoas na nova religião, prenderam os apóstolos. Mas Deus enviou um anjo para libertá-los,  o que provocou mais excitação.
      A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tiveram de nomear sete homens para distribuir víveres às viúvas necessitadas. O dirigente desses homens era Estevão, "homem cheio de fé e do  Espírito Santo" (At 6.5).
      Aqui vemos o começo do governo eclesiástico. Os apóstolos tiveram de delegar alguns de seus deveres a outros dirigentes. À medida que o tempo passava, os ofícios da igreja foram dispostos numa estrutura um tanto complexa.

b)      O Assassínio de Estevão.
     Certo dia um grupo de judeus apoderou-se de Estevão e, acusando-o de blasfêmia, o levou à presença do conselho do sumo sacerdote. Estevão fez uma eloqüente defesa da fé cristã, explicando como Jesus cumpriu as antigas profecias referentes ao Messias que libertaria seu povo da escravidão do pecado. Ele denunciou os judeus como "traidores e assassinos" do filho de Deus. Erguendo os olhos para o céu, ele exclamou que via a Jesus em pé à destra de Deus. Isso enfureceu os judeus, que o levaram para fora da cidade e o apedrejaram. Esse fato deu início a uma onde de perseguição que levou muitos cristãos a abandonarem Jerusalém. Alguns desses cristãos estabeleceram-se entre os gentios de Samaria, onde fizeram muitos convertidos (At 8.5-8). Estabeleceram congregações em diversas cidades gentias, como Antioquia da Síria. A princípio os cristãos hesitavam em receber os gentios na igreja, porque eles viam a igreja como um cumprimento da profecia judaica. Não obstante, Cristo havia instruído seus seguidores a fazer "discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28.19).
         Assim, a conversão dos gentios foi "tão somente o cumprimento da comissão do Senhor, e o resultado natural de tudo o que havia acontecido..." Por conseguinte, o assassínio de Estevão deu início a uma era de rápida expansão da igreja.
(Gwatkin, Early Church History, p. 56).
c)      Atividades Missionárias
     Cristo havia estabelecido sua igreja na encruzilhada do mundo antigo. As rotas comerciais traziam mercadores e embaixadores através da Palestina, onde eles entravam em contato com o evangelho. Dessa maneira, no livro de Atos vemos a conversão de oficiais de Roma (At 10.1-48), da Etiópia (At 8.26-40), e de outras terras.
Logo depois da morte de Estevão, a igreja deu início a uma atividade sistemática para levar o evangelho a outras nações. Pedro visitou as principais cidades da Palestina.

2.4     A Extensão da Igreja

Entre o ano 10 d.C. E o reinado de Constantino, o Cristianismo alcançou considerável progresso. É certo que nem tudo nos tem sido dado conhecer a respeito do assunto, principalmente por ter sido esse período em que a Igreja sofreu grande perseguição. Além do mais, boa parte da expansão do Cristianismo durante esse período, teve lugar não só através da obra de missionários dedicados exclusivamente à tarefa da evangelização, como também através de testemunhos de comerciantes, soldados e escravos que por uma ou outra razão viajavam pelas mais diferentes regiões do império.

3  PAULO ENTRA EM CENA

O crescimento da igreja em Antioquia, capital da Síria, tornou-se notório chegando ao conhecimento dos líderes da igreja em Jerusalém. Para ver o que de fato acontecia em Antioquia, a igreja em Jerusalém enviou Barnabé. Então “tendo ele chegado e vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” At 11,23. Provavelmente, Barnabé continuou em Antioquia e dentro em pouco ele tinha mais trabalho a fazer do que de fato era capaz. Assim partiu para Tarso em busca de Saulo o que tivera uma experiência com Cristo e em Damasco teve os seus olhos abertos e a partir de então começa o seu árduo trabalho na execução dos planos de Deus e suas atividades missionárias. A partir deste incidente Saulo passa a se chamar Paulo. Barnabé encontrando Paulo o leva a Antioquia, onde durante um ano inteiro se reuniram com a igreja, e instruíram muita gente. Foi em Antioquia, o lugar onde os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos.
Pregando tanto a judeus como aos gentios. Outros foram para a Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Ouvindo que o evangelho era bem recebido nessas regiões, a igreja de Jerusalém enviou a Barnabé para incentivar os novos cristãos em Antioquia. Barnabé, a seguir, foi para Tarso em busca do jovem convertido Saulo (Paulo) e o levou para a Antioquia, onde ensinaram na igreja durante um ano.
Um profeta por nome Ágabo predisse que o Império Romano sofreria uma grande fome sob o governo do Imperador Cláudio. Herodes Agripa estava perseguindo a igreja em Jerusalém; Ele já havia executado a Tiago, irmão de João, e tinha lançado Pedro na prisão (At 12.1-4). Assim os cristãos de Antioquia coletaram dinheiro para enviar a seus amigos em Jerusalém, e despacharam Barnabé e Paulo com o socorro. Os dois voltaram de Jerusalém levando um jovem chamado João Marcos. Por esta ocasião, diversos evangelistas haviam surgido no seio da igreja de Antioquia, de modo que a congregação enviou Barnabé e Paulo numa viagem missionária à Ásia Menor (At 13-14). Esta foi a primeira de três grandes viagens missionárias que Paulo  fez para levar o evangelho aos recantos longínquos do Império Romano.
Os primeiros missionários cristãos concentraram seus ensinos na Pessoa e obra de Jesus Cristo. Declararam que ele era o servo impecável e Filho de Deus que havia dado sua vida para expiar os pecados de todas as pessoas que depositavam sua confiança nele (Rm 5.8-10). Ele era aquele a quem Deus ressuscitou dos mortos para derrotar o poder do pecado (Rm 4.24-25; 1Co 15.17).

3.1     Governo Eclesiástico

A princípio, os seguidores de Jesus não viram a necessidade de desenvolver um sistema de governo da Igreja. Esperavam que Cristo voltasse em breve, por isso tratavam os problemas internos à medida  que surgiam - geralmente de um modo muito informal.
Mas o tempo em que Paulo escreveu suas cartas às igrejas, os cristãos reconheciam a necessidade de organizar o seu trabalho. O Novo Testamento não nos dá um quadro pormenorizado deste governo da igreja primitiva. Evidentemente, um ou mais presbíteros presidiam os negócios de cada congregação, exatamente como os anciãos faziam nas sinagogas judaicas. Esses anciãos (ou presbíteros) eram escolhidos pelo Espírito Santo (At 20.28), mas os apóstolos os nomeavam. Por conseguinte, o Espírito Santo trabalhava por meio dos apóstolos ordenando líderes pra o ministério. Alguns  ministros chamados  evangelistas parecem ter viajado de uma congregação para outra, como faziam os apóstolos. Seu título significa "homens que manuseiam o evangelho". Alguns têm achado que eram todos representantes pessoais dos apóstolos, como Timóteo o foi de Paulo; outros supõem que obtiveram esse nome por manifestarem  um dom especial de evangelização. Os anciãos assumiam os deveres pastorais normais entre as visitas desses evangelistas. Algumas cartas do Novo Testamento referem-se a bispos na igreja primitiva. Isto é um bocado confuso, visto que esses "bispos" não formavam uma ordem superior da liderança eclesiástica como ocorre em algumas igrejas onde o título é usado hoje. Paulo lembrou aos presbíteros de Éfeso que eles eram bispos (At 20.28), e parece que ele usa os termos presbítero e bispo intercambiavelmente (Tt 1.5-9). Tanto os bispos como os presbíteros estavam encarregados de supervisar uma congregação. Evidentemente, ambos os termos se referem aos mesmos ministros  da igreja primitiva, a saber, os presbíteros. Paulo e os demais apóstolos reconheceram que o Espírito Santo concedia habilidades especiais de liderança a certas pessoas. Assim, quando conferiam um título oficial a um irmão ou irmã em Cristo, estavam confirmando o que o Espírito Santo já havia feito. A igreja primitiva não possuía um centro terrenal de poder. Os cristãos entendiam que Cristo era o centro de todos os seus poderes. O ministério significava servir em humildade, em vez de governar de uma posição elevada. Ao tempo em que Paulo escreveu suas epístolas pastorais, os cristãos reconheciam a importância de preservar  os ensinos de Cristo por intermédio de ministros que se devotavam a estudo especial, "que maneja bem a palavra da verdade"  (2Tm 2.15). A igreja primitiva não oferecia poderes mágicos, por meio de rituais ou de qualquer outro modo. Os cristãos convidavam os incrédulos para fazer parte de seu grupo, o corpo de Cristo,  que seria salvo como um todo. Os apóstolos e os evangelistas proclamavam que Cristo voltaria para o seu povo, a "noiva" de Cristo. Negavam que indivíduos pudessem obter poderes especiais de Cristo para seus próprios fins egoístas (At 8.9-24; 13.7-12).

3.2     Padrões de Adoração

Visto que os cristãos primitivos adoravam juntos, estabeleceram padrões de adoração que diferiam muito dos cultos da sinagoga. Não temos um quadro claro da adoração Cristã primitiva até 150 DC, quando Justino Mártir descreveu os cultos típicos de adoração. Sabemos que a igreja primitiva realizava seus serviços no domingo, o primeiro dia da semana. Chamavam-no de "o Dia do Senhor" porque foi o dia em que Cristo ressurgiu dos mortos. Os primeiros cristãos reuniam-se no templo em Jerusalém, nas sinagogas, ou nos lares (At 2.46; 13.14-16; 20.7-8). Alguns estudiosos crêem que a referência aos ensinos de Paulo na escola de Tirano (At 19.9) indica que os primitivos cristãos às vezes alugavam prédios de escola ou outras instalações. Não temos prova alguma de que os cristãos tenham construído instalações especiais para seus cultos de adoração durante mais de um século após o tempo de Cristo. Onde os cristãos eram perseguidos, reuniam-se em lugares secretos como as catacumbas (túmulos subterrâneos) de Roma.
Crêem os eruditos que os primeiros cristãos adoravam nas noites de domingo, e que seu culto girava em torno da Ceia do Senhor. Mas nalgum  ponto os cristãos começavam a manter dois cultos de adoração no domingo, conforme descreve Justino Mártir - um bem cedo de manhã e outro ao entardecer. As horas eram escolhidas por questão de segredo e para atender às pessoas trabalhadoras que não podiam comparecer aos cultos de adoração durante o dia.

3.3     Ordem do Culto

Geralmente o culto matutino era uma ocasião de louvor, oração e pregação. O serviço improvisado de adoração dos cristãos no Dia de Pentecoste sugere um padrão de adoração que podia ter sido geralmente adotado. Primeiro Pedro leu as Escrituras, depois pregou um sermão que aplicou as Escrituras à situação presente dos adoradores (At 2.14-36). As pessoas que aceitavam a Cristo eram batizadas, seguindo o exemplo do próprio Senhor.  Os adoradores participavam dos cânticos, dos testemunhos ou de palavras de exortação (1Co 14.26).

3.4     A Ceia do Senhor

A ceia do Senhor foi uma das ordenanças do próprio Jesus. Os primitivos cristãos tomavam a refeição simbólica da Ceia do Senhor para  comemorar a Última Ceia, na qual Jesus e seus discípulos observaram a tradicional festa judaica da Páscoa. Os temas dos dois eventos eram os mesmo. Na Páscoa os judeus regozijavam-se porque Deus os havia libertado de seus inimigos e aguardavam com expectação o futuro como filhos de Deus. Na  Ceia do Senhor, os cristãos celebravam o modo como Jesus os havia libertado do pecado e expressavam sua esperança pelo dia quando Cristo voltaria   (1Co 11.26).  A princípio, a Ceia do Senhor era uma refeição completa que os cristãos partilhavam em suas casas. Cada convidado trazia um prato para a mesa comum. A refeição começava  com oração e com o comer de pedacinhos de um único pão que representava o corpo partido de Cristo. Encerrava-se a refeição com outra oração e a seguir participavam de uma taça de vinho, que representava o sangue vertido de Cristo.
Algumas pessoas conjeturavam que os cristãos estavam participando de um rito secreto quando observavam a Ceia do Senhor, e inventaram estranhas histórias a respeito desses cultos. O imperador Trajano proscreveu essas reuniões secretas por volta do ano 100 DC. Nesse tempo os cristãos começaram a observar a Ceia do Senhor durante o culto matutino de adoração, aberto ao público.

3.5     Batismo em Águas

O batismo era um acontecimento comum da adoração cristã no templo de Paulo  (Ef 4.5). Contudo, os cristãos não foram os primeiros a celebrar o batismo. Os judeus batizavam seus convertidos gentios; algumas seitas judaicas praticavam o batismo como símbolo de purificação, e João Batista fizeram dele uma importante parte de seu ministério. O NT não diz se Jesus batizava regularmente seus convertidos, mas numa ocasião, pelo menos, antes da prisão de João, ele foi encontrado batizando. Em todo o caso, os primitivos cristãos eram batizados em nome de Jesus, seguindo o seu próprio exemplo (Mc 1.10; Gl 3.27).
Parece que os primitivos cristãos interpretavam o significado do batismo de vários modos - como símbolo da morte de uma pessoa para o pecado (Rm 6.4; Gl 2.12), da purificação  de pecados (At 22.16; Ef 5.26), e da nova vida em Cristo (At 2.41; Rm 6.3). De quando em quando toda a família de um novo convertido era batizada (At 10.48; 16.33; 1Co 1.16), o que pode significar o desejo da pessoa de consagrar a Cristo tudo quanto tinha.

3.6     Calendário Eclesiástico


 O NT não apresenta evidência alguma de que a igreja primitiva observava quaisquer dias santos, a não ser sua adoração no primeiro dia da semana (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10). Os cristãos não observam o domingo como dia de descanso até ao quarto século de nossa era, quando o imperador Constantino designou-o como um dia santo para todo o Império Romano. Os primitivos cristãos não confundiam o domingo com o sábado judaico, e não faziam tentativa alguma para aplicar a ele a legislação referente ao sábado.
O historiador Eusébio diz-nos que os cristãos celebravam a Páscoa desde os tempos apostólicos; 1Co 5.6-8 talvez se refira a uma Páscoa cristã na mesma ocasião da Páscoa judaica. Por volta do ano 120 DC, a igreja de Roma mudou a celebração para o domingo após a Páscoa judaica enquanto a igreja Ortodoxa Oriental continuou a celebrá-la na Páscoa Judaica.

3.7     Conceito do NT sobre a Igreja

É interessante pesquisar vários conceitos de igreja no NT. A Bíblia refere-se aos primeiros cristãos como família e templo de Deus, como rebanho e noiva de Cristo, como sal, como fermento, como pescadores, como baluarte sustentador da verdade de Deus, de muitas outras maneiras. Pensava-se na igreja como uma comunidade mundial única de crentes, da qual cada congregação local era afloramento e amostra. Os primitivos escritores cristãos muitas vezes se referiam à igreja como o "corpo de Cristo" e o "novo Israel".  Esses dois conceitos revelam muito da compreensão que os primitivos cristãos tinham da sua missão no mundo.

3.8     O Corpo de Cristo

Paulo descreve a igreja como "um só corpo em Cristo" (Rm 12.5) e "seu corpo" (Ef 1.23). Em outras palavras, a igreja encerra numa comunhão única de vida divina todos os que são unidos a Cristo pelo Espírito Santo mediante a fé. Esses participam da ressurreição  (Rm 6.8), e são a um tempo chamados e capacitados  para continuar seu ministério de servir e sofrer para abençoar a outros (1Co 12.14-26). Estão ligados numa comunidade que personifica o reino de Deus no mundo.
Pelo fato de estarem ligados a outros cristãos, essas pessoas entendiam que o que faziam com seus próprios corpos e capacidades eram muito importantes (Rm 12.1; 1Co 6.13-19; 2Co 5.10). Entendiam que as várias raças e classes tornam-se uma em Cristo (1Co 12.3; Ef  2.14-22), e deviam aceitar-se e amarem-se uns aos outros de um modo que revelasse tal realidade.
Descrevendo a igreja com o corpo de Cristo, os primeiros cristãos acentuaram que Cristo era o cabeça da igreja (Ef 5.23). Ele orientava as ações da igreja e merecia todo o louvor que ela recebia. Todo o poder da igreja para adorar e servir era dom de Cristo.

3.9     O Novo Israel

Depois dos altos e baixos, a nação Israelita toma um novo rumo. Os primitivos cristãos identificavam-se com Israel, povo escolhido de Deus. Acreditavam que a vinda e o ministério  de Jesus cumpriram a promessa de Deus aos patriarcas e sustentavam que Deus havia estabelecido uma Nova Aliança com os seguidores de Jesus.
Deus os sustentava, havia estabelecido seu novo Israel na base da salvação pessoal, e não  em linhagem de família. Sua igreja era uma nação espiritual que transcendia a todas as heranças culturais e nacionais. Quem quer que depositasse fé na nova aliança de Deus, rendesse a vida a Cristo, tornava-se descendente espiritual de Abraão e, como tal, passava a fazer parte do "novo Israel" (Mt 8.11).

3.10 Características Comuns

Algumas qualidades comuns emergem das muitas imagens da igreja que encontramos no NT. Todas elas mostram que a igreja existe porque Deus trouxe à existência. Cristo comissionou seus seguidores a levar avante a sua obra, e essa é a razão da existência da igreja.
As várias imagens que o NT apresenta da igreja acentuam que o Espírito Santo a dota de poder e determina a sua direção. Os membros da igreja participam de uma tarefa comum e de um destino comum sob a orientação do Espírito.
A igreja é uma entidade viva e ativa. Ela participa dos negócios deste mundo; demonstra o modo de vida que Deus tenciona para todas as pessoas, e proclamam a Palavra de Deus para a era presente. A unidade e a pureza espirituais da igreja estão em nítido contraste com a inimizade e a corrupção do mundo. É responsabilidade da igreja em todas as congregações particulares mediante as quais ela se torna visíveis, praticar a unidade, o amor e  cuidado de um modo que mostre que Cristo vive verdadeiramente naqueles que são membros do seu corpo, de sorte que a vida deles é a vida de Cristo neles.

4  MEIOS DE CRESCIMENTO DA IGREJA

Apesar dos grandes ataques de diversas situações ângulos e situações um dos meios de crescimento da Igreja nessa época foram os diversos escritores literários do Cristianismo, que eram chamados “apologistas”. Aliás, isto afirma que, entre os elementos de projeção na sociedade, a Igreja vinha conquistando alguns intelectuais. Dentre os apologistas de maior expressão nessa época podemos destacar os nomes de Justino, Orígenes e Tertuliano.
Justino escreveu vários livros, através dos quais explicou a verdade cristã como meio e resposta às indagações pagãs. Ele foi, pois, considerado um dos pioneiros do Cristianismo da metade do primeiro milênio da história.
Tertuliano era advogado cartaginês. Era dotado de qualidades extraordinárias, de pensamento agudo, de linguagem vigorosa e elegante. Alimentava profundo interesse e zelo por Cristo e seus ensinos, o que dera-lhe forte influência sobre os opositores do Cristianismo em sua época.
Origens contribuiu efetivamente para a expansão do Cristianismo, o tornado conhecido através dos bons livros que escreveu expondo as verdades evangélicas.

4.1     Os Pais da Igreja

Deus na sua soberana graça e misericórdia tem cuidado de sua Igreja, nunca a desampara e o seu cuidado com ela chega a ser extremo. Nos primeiros quatro séculos da Igreja, santos homens destacaram-se pela piedade e devoção à Cristo, qualidades essas que se revelavam de maneira especial em meio às tribulações e perseguições. Esses homens foram chamados de “Pais da Igreja”, pela vivência mais direta com coisas da Igreja, e pelo relacionamento que mantiveram com alguns discípulos e apóstolos que conheceram e gozaram da companhia de Jesus Cristo. Entre os mais ilustres Pais da Igreja destacamos alguns. Inácio, Policarpo, Papias, Justino, Irineu, Tertuliano, Orígenes, Eusébio, Jerônimo, João Crisóstomo e Agostinho.

4.2     As Heresias

Dado ao crescimento da Igreja como não é diferente em nossos dias, também aconteceu naquela época nos primórdios da Igreja. Os apologistas tinham a função inversa dos heréticos, estes invertiam o entendimento e palavras verdadeiras, distorcendo a herdade e às vezes trocando a verdade. Estes seguimentos sempre aparecem vestidos de roupagem e personagens capazes de impressionar em alguns momentos até mesmo os defensores da fé viva em Jesus.


4.3     O Gnosticismo

Gnosticismo é o nome comum aplicado a várias escolas de pensamento que surgiram nos primeiros séculos da era cristã. No que tange a gnose cristã, isto se refere à tentativa de incluir o Cristianismo num sistema geral filosófico-religioso. Os elementos mais marcantes neste sistema eram certas especulações místicas e cosmológicas, além da doutrina da salvação salientando o livramento do espírito de sua servidão à matéria. Como religião, o gnosticismo tinha seus próprios mistérios e cerimônias sacramentais, além duma ética que pregava o ascetismo ou a libertinagem.

4.4     O Marcionismo

Marcião era homem rico, filho do bispo de Sinope do Ponto, na Ásia Menor. Ali ele conheceu a fé cristã. Mas, ao mesmo tempo, Marcião parece ter sentido duas fortes antipatias: contra o mundo e contra o judaísmo. Ele acreditava num deus deste mundo, contrastando com o Deus de misericórdia revelado em Jesus Cristo, idéia esta adotada por força da sua angustia diante do problema do sofrimento e de todo mal. Depois, influenciado por Cerdo, gnóstico de Roma, Marcião teria mudado de posição, adotando a idéia de um Deus-Criador, o Deus do Antigo Testamento, não mais totalmente mau, mas fraco.

4.5     O Arianismo

Como se não bastasse a luta do Cristianismo contra o gnosticismo e outros movimentos heréticos, surgiu uma das mais duras pelejas teológicas de toda história da Igreja. Esta luta teve início em forma de freqüentes choques doutrinários, principalmente quanto à divindade de Jesus Cristo, entre o presbítero Ário e seu bispo Alexandre, em Alexandria, pelos idos do ano 320.

4.6     Constantino

Era filho de um oficial grego, Constâncio Cloro, que no ano 305 foi nomeado Augusto, em vez de Galério, e de uma mulher que se tornou santa, Helena. Ao morrer Constâncio Cloro em 306, Constantino é aclamado imperador pelas tropas locais, em meio a uma difícil situação política, agravada pelas tensões com o antigo imperador Maximiano e seu filho Magêncio. Constantino derrotou primeiro Maximiano em 310 e logo depois Magêncio, na batalha de Ponte Mívio, em 28 de outubro de 312. Uma tradição afirma que Constantino antes dessa batalha teve uma visão. Olhando o sol, que era venerado pelos pagãos, viu uma cruz e ordenou a seus soldados que pusessem nos escudos o monograma de Cristo as duas primeiras letras do nome grego sobrepostas. Embora continuasse praticando ritos pagãos, desde essa vitória mostrou-se favorável aos cristãos. Sendo Licínio o Imperador no oriente, promulgou o chamado “edito de Milão” (ver pergunta seguinte) favorecendo a liberdade de culto. Mais tarde os dois imperadores se enfrentaram e no ano 324 Constantino derrotou Licínio e se converteu no único Augusto do império.
Constantino levou a cabo numerosas reformas de tipo administrativo, militar e econômico, porém destacou-se mais nas disposições político-religiosas, sobretudo nas que encaminhariam a cristianização do império. Promoveu estruturas adequadas para conservar a unidade da Igreja, preservar a unidade do estado e legitimar sua configuração monárquica, sem excluir outras motivações religiosas de tipo pessoal. Ao lado dessas disposições administrativas eclesiásticas, tomou medidas contra heresias e cismas. Para defender a unidade da Igreja, lutou contra o cisma causado pelos donatistas no norte da África e convocou o Concílio de Nicéia (ver pergunta: O que aconteceu no Concílio de Nicéia?) para resolver a controvérsia trinitária originada por Ário. Em 330 mudou a capital do império de Roma para Bizâncio, que chamou Constantinopla, o que supôs uma ruptura com a tradição, apesar de querer enfatizar o aspecto de capital cristã. Como então ocorria com freqüência, somente foi batizado pouco antes de morrer. Quem o batizou foi Eusébio de Nicomédia bispo de tendência ariana.
Entre as falhas de seu mandato, comuns no tempo em que viveu não se podem negar, por exemplo, as referentes ao seu caráter caprichoso e violento; nem se pode negar também que tenha dado liberdade à Igreja e favorecido a sua unidade. Mas não é historicamente certo que, para consegui-lo, Constantino determinasse entre outras coisas o número de livros que devia ter a Bíblia. Nesse extenso processo que terminou muito mais tarde, os quatro evangelhos eram desde há muito tempo os únicos que a Igreja reconhecia como verdadeiros. Os outros “evangelhos” não foram suprimidos por Constantino, pois já tinham sido proscritos como heréticos, dezenas de anos antes.

5  A IGREJA NOS DIAS DE CONSTANTINO

Por crer que o Deus dos cristãos foi seu aliado na luta contra o imperador maxência, após o que viria a se tornar senhor soberano sobre o império, Constantino beneficiou os cristãos, transformando o Cristianismo em religião oficial do Estado.


5.1     A Expansão da Igreja

Sem duvida, a igreja cresceu com grande rapidez sob proteção de Constantino. Mais que isto: tão logo Constantino constituiu a si mesmo patrono do Cristianismo, passou a fazer ofertas vultosas para construção de templos, sustendo de ministros religiosos, inclusive isentando de impostos. Apesar de nada entender de teologia, influía decisivamente nos assuntos administrativos e doutrinários da igreja.Nessa época muitos templos e ídolos pagãos foram destruídos,e pelos idos do ano 400, o culto pagão já existia.
Dir-se-ia que para o Cristianismo isto representava retumbante vitória. Entretanto, não era uma vitória real, considerando que a igreja cristã estava cheia de pessoas que não possuíam o mínimo de conhecimento de Cristo, nem havia experimentando o novo nascimento bíblico ponto de partida da verdadeira vida cristã.

5.2     A Vida da Igreja

A nova posição assumida pela igreja, dependendo do Império, de modo algum beneficiava a sua vida. A entrada de milhares de pessoas não-salvas em suas fileiras, foi um impedimento á manutenção da vida verdadeiramente cristã, preparo e desenvolvimento de nossos discípulos de Cristo.
Como já dissemos a maioria dos que faziam parte da Igreja, era formada por gente pagã e de vida por demais tortuosa. Não demorou pra que houvesse violenta queda moral da Igreja. Para certos atos julgados imorais, havia severas penas, enquanto que para ofensas menores, havia penitências, tais como: confissões públicas, jejuns e orações. Para faltas mais graves, havia excomunhão.
Por esse tempo, mesmo em meio ao grande declínio moral e espiritual da igreja professa, muitos cristãos sinceros tornaram-se sedentos por uma vida mais elevada, mais profunda, mais santa e piedosa do que eles viam ao seu redor. Disso surgiu uma forma de vida que estava destinada a se tornar uma das mais poderosas forças na história do Cristianismo - o monarquismo. Muitos homens tornaram-se monges, com o expresso desejo de salvação. Como nos primeiros séculos do cristianismo o mundo era de formação religiosa eminentemente pagã, a própria Igreja muitas vezes mostrou pouca força na luta contra o paganismo. Por isso, nessa época, os males que ela não podia evitar, impetravam sobre eles a sua benção e os fazia parte da vida dos seus membros.           Assim, os que desejavam uma vida santa de mo a agradar a Deus, acharam que a única maneira de alcançar esse nível de vida era afastando-se da sociedade má e da igreja como comunidade. O aspecto de vida cristã congregacional aos poucos se deteriorava.
No século VI foi organizada por Bento de Núrsia, na Itália, a famosa “Ordem dos Beneditos”. Em pouco tempo ela tornou-se praticamente a lei geral da vida monástica em todo o Ocidente. Do monge era exigido: abandono de propriedade, abstinência, ou seja, afastamento de certo alimentos, obediência aos superiores, silêncio, meditação, renúncia, humildade e fé.

5.3     O Declínio da Igreja

       Os bispos tornaram-se chefes da igreja: prevalecendo entre eles a ambição de poder. Meios ilícitos, os mais vergonhosos, eram empregados neste sentido.
         Diz o historiador Gibbons: ”Enquanto que um dos candidatos ao bispado ostentava as honras de sua família, um segundo atraia os juizes pelas delicias de uma mesa farta, e um terceiro mais criminoso que os seus rivais, propunham repartir os saques entre os cúmplices de suas aspirações sacrílegas.”.

O oficio do bispo, que até então tinha sido um oficio assinalado pela humildade e trabalho transformou-se num poço de esplendor profano, de arrogância, de opressão e suborno. A Igreja perdera, em suma. A sua humildade. Tornara-se rica, poderosa, respeitável, mas corrupta.
       Aqueles que haviam se tornados os lideres da Igreja, tornaram-se ditadores segundo o espírito do Império. Em suma: o reinado de Cristo fora rejeitado! Em seu lugar surgira uma trindade de reinados-reinado do céu, reinado de Roma e reinado da Igreja! Evidentemente, o cristianismo puro, simples e maravilhoso de Jesus, o nazareno, fora conspurcado! A Igreja do Cristo vivo perdera a sua dignidade! Estava em decadência!
Enormes foram as transformações pelas quais passou a Igreja cristã, a maioria das quais fruto da ação do próprio imperador. No entanto, nem todas as transformações foram vantajosas. Se for verdade que as perseguições cessaram e o crescimento numérico da cristandade aumentou rapidamente sob proteção imperial, não menos verdade é que discussões doutrinárias, que em épocas anteriores teriam sido tratadas como tais, agora assumiram foros de problemas políticos de grande magnitude, e o imperador assumira, em questões eclesiásticas, tal parcela de autoridade, que ameaçava o futuro da igreja.

5.4     A Supremacia de Constantinopla

Certa feita Constantino encomendou a produção de 50 bíblias para a igreja de Constantinopla, a antiga Bizâncio que, depois de reconstruída, passou a ser a Nova Roma, como pensou a ser a nova capital do império. Foi denominada pelo povo, “Constantinopla”, em vez de Nova Roma, como pensou em chamá-la pelo próprio Constantino. Tal encomenda foi preparada com o mais fino zelo, por mãos competentes do imperador, fez uso de suas carruagens públicas para o transporte destas bíblias.

5.5     Favores ao Cristianismo

Constantino também deixou leis fazendo do domingo o dia de reunião dos cristãos, o dia semanal de descanso, proibindo nele todo trabalho, e permitindo que os soldados cristãos assistissem aos cultos nas igrejas.
Quando Constantinopla adotou o Cristianismo como religião oficial do Império, existiam somente cerca de seis milhões de cristãos em todo império. Porém, agora que o Cristianismo fora apoiado e aprovado como religião oficial, e imposto à espada, grande parte do mundo de então passou por um batismo de sangue. Desse modo indigno o pseudo-cristianismo foi reconhecido por toda parte como religião dominante no Ocidente.
Lamentavelmente, a igreja oficializada pelo Império Romano, não mais era a Igreja de Jesus Cristo e de seus apóstolos.
Ao morrer Constantino em 22 de maio do ano de 337, a fé proclamada por ocasião do concílio de Nicéia, parecia se não oficialmente renegada, praticamente minada.
Apesar de feito do Cristianismo a sua bandeira de guerra, nunca se fixou batizar, o que só aconteceu no momento de sua morte, ato celebrado por Eusébio de Nicomédia. Achou ele mais seguro morrer nos braços da Igreja; assim seria, a seus olhos, absolvido dos muitos erros praticados em vida.
Com a morte de Constantino, a quem certo historiador chamou de “o grande cristão de alma pagã”, a igreja ficou ferida moralmente, só não morrendo porque a graça de Deus veio-lhe em socorro.

5.6     Os Últimos Anos de Constantino

       Os últimos anos de Constantino não foram diferentes daqueles que ele passou na conquista do império, nem pelos transcorridos ao curso do seu governo. Isto é, foram assinalados por lutas, polêmicas, desentendimentos, invejas e constantes divergências.

5.7     Vitória e Derrota

Na verdade, a vitória de Constantino sobre o imperador Maxência, e depois sobre o Licínio, valendo-lhe a posição de imperador romano, foi uma vitória relativa; talvez tivesse sido uma derrota!

6  A FORMAÇÃO DO CÂNON

No ano de 391, a religião cristã foi transformada em religião oficial do Império Romano. A partir deste momento, a Igreja Católica começou a se organizar e ganhar força no continente europeu. Nem mesmo a invasão dos povos bárbaros (germânicos) no século V atrapalhou o crescimento do catolicismo.

6.1     A Influência da Igreja

Durante a Idade Média (século V ao XV) a Igreja Católica conquistou e manteve grande poder. Possuía muitos terrenos (poder econômico), influenciava nas decisões políticas dos reinos (poder político), interferia na elaboração das leis (poder jurídico) e estabelecia padrões de comportamento moral para a sociedade (poder social).
Como religião única e oficial, a Igreja Católica não permitia opiniões e posições contrárias aos seus dogmas (verdades incontestáveis). Aqueles que desrespeitavam ou questionavam as decisões da Igreja eram perseguidos e punidos. Na Idade Média, a Igreja Católica criou o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) no século XIII, para combater os hereges (contrários à religião católica). A Inquisição prendeu, torturou e mandou para a fogueira milhares de pessoas que não seguiam às ordens da Igreja.
Por outro lado, alguns integrantes da Igreja Católica foram extremamente importantes para a preservação da cultura. Os monges copistas dedicaram-se à copiar e guardar os conhecimentos das civilizações antigas, principalmente, dos sábios gregos. Graças aos monges, esta cultura se preservou, sendo retomada na época do Renascimento Cultural.
Enquanto parte do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais) preocupavam-se com as questões políticas e econômicas, muitos integrantes da Igreja Católica colocavam em prática os fundamentos do cristianismo. Os monges franciscanos, por exemplo, deixaram de lado a vida material para dedicarem-se aos pobres.
A cultura na Idade Média foi muito influenciada pela religião católica. As pinturas, esculturas e livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas traziam cenas bíblicas, pois era uma forma didática e visual de transmitir o evangelho para uma população quase toda formada por analfabetos. Neste contexto, o papa São Gregório papa entre os anos de 590 e 604 criou o canto gregoriano. Era uma outra forma de transmitir as informações e conhecimentos religiosos através de um instrumento simples e interessante: a música.

6.2     A Igreja Católica Hoje

Atualmente, a Igreja Católica é muito diferente do que era na Idade Média. Hoje, ela não tem mais todo aquele poder e não pratica atos de violência. Pelo contrário, posiciona-se em favor da paz, liberdade religiosa e do respeito aos direitos dos cidadãos. O papa, autoridade máxima da Igreja, pronuncia-se contra as guerras, terrorismo e atos violentos. Defende também a união das pessoas, principalmente dos países mais ricos, na luta contra a pobreza e a miséria.

7  A ERA PAPAL

Segundo a Igreja Católica Pedro Apóstolo Príncipe dos Apóstolos foi o primeiro Papa que  é o título dado ao chefe supremo da Igreja Católica, Bispo de Roma, e também chefe do Estado do Vaticano e Patriarca do Ocidente ou da Igreja Latina. O Papa é considerado pelos católicos o Sucessor de São Pedro, considerado o Vigário de Cristo e perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. Quando referido como cargo eclesiástico, surge como Sumo Pontífice, a autoridade suprema. O atual Papa, Bento XVI, foi eleito em 19 de abril de 2005. A eleição de um Papa é feita através de votação secreta desde 1274) dos cardeais com menos de 80 anos e reunidos num conclave. Em teoria, qualquer homem batizado pode ser eleito para Papa, embora nos últimos 800 anos somente tenham sido eleitos Cardeais. O cargo é vitalício e, até agora, apenas o Papa Celestino V dele resignou, retornando à vida monástica.
Católicos afirmam que São Pedro foi o fundador e bispo da Igreja de Roma a Santa Sé. Em todos os evangelhos do Novo Testamento, Pedro encabeça os apóstolos  como em Mt 10,1-4. Era ele quem falava em nome dos poóstols Mt 18,21, e preside muitas cenas notáveis. Em cada Evangelho, ele é o primeiro discípulo a ser chamado por Jesus:
"E eu te declaro: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra, será desligado nos céus". Essa é a passagem considerada pelos seguidores do catolicismo como a mais fundamental para o papado, pois pela interpretação católica Jesus Cristo concede o Primado ao Apóstolo Pedro, depois Bispo de Roma, e seus sucessores, como edificador e líder terreno de toda a Igreja.
                                                          Mt 16, 18-19


    "Tendo eles comido, Jesus perguntou à Simão Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes”?" Respondeu ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo." Disse-lhe Jesus: "Apascenta os meus cordeiros… Apascenta os meus cordeiros". Nesta passagem pela interpretação católica Jesus torna Pedro guardião do Seu rebanho inteiro (a Igreja) no seu próprio lugar, tornando-o Seu Vigário para cumprir a responsabilidade.
                                                                                        Jo 21:15-17

7.1     O Título Papa

O título de "Papa" foi, desde o início do século III uma designação honorífica utilizada tanto para o Bispo de Roma, quanto para os outros bispos do Ocidente. No Oriente era usado apenas para o bispo de Alexandria. A partir do século VI, o título era normalmente reservado apenas para o Bispo de Roma, desde então passou à ser utilizado somente por ele, tornando-se um de seus nomes oficiais no século XI.

8  AS INDULGÊNCIAS

8.1     O que são as Indulgências?

Antes de explicar o que são as indulgências, vamos mostrar que a Igreja ensina esta doutrina sem hesitação.
O Catecismo da Igreja afirma que:  “Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, seqüelas dos pecados.” O Papa Paulo VI (1963´1978), na Constituição Apostólica Doutrina das Indulgências (DI), ensina com clareza toda a verdade sobre esta matéria. Começa dizendo que:
         “A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, a qual vindo dos Apóstolos se desenvolve na Igreja sob a assistência do Espírito Santo”, enquanto “a Igreja no decorrer dos séculos, tende para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus”.

                            (Dei Verbum, 8) (DI 1)

Assim, fica claro que as indulgências têm base sólida na doutrina católica (Revelação e Tradição) e, como disse Paulo VI, “se desenvolve na Igreja sob a inspiração do Espírito Santo”.

8.2     As Origens das Indulgências

O uso das indulgências teve sua origem já nos primórdios da Igreja. Desde os primeiros tempos ela usou o seu poder de remir a pena temporal dos pecadores.
Sabemos que na Igreja antiga dos primeiros séculos, a absolvição dos pecados só era dada aos penitentes que se acusassem dos próprios pecados e se submetessem a uma pesada penitência pública; por exemplo, jejum de quarenta dias até o pôr do sol, trajando-se com sacos e usando o silício, autoflagelação, retirada para um convento, vagar pelos campos vivendo de esmolas, etc., além de ser privado da participação na Liturgia eucarística e na vida comunitária. Isto era devido ao “horror” que se tinha do pecado e do escândalo. Aquele que blasfemasse o nome de Deus, da Virgem Maria, ou dos santos, ficava na porta da igreja, sem poder entrar, sete domingos durante a missa paroquial, e, no último domingo ficava no mesmo lugar sem capa e descalço; e nas sete sextas feiras precedentes jejuava a pão e água, sem poder neste período entrar na igreja. Aquele que rogasse uma praga aos pais, devia jejuar quarenta dias a pão e água... Essas pesadas penitências, e outras, tinham o objetivo de extinguir no penitente os resquícios do pecado e as más inclinações que o pecado sempre deixa na alma do pecador, fazendo-o voltar a praticá-lo. Na fase das perseguições dos primeiros séculos, quando era grande o número de mártires, muitos cristãos ficavam presos e aguardando o dia da própria execução. Surgiu nesta época um belo costume: os penitentes recorriam à intercessão dos que aguardavam presos a morte. Um deles escrevia uma carta ao bispo pedindo a comutação da pesada penitência do pecador; eram as chamadas “cartas de paz”. Com este documento entregue ao bispo, o penitente era absolvida da pesada penitência pública que o confessor lhe impusera, e também da dívida para com Deus; a pena temporal que a penitência satisfazia. Assim, transferia-se para o pecador arrependido, o valor satisfatório dos sofrimentos do mártir. Desta forma começou o uso da indulgência na Igreja.
Muitas vezes os penitentes não tinham condições de saúde suficiente para cumprir essas penitências tão pesadas; e isto fez com que a Igreja, com o passar do tempo, em etapas sucessivas e graduais, fosse abrandando as penitências. Na idade média, a Igreja, com a certeza de que ela é a depositária dos méritos de Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos, o chamado “tesouro da Igreja”, começou a aplicar isto aos seus filhos pecadores. Inspirados pelo Espírito Santo, os Papas e Concílios, a partir do século IX, entenderam que podiam aplicar esses méritos em favor dos penitentes que deviam cumprir penitencias rigorosas. Assim, surgiram as “obras indulgenciadas”, que substituíam as pesadas penitencias. O jejum rigoroso foi substituído por orações; a longa peregrinação, por pernoitar em um santuário; as flagelações, por esmolas; etc. A partir daí, a remissão da pena temporal do pecado, obtida pela prática dessas “obras indulgenciadas”, tomou o nome de “indulgência”. Nos exemplos das pesadas penitências públicas citadas acima, elas eram substituídas, respectivamente, por uma indulgência de sete semanas e por uma indulgência de 40 dias; por isso as indulgências eram contadas em dias, semanas e meses, porque assim, eram também contadas as penitências públicas. Com a reza do Terço, por exemplo, em qualquer dia do mês de outubro, se ganhava a indulgência de sete anos. No século IX, os bispos já concediam indulgências gerais, isto é, a todos os fiéis, sem a necessidade da mediação de um sacerdote. Assim, os bispos estipularam que realizando certas obras determinadas, os fiéis poderiam obter, pelos méritos de Cristo, a remissão das penas devidas aos pecados já absolvidos. É preciso compreender que esta prática não se constituía em algo mecânico; não, o penitente, ao cumprir a obra indulgenciada devia trazer consigo as mesmas disposições interiores daquele que cumpria no passado as pesadas penitências, isto é, profundo amor a Deus e repúdio radical de todo pecado. Sem isto, não se ganharia a indulgência. Com o passar do tempo, e principalmente por causa da “questão das indulgências” no tempo de Martinho Lutero (explicado adiante), no século XVI, as indulgências foram ofuscadas e tornaram-se objeto de críticas. No entanto, após o Concílio Vaticano II (1962 a 1965), o Papa Paulo VI reafirmou todo o seu valor, na Constituição Apostólica Indulgentiarum Doutrina, onde quis claramente mostrar o sentido profundo e teológico das indulgências; incitando os católicos ao espírito de contrição e penitência que deve movê-lo. assim queria claramente mostrar o sentido profundo e teológico das indulgências; incitando os católicos ao espírito de contrição e penitência que deve movê-los ao realizar as obras indulgenciadas, removendo toda a aparência de mecanicismo espiritual que no passado aconteceu.

9  A EXISTÊNCIA DO PURGaTÓRIO

O purgatório foi mais um dos pontos onde a Igreja falhou o que mais tarde viria a ser confrontado por Martinho Lutero. Falaremos mais tarde sobre este. O purgatório segundo a Igreja Católica Romana é um lugar de sofrimentos em que as almas se purificam, solvendo suas dívidas, antes de serem admitidas no céu, onde só entrará quem for puro. Sua existência se baseia no testemunho da Sagrada Escritura e da Tradição. Vários Concilios o definiram como dogma; Santos Padres e Doutores da Igreja o atestam a uma voz. Argumentam que há base bíblica:
         Há uma prisão da qual não se sairá senão quando tiver pago o último centavo. Mat. (18, 23-35). 18 Eu vos garanto: Tudo que ligardes na terra, será ligado no céu; e tudo que desligardes na terra, será desligado no céu. 19 Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedir qualquer coisa, hão de consegui-lo do meu Pai que está nos céus.
                                                                       Mt 18, 23-35
Para ser mais preciso o purgatório é o estado no qual os fiéis são purificados depois da morte, antes de entrar no céu. Desde que a nossa preocupação é com a doutrina bíblica, observamos que a palavra "purgatório" não se encontra nas Escrituras.

10  A IGREJA DA IDADE MÉDIA

10.1 As Riquezas da Igreja

Desde o imperador Constantino o clero vinha isento do pagamento de impostos. Com estas práticas o governo teve que tomar medidas para preservar a entrada de impostos, determinando que somente fossem ordenados para o sacerdócio somente aqueles que não dispunham de muitas posses ou apenas poucas posses. O controle dos bens da igreja ficava na posse dos bispos. Uma disposição do papa Simplício determinou a divisão da renda da Igreja em quatro partes: uma para o bispo, uma para os demais clérigos, outra para manutenção do culto e dos edifícios, e a última para os pobres. A Igreja Católica hoje está classificada como uma entre os maiores latifundiários.

10.2 Movimentos de Protestos

Uma das principais causas do fracasso da Igreja daquela época foi o descuido por parte dos seus líderes para com o povo que a compunha. Os párocos acomodados se davam por satisfeitos com o que prescrevia o rito latino, o que o povo e às vezes nem eles mesmos entendiam.

10.3 A Reforma

No início do século XVI, a Igreja atravessava uma das fases mais difíceis da sua história. Ela já não era aquela Igreja pequena, simples e pura dos primórdios. Ela cresceu. Surgiram concomitantemente problemas profundos e prolongados. Sacerdotes inescrupulosos fizeram sua, aquela que até então era tida como a causa do Senhor.
Muitos homens santos, verdadeiros apóstolos da verdade, como João Wycliffe e João Huss, que apareceram na sua trajetória de quinze séculos, por ordem dos líderes eclesiásticos foram perseguidos, encarcerados, despojados dos seus direitos e mortos. Mas a morte desses não foi em vão, os livros que escreveram as mensagens que proferiram e o sangue derramado, Deus os fez sementes que semeadas em terra fértil, a seu tempo nasceram e frutificaram. O sol da realidade do Evangelho precisava nascer. Enquanto isso, nos campos ressequidos pelo desespero e ignorância espiritual, a esperança reverdecia: um novo tempo viria sobre o mundo.
O despertar da natureza humana se processou de forma tão extraordinária que foi necessária uma nova palavra: “Renascimento”. O movimento Renascentista surgiu no século XIV, assumira toda a sua pujança no final do século XV. Todas as faculdades da natureza humana foram dimensionadas e todas as atividades humanas apresentaram progresso gigantesco. Essa foi uma época de grandes conquistas.
Grandes descobertas e inventos tiveram lugar nessa época: Cristóvão Colombo descobriu a América; Pedro Álvares de Cabral descobriu o Brasil; o tamanho exato da terra foi determinado; a descoberta do sistema solar de Copérnico revolucionou as idéias humanas a respeito do universo. Também nessa época foi inventada a imprensa com tipos de móveis por Gutenberg. Graças a seus recursos, as idéias se espalhavam mais rapidamente. A mente humana foi ainda despertada e fortalecida para futuros empreendimentos, o maior dos quais veio a ser a Reforma Protestante.

10.4 Refutação Bíblica da Doutrina do Purgatório

Na epístola aos Hebreus encontramos um texto onde a bíblia declara de uma vez por todas que ao homem está ordenado a morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo, Hb 9,27. Aqui vemos categoricamente a defesa que a própria bíblia faz em relação a este assunto. Jesus contou a história de duas pessoas que morreram uma (Lázaro), foi para o paraíso e a outra (o rico), foi para o hades e o rico pediu para que Lázaro pudesse vir à terra para avisar seus irmãos do perigo de ir para aquele mesmo lugar. A resposta foi simples: na terra há quem anuncia a verdade sobre a vida eterna e qual lugar escolher ainda em vida para gozar a vida eterna. Creio que depois da morte vale o que fizemos ainda com vida, pois acredito que esta vida é a base para a vida eterna que enfrentaremos mais cedo ou mais tarde.  Se fizermos o bem receberemos o lugar merecido pelo bem que praticamos, porém se houver opção pelo mal se receberá pelo mal que se praticou.

10.5 Martinho Lutero

Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483 em Eisleben, Alemanha. Preocupado com a salvação, o jovem Martinho Lutero decidiu tornar-se monge. Durante seu estudo, sempre o acompanhava a pergunta: "Como posso conseguir o amor e o perdão de Deus?" Lutero foi descobrindo ao longo dos seus estudos que para ganhar o perdão de Deus ninguém precisava castigar-se ou fazer boas obras, mas somente ter fé em Deus. Com isso, ele não estava inventando uma doutrina, mas retomando pensamentos bíblicos importantes que estavam à margem da vida da igreja naquele momento.Há 490 anos, mais especificamente no dia 31 de outubro de 1519, Martinho Lutero fixou suas famosas teses sem um total de 95 contra a venda de indulgências, na porta da Igreja Católica do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, contrariando os interesses teológicos e, principalmente, econômicos da Igreja Católica. O impacto foi tamanho, que se comemora nessa data o início da Reforma Protestante.

10.6 Peregrinação Espiritual

Em 1505, antes de completar 22 anos, ingressou - contra a vontade de seu pai, que sonhava com a carreira de advogado para ele - no mosteiro Agostinho de Erfurt. Dos motivos que o levaram a tal passo, esse acontecimento foi decisivo: duas semanas antes, quando sobremaneira o temor da morte e do inferno o afligia, prometeu a santa Ana caso se salvasse se tornaria um monge. Portanto, a razão principal, foi o seu interesse pela própria salvação.
Ingressou no mosteiro como filho fiel da Igreja no propósito de utilizar os meios de salvação que ela lhe oferecia e dos quais o mais seguro lhe parecia o monástico. Acreditava que, sendo um sacerdote, as boas obras e a confissão seriam as respostas para suas necessidades, almejadas desde a infância. Mas não bastava.
Embora tentasse ser um monge perfeito - repentinamente castigava seu corpo, a conselho de seu superior - tinha consciência de sua pecaminosidade e cada vez, por isso, tratava de sobrepor-se a ela. Porém, quanto mais lutava contra esse sentimento, mais se apercebia de que o pecado era muito mais poderoso do que ele.
Frente a essa situação desesperadora, o seu conselheiro espiritual recomendou que lesse as obras dos místicos, mas não adiantou; então, foi proposto que se preparasse para dirigir cursos sobre as Escrituras na Universidade de Wittenberg.

10.7 Olhos Abertos Após Uma Grande Descoberta

Ao ser designado para preparar  conferências Martinho Lutero foi obrigado a se utilizar da bíblia, com esta leitura ele começou a ver nela uma possível resposta para suas angústias.
Em 1513, começou a dar aulas sobre Salmos, os quais interpretavam cristologicamente. Neles, era Cristo quem falava. E assim, viu Cristo passando pelas angústias semelhantes às que passava. Esse foi o princípio de sua grande descoberta, que aconteceu provavelmente em 1515, quando começou a dar conferências sobre a Epístola aos Romanos. Lutero confessou que encontrou resposta para as suas dificuldades, no primeiro capítulo dessa Epístola. Essa resposta, no entanto, não veio facilmente. Não ocorreu de um dia para outro. A grande descoberta foi precedida por uma grande luta e uma amarga angústia. O texto básico é Romanos 1.17, no qual é dito que o Evangelho é a revelação da justiça de Deus, e era precisamente essa justiça que Lutero não podia tolerar e dizia que odiava a frase "justiça de Deus". Nela, esteve meditando dia e noite para compreender a relação entre as duas partes do versículo que diz "a justiça de Deus se revela no evangelho", e conclui dizendo que "o justo viverá pela fé".
Lutero não foi como alguns pensam o fundador de uma nova religião, o protestantismo. A Reforma Protestante, da qual foi impulsionador, foi além do movimento da libertação nacional, que resultou na formação de igrejas nacionais entre os anos de1517 a 1563. Foi, sem dúvida, o grande precursor da liberdade religiosa atual e quem mais contribuiu para um retorno do cristianismo às Escrituras.
Lutero decidiu tornar públicas essas idéias e elaborou as teses, reunindo o mais importante de sua descoberta teológica, e fixou-as na porta da igreja do castelo de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517. Ele pretendia abrir um debate para uma avaliação interna da Igreja, pois acreditava que a Igreja precisava ser renovada a partir do Evangelho de Jesus Cristo.
Em pouco tempo toda a Alemanha tomou conhecimento do conteúdo dessas teses e elas espalharam-se também pelo resto da Europa. Embora tivesse sido pressionado de muitas formas - excomungado e cassado - para abandonar suas idéias e os seus escritos, Lutero manteve suas convicções. Suas idéias atingiram rapidamente o povo e essa divulgação foi facilitada pelo recém inventado sistema de impressão de textos em série.
O Movimento da Reforma espalhou-se pela Europa. Em 1530 os líderes protestantes escreveram a "Confissão de Augsburgo", resumindo os elementos doutrinários fundamentais do luteranismo.

10.8 Sítese sobre Martinho Lutero e Sua Vida

Sentenciado por ordem papal a morrer queimado, João Huss, um dos mais famosos precursores da reforma, no momento da sua execução, disse em alto e bom som:
         “Podem matar o ganso, mas daqui a cem anos surgirá um cisne que não poderão queimar”.
                                                                                                 João Huss

Cem anos depois de ditas estas palavras, isto é, a 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Saxônia, na Suíça, nascia Martinho Lutero.
Lutero teve um preparo religioso com base na piedade simples da família alemã da Idade Média, misturado de realismo e superstições características da era medieval. Na sua infância, foi profundamente religioso, mas sem exageros, revelando alegria de viver.
       O grande desejo do seu pai era vê-lo formado em direito e, para tanto, com a idade de apenas dezoito anos, ingressou na mais famosa Universidade alemã a de Erfurt. Levou quatro anos de estudos preliminares. Durante esse tempo, destacou-se como moço estudioso, orador capaz, hábil polemista, amante da música e admirado pelos colegas. Quando de repente para surpresa de todos tornou-se monge. Sua doutrina, salvação pela fé, foi considerada desafiadora pelo clero católico, pois abordava assuntos considerados até então pertencentes somente ao papado. Contudo, esta foi plenamente espalhada, e suas inúmeras formas de divulgação não caíram no esquecimento, ao contrário, suas idéias foram levadas adiante e a partir do século XVI, foram criadas as primeiras igrejas luteranas.
Apesar do resultado, inicialmente o reformador não teve a pretensão de dividir o povo cristão, mas devido à proporção que suas 95 teses adquiriram, este fato foi inevitável. Para que todos tivessem acesso às escrituras que, até então, encontravam-se somente em latim, ele traduziu a Bíblia para o idioma alemão, permitindo a todos um conhecimento que durante muito tempo foi guardado somente pela igreja. Com um número maior de leitores do livro sagrado, a quantidade de protestantes aumentou consideravelmente e entre eles, encontravam-se muitos radicais. Precisou ser protegido durante 25 anos. Para sua proteção, ele contava com o apoio do Sábio Frederico, da Saxônia. Foi responsável pela organização de muitas comunidades evangélicas e, durante este período, percebeu que seus ensinamentos conduziam à divisão. Casou-se com a monja Katharina Von Bora, no ano de 1525, e teve seis filhos.

10.9 Uma Mudança Por Completo

Ao ler a Epistola de Paulo aos Romanos, Lutero encontrou a declaração que  revolucionária sua vida por completo e definitivamente:

         ”O JUSTO VIVERÁ DA FÉ” (Rm 1.17).

Estas palavras como labaredas de Deus, incendiaram-lhe a mente com vislumbres de verdade que procurava há tanto tempo. Descobriu que  a salvação lhe pertencia,simples e unicamente por fé na obra que Cristo consumou na cruz.E foi com o intuito de melhor compreender esta verdade,que empreendeu cuidadoso estudo das Escrituras,e das obras de grandes mestres cristãos,como Agostinho e Anselmo.Pelo estudo dos Salmos e das epistolas de Paulo,ele afirmou,nas suas preleções,com suficiente clareza e certeza,que Deus salva os pecadores mediante a fé no seu amor revelado em Jesus Cristo.Esta é a verdade da justificação por fé.
Contra esta verdade descoberta e agora vivida por Lutero, militavam os ensinos e mestres da Igreja da Idade Média, que pregavam a salvação adquirida pelas obras e sacramentos ministrados pela Igreja. Mas Lutero tinha convicção da verdade que descobriu nas Escrituras e da magnitude das decisões que tomaria a partir daí na defesa da mesma. Essa experiência trouxe novo impulso á sua vida religiosa – impulso necessário ao seu trabalho de reformar a igreja que havia sendo paganizada.

10.10      Lutero em Wittenberg

Por mais de quatro anos Lutero trabalhou em winttenberg, decepcionado com a igreja, mas sem romper com seus lideres. Nessa época, adquiriu projeção como um dos mais destacados lidere da sua ordem. Suas lições e preleções na universidade tinham o sabor de um vinho novo, em comparação ao vinho roto do eterno mesmismo dos demais professores conformados com o estado da igreja. Ele tinha uma capacidade extraordinária de citar as escrituras e aplica-las ás necessidades espíritas e morais do povo do seu tempo. As verdades recém-descobertas fizeram dele um pregador notável e dotado de evidente unção do Espírito Santo. Quanto mais ele falava das verdades bíblicas que descobrira, mais claras elas se tornavam. Afinal, alguma coisa o levou a falar publicamente a respeito destas grandes verdades.

10.11      Lutero rejeita à Prática das Indulgências

Numa localidade próxima a Winttemberg, onde Lutero morava,em 1517, apareceu um frade dominicano alemão de nome Tetzel, enviado pelo arcebispo de Mogúncia para vender indulgências emitidas pelo papa.

10.12      O que eram as Indulgências

Elas ofereciam diminuição de penas no purgatório. Indulgências era algo que, apresentadas como favores divinos, concedida aos homens, mediante os méritos do papa, perdão pelos pecados. As mesmas eram adquiridas em troca de dinheiro que, conforme os que as vendiam, seria usado na construção da Basílica de São Pedro, em Roma. Para comprar as indulgências, vinham pessoas de lugares os mais distantes. Tendo chegado ao conhecimento de Lutero através do confessionário, ele convenceu-se de que o tráfico das indulgências estava desviando o povo do ensino de Deus e enfraquecendo seriamente a vida moral da Igreja. Foi então que Lutero decidiu enfrentar tão grande erro e abuso.

10.13      Qual o Favor que as Indulgências Ofereciam

A primeira graça oferecida pelas indulgências, é a completa remissão de todos os pecados: nada maior do que isto se pode conceber, já que os homens pecadores privados da graça de Deus obtêm remissão completa por esses meios e de novo gozam a graça de Deus. Além disto, pela remissão dos pecados, o castigo que se está obrigado a suportar no purgatório por causa da afronta á divina majestade, é totalmente perdoada e as penas do purgatório são completamente apagadas. E, embora nada seja por demais precioso para ser dado em troca de tal graça – contudo, a fim de que os fiéis cristãos sejam levados mais facilmente a buscá-las, estabelecemos as seguintes regras, a saber:
A segunda graça é um “confissional” (carta confissional) contendo os maiores, mais importante e até hoje inauditos privilégios de escolher um confessor conveniente, mesmo um regular das ordens mendicantes.                      
A terceira graça importante é a participação em todos os benefícios da igreja universal; isto consiste em que os contribuintes da dita construção (construção da catedral de São Pedro), juntamente com os falecidos pais, que saíram deste mundo em estado de graça, e agora e por toda eternidade serão participantes de todas as petições, intercessões, esmolas, jejuns e orações e de todo a e qualquer peregrinação, mesmo as feitas à terra Santa; além disto, participação das estações de Roma, nas missas, horas canônicas, mortificações, bem como de todos os outros benefícios que foram ou serão produzidos pela santíssima e militante Igreja Universal; ou por qualquer um dos seus membros. Os fiéis que comprarem cartas confessionais também podem tornar-se participantes de todas as coisas. Os pregadores e os confessores deveriam insistir com grande perseverança nessas vantagens e persuadir os fiéis a não negligenciar em adquirir esses benefícios juntamente com sua carta confecional.
A quarta graça importante é em favor das almas que estão no purgatório e é a remissão completa de todos os pecados, remissão que o papa consegue por sua intercessão para o bem dessas almas da seguinte maneira: a mesma contribuição que se faria por si mesma. Estando vivo, deve ser depositado no caixa. É, contudo de nossa vontade que nossos subcomissários possam modificar as regras concernentes às contribuições desta espécie, que são feitas pelos mortos e que possa usar de seu critério em todos os outros casos em que, segundo sua opinião, modificações sejam desejáveis.

10.14      Os jesuítas

Para combater o avanço do protestantismo foi necessário arquitetar um bom plano para enfraquecer este movimento. Para a batalha da Contra-Reforma, a Igreja Romana dispunha de recursos poderosos. Um deles foi uma nova Ordem, extraordinariamente poderosa e operante, a “Sociedade de Jesus”. Esta organização pode ser mais bem apreciada quando estudamos as experiências religiosas do seu fundador, o espanhol Inácio de Loyola.

10.15      Inácio de Loyola

O grande desejo de Loyola foi ser famoso como soldado; mas este ideal apagou-se quando aos vinte e oito anos, recebeu greve ferimento que o aleijou para o resto de sua vida. Foi um dos protagonizadores do movimento dos Jesuitas.

10.16      Fase Inicial da reforma

Apesar do zelo, sempre existiram aqueles que se desviavam, trazendo para dentro da Igreja práticas de outras religiões. Esses desvios, a princípio em número reduzido, foram aumentando a ponto de paganizar a Igreja, transformando-a no que conhecemos hoje por Igreja Católica.
No decorrer dos séculos, desde os tempos de Cristo, tem havido um desvio daquilo que Jesus ensinou. Sempre se levantaram vozes em defesa da pureza do Evangelho.
No começo, foi apenas a inclusão da hierarquia onde o papa era o líder supremo; depois vieram o batismo para a salvação, a adoração de santos, e outros, atingindo um patamar tal, que por volta do século XIV, a Igreja Católica estava completamente envolvida no paganismo. Daí a salvação passou a ser comercializada como qualquer outro objeto.
Enquanto o cristianismo romano se paganizava, muitas pessoas às quais o nome "cristão" fora negado, lutavam para que a Igreja retornasse aos princípios do Novo Testamento. Entretanto, ela já havia se institucionalizado, e esses reformadores passaram a ser acusados de hereges. Geralmente eram expulsos de suas congregações e perseguidos, pagando, muitas vezes com a vida, pelo zelo cristão.
Até o século XIV, os protestos dessas pessoas foram abafados; porém com o advento de uma nova mentalidade, que deu origem às transformações políticas, sociais, científicas, literárias e mais, foram sendo notados. Naquele período, as grandes descobertas marítimas, a invenção da imprensa, a descoberta do maravilhoso mundo clássico da literatura e arte, até então perdidos, produziram um despertar da natureza humana, que se processou de forma intensa e geral. Esse período ficou conhecido como Renascença movimento que produziu a energia necessária para a revolução religiosa que se daria no século XVI.
O grande nome dessa revolução religiosa foi Martinho Lutero, monge agostiniano. que, revoltado contra a venda de indulgências, levantou a bandeira da liberdade religiosa frente à corrompida Igreja Católica.

10.17      Lutero Refuta os Princípios da Igreja

A resposta foi surpreendente. Lutero concluiu que a justiça de Deus, em Romanos 1.17 não se refere ao fato de que Deus castigue os pecadores, mas ao fato de que a justiça do justo não é obra sua, mas dom de Deus. Portanto, a justiça de Deus só tem quem vive pela fé: não porque seja em si mesmo justo ou porque Deus lhe dê esse dom, mas por causa da misericórdia de Deus que, gratuitamente, justifica o pecador desde que este creia. A partir dessa descoberta, a justiça de Deus não passou mais a ser odiada; agora, ela tornou-se em uma frase doce para sua vida. Em conseqüência as Escrituras passaram a ter um novo sentido para ele. Inconformado com a Igreja Católica, Lutero compôs algumas teses, que deveriam servir como base para um debate acadêmico. Naquele período, teve início, por ordem do papa Leão X, a venda de indulgências por Tetzel, através da qual o portador tinha a garantia de sua salvação. Não concordando com a exploração de seus compatriotas, Lutero fixou suas famosas 95 teses na porta da Igreja (local utilizado para colocar informações da universidade) do Castelo de Wittenberg. As teses foram escritas acaloradamente com sentimento de indignação profunda, mas com todo o respaldo Bíblico. E além do mais. ao atacar a venda de indulgências, colocava em perigo os projetos dos exploradores, dentre eles, a ganância do papa Leão X em arrecadar dinheiro suficiente para terminar a construção da Basílica de São Pedro. Os impressos despertaram o povo e produziram um sentimento de patriotismo, o que facilitou a Reforma na Alemanha. A importância de Lutero para o protestantismo moderno não deve ser esquecida. Foi ele quem teve mais sucesso na investida contra Roma. Foi ele o grande bandeirante da volta às Escrituras como regra de fé e prática. Foi um dos poucos homens que alterou profundamente a História do mundo. Através do seu exemplo, outras pessoas seguiram o caminho da Reforma em seus próprios países, e em poucos anos quase toda a Europa havia sido varrida pelos ventos reformadores. Lutero foi responsável por três pontos básicos do protestantismo atual: a supremacia das Escrituras sobre a tradição; a supremacia da fé sobre as obras; e a supremacia do sacerdócio de cada cristão sobre o sacerdócio exclusivo de um líder. Humanamente falando, deve-se a Lutero um retomo à leitura da Bíblia.

10.18      A Reforma Protestante

A preocupação daqueles que ao ler a bíblia com os desmandos da Igreja era tamanho que foi necessário arquitetar um plano para desarticular o enrrosco impetrado nesta ocasião. A Igreja Católica vinha desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos com luxo e preocupações materiais estavam tirando o objetivo católico dos trilhos. Muitos elementos do clero estavam desrespeitando as regras religiosas, principalmente o que diz respeito ao celibato. Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais deixavam a população insatisfeita. O processo de reformas religiosas teve início no século XVI. Podemos destacar como causas dessas reformas: abusos cometidos pela Igreja Católica e uma mudança na visão de mundo, fruto do pensamento renascentista. A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada vez mais inconformada, pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos religiosos. Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da basílica de São Pedro em Roma, com a venda das indulgências, já citado anteriormente, (venda do perdão). No campo político, os reis estavam descontentes com o papa, pois este interferia muito nos comandos que eram próprios da realeza. O novo pensamento renascentista também fazia oposição aos preceitos da Igreja. O homem renascentista começava a ler mais e formar uma opinião cada vez mais crítica. Trabalhadores urbanos, com mais acesso a livros, começaram a discutir e a pensar sobre as coisas do mundo. Um pensamento baseado na ciência e na busca da verdade através de experiências e da razão. Luetero então depois de muitas batalhas acirradas em defesa da fé, se despede com com o estandarte da bandeira do evangelho hasteado. Em 1546, no dia 18 de fevereiro, aos 62 anos, Martinho Lutero faleceu. Finalmente, em 1555, o Imperador reconheceu que havia duas diferentes confissões na Alemanha: a Católica e a Luterana.


10.19      A Contra-Reforma e os Jesuítas

Para argumentar e ter sua mente totalmente livre de qualquer acusação; debaixo de muita audácia e no fervor do Espírito Santo, Lutero teve de enfrentar o tremendo poderio da Igreja Católica que, imediatamente organizou a Companhia de Jesus (jesuítas) para atacar a Reforma. Vide o juramento dos jesuítas:
         "Prometo na presença de Deus e da Virgem Maria e de ti meu pai espiritual, superior da Ordem Geral dos Jesuítas... e pelas entranhas da Santíssima Virgem defender a doutrina contra os usurpadores protestantes, liberais e maçons sem hesitar. Prometo e declaro que farei e ensinarei a guerra lenta e secreta contra os hereges... tudo farei para extirpá-los da face da terra, não pouparei idade, nem sexo, nem cor... farei arruinar, extirpar, estrangular e queimar vivo esses hereges. Farei arrancar seus estômagos e o ventre de suas mulheres e esmagarei a cabeça de suas crianças contra a parede a fim de extirpar a raça. Quando não puder fazer isso publicamente usarei o veneno, a corda de estrangular, o laço, o punhal e a bala e chumbo. Com este punhal molhado no meu sangue farei minha rubrica como testemunho! Se eu for falso ou perjuro, podem meus irmãos, os Soldados do Papa cortar mãos e pés, e minha garganta; minha barriga seja aberta e queimada com enxofre e que minha alma seja torturada pelos demônios para sempre no inferno!"
                    
                        livro Congregacional de Relatórios, página 3.362


Preocupada em conter o avanço dessas idéias, a Igreja Romana iniciou através do Tribunal da Santa Inquisição a perseguição mais infame e sangrenta da história, onde, no caso da França, numa única noite, chamada de "Noite de São Bartolomeu", três mil protestantes foram assassinados e seus corpos jogados nas ruas francesas, com as bênçãos católicas. Muitos jesuítas, tais quais espiões, levaram os ditos "hereges" às mais variadas torturas, até a morte.

11   A HISTÓRIA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS

A Assembleia de Deus chegou ao Brasil por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que aportaram em Belém, capital do Estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos Estados Unidos. A princípio, frequentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Eles traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia — o falar em línguas espirituais (estranhas) — como a evidência inicial da manifestação para os adeptos do movimento. A manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo em várias reuniões de oração nos Estados Unidos (e também de forma isolada em outros países), principalmente naquelas que eram conduzidas por Charles Fox Parham, mas teve seu apogeu inicial através de um de seus principais discípulos, um pastor leigo negro, chamado William Joseph Seymour, na rua Azusa, Los Angeles, em 1906.
A nova doutrina trouxe muita divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em duas assembleias distintas, conforme relatam as atas das sessões, os adeptos do pentecostalismo foram desligados e, em 18 de junho de 1911, juntamente com os missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de Missão de Fé Apostólica, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo administrativo com William Joseph Seymour. A partir de então, passaram a reunir-se na casa de Celina de Albuquerque. Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembleia de Deus, em virtude da fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas.
A Assembleia de Deus no Brasil expandiu-se pelo estado do Pará, alcançaram o Amazonas, propagou-se para o Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres da população. Chegaram ao Sudeste pelos idos de 1922, através de famílias de retirantes do Pará, que se portavam como instrumentos voluntários para estabelecer a nova denominação aonde quer que chegassem. Nesse ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, em 1924, para a então capital da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a conversão de Paulo Leivas Macalão, filho de um general, através de um folheto evangelístico. Foi ele o precursor do assim conhecido Ministério de Madureira, como veremos adiante.
A influência sueca teve forte peso na formação assembleiana brasileira, em razão da nacionalidade de seus fundadores, e graças à igreja pentecostal escandinava, principalmente a Igreja Filadélfia de Estocolmo, que, além de ter assumido nos anos seguintes o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg, enviou outros missionários para dar suporte aos novos membros em seu papel de fazer crescer a nova Igreja. Desde 1930, quando se realizou um concílio da igreja na cidade de Natal, a Assembleia de Deus no Brasil passou a ter autonomia interna, sendo administradas exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem contudo perder os vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembleias de Deus dos Estados Unidos através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da denominação.Vale lembrar da ajuda,metodista aos nossos irmãos suecos.

12  Conclusão













referências

- Livro Congregacional de Relatórios, página 3.362)

- AIGREJANOIMPÉRIOROMANO  Coleção História da Igreja - Vol.1
  Martin N. Dreher

- REFORMA Renovação da Igreja pelo Evangelho
  Joachim H. Fischer

- Livro da EETAD

- Bíblia de Estudo Pentecostal revista e corrigida

- Biblia Vida – Edição contemporânea
  ALMEIDA, João Ferreira de

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Igreja

- http://www.luteranos.com.br/lutero.html












MONOGRAFIA HISTORIA DA IGREJA
sumário













1  INTRODUÇÃO

2  A ORIGEM DA IGREJA PRIMITIVA

Para a formação da Igreja foi necessário primeiro de uma intervençaõ do proprio Cristo e depois viabilizada pelos apóstolos Dele. A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo “chamo ou convosco". Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializada. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo.
Que é a igreja? Que pessoas constituem esta "reunião"? Que é que Paulo pretende dizer quando chama a igreja de "corpo de Cristo"?
Para responder plenamente a essas perguntas, precisamos entender o contexto social e histórico da igreja do NT. A igreja  primitiva surgiu no cruzamento das culturas hebraicas e helenísticas.

2.1     Fundador da Igreja

O apóstolo Paulo informa: “vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob à lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.” Gl 4.4,5. De fato, como já mostramos nos Textos anteriores, o Cristianismo foi favorecido pela região e pelo tempo em que surgiu. Originou-se no mundo mediterrâneo o maior e mais importante centro de civilização de então. Herdeiro que era da longa história judaica e tendo o seu início nos anos de maior vigor do império Romano, o Cristianismo gozava de todos os benefícios que o império oferecia aos seus cidadãos.

2.2     O Primeiro Período de expansão do Cristianismo

                            O Primeiro Período de expansão do Cristianismo coincidiu com a transformação política, social e religiosa do mundo que ficava às margens do mar mediterrâneo. Líberos das antigas ancoragens, os homens buscavam segurança em meio a uma agitação religiosa que despertava nos seus espíritos. Com o transcorrer dos séculos, e a descendência das antigas civilizações, e até do Império Romano, os homens se esforçaram por alcançar salvação por diferentes meios. Então vieram a achá-la em Cristo. Nunca antes, na história humana, as condições se mostraram tão favoráveis ao surgimento de um movimento de libertação espiritual para a humanidade. “Foi assim que Cristo apareceu na plenitude do tempo” estabelecendo a Si mesmo a pedra de fundamento da Igreja.

2.3     Fundada a Igreja

                            Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu instruções finais aos discípulos e ascendeu ao céu. Os discípulos voltaram a Jerusalém e se recolheram durante alguns dias para jejum e oração, aguardando o ES, o qual Jesus disse que viria. Cerca de 120 pessoas, seguidores de Jesus o aguardavam.
                            Cinqüenta dias após a Páscoa, no dia de Pentecoste, um som como um vento impetuoso encheu a casa onde o grupo se reunia. Línguas de fogo pousaram sobre cada um deles e começaram a falar em línguas diferentes da sua conforme o Espírito Santo os capacitava. Os visitantes estrangeiros ficaram surpresos ao ouvir os discípulos falando em suas próprias línguas. Alguns zombaram, dizendo que deviam estar embriagados. Mas Pedro fez calar a multidão e explicou que estavam dando testemunho do derramamento do Espírito Santo predito pelos profetas do Antigo Testamento (At 2.16-21; Jl 2.28-32). Alguns dos observadores estrangeiros perguntaram o que deviam fazer para receber o Espírito Santo. Pedro disse:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”.
                                                        Apóstolo Pedro (At 2.38).
                            Cerca de três mil pessoas aceitaram a Cristo como seu Salvador naquele dia. Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da igreja. Muitos judeus acreditavam que os seguidores de Jesus eram apenas outra seita do judaísmo. Suspeitavam que os cristãos estivessem tentando começar uma nova "religião de mistério" em torno  de Jesus de Nazaré. É verdade que muitos dos cristãos primitivos continuaram a cultuar no templo e alguns insistiam em que os convertidos gentios deviam ser circuncidados. Mas os dirigentes judeus logo perceberam que os cristãos eram mais do que uma seita. Jesus havia dito aos judeus que Deus faria uma Nova Aliança com aqueles que lhe fossem fiéis;  ele havia selado esta aliança com seu próprio sangue. De modo que os cristãos primitivos proclamavam com ousadia haverem herdados os privilégios  que Israel conhecera outrora. Não era simplesmente uma parte de Israel - era o novo Israel.
"Os líderes judeus tinham um medo de arrepiar, porque este novo e estranho ensino não era um judaísmo estreito, mas fundia o privilégio de Israel na alta revelação de um só Pai de todos os homens."
         (Henry Melvill Gwatkin, Early Church History,  pag 18).
a)      A Comunidade de Jerusalem
     Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em Jerusalém após o dia de Pentecoste. Esperavam que Cristo voltasse muito em breve. Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais. Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual distribuía esses recursos entre o grupo. Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar, mas começaram a partilhar  a Ceia do Senhor em seus próprios lares. Esta refeição simbólica trazia-lhes à mente sua nova aliança com Deus, a qual Jesus havia feito sacrificando seu próprio corpo e sangue. Deus operava milagres de cura por intermédio desses primeiros cristãos. Pessoas enfermas reuniam-se no templo de sorte que os apóstolos pudessem tocá-las em seu caminho para a oração. Esses milagres convenceram muitos de que os cristãos estavam verdadeiramente servindo a Deus. As autoridades do templo, num esforço por suprimir o interesse das pessoas na nova religião, prenderam os apóstolos. Mas Deus enviou um anjo para libertá-los,  o que provocou mais excitação.
      A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tiveram de nomear sete homens para distribuir víveres às viúvas necessitadas. O dirigente desses homens era Estevão, "homem cheio de fé e do  Espírito Santo" (At 6.5).
      Aqui vemos o começo do governo eclesiástico. Os apóstolos tiveram de delegar alguns de seus deveres a outros dirigentes. À medida que o tempo passava, os ofícios da igreja foram dispostos numa estrutura um tanto complexa.

b)      O Assassínio de Estevão.
     Certo dia um grupo de judeus apoderou-se de Estevão e, acusando-o de blasfêmia, o levou à presença do conselho do sumo sacerdote. Estevão fez uma eloqüente defesa da fé cristã, explicando como Jesus cumpriu as antigas profecias referentes ao Messias que libertaria seu povo da escravidão do pecado. Ele denunciou os judeus como "traidores e assassinos" do filho de Deus. Erguendo os olhos para o céu, ele exclamou que via a Jesus em pé à destra de Deus. Isso enfureceu os judeus, que o levaram para fora da cidade e o apedrejaram. Esse fato deu início a uma onde de perseguição que levou muitos cristãos a abandonarem Jerusalém. Alguns desses cristãos estabeleceram-se entre os gentios de Samaria, onde fizeram muitos convertidos (At 8.5-8). Estabeleceram congregações em diversas cidades gentias, como Antioquia da Síria. A princípio os cristãos hesitavam em receber os gentios na igreja, porque eles viam a igreja como um cumprimento da profecia judaica. Não obstante, Cristo havia instruído seus seguidores a fazer "discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28.19).
         Assim, a conversão dos gentios foi "tão somente o cumprimento da comissão do Senhor, e o resultado natural de tudo o que havia acontecido..." Por conseguinte, o assassínio de Estevão deu início a uma era de rápida expansão da igreja.
(Gwatkin, Early Church History, p. 56).
c)      Atividades Missionárias
     Cristo havia estabelecido sua igreja na encruzilhada do mundo antigo. As rotas comerciais traziam mercadores e embaixadores através da Palestina, onde eles entravam em contato com o evangelho. Dessa maneira, no livro de Atos vemos a conversão de oficiais de Roma (At 10.1-48), da Etiópia (At 8.26-40), e de outras terras.
Logo depois da morte de Estevão, a igreja deu início a uma atividade sistemática para levar o evangelho a outras nações. Pedro visitou as principais cidades da Palestina.

2.4     A Extensão da Igreja

Entre o ano 10 d.C. E o reinado de Constantino, o Cristianismo alcançou considerável progresso. É certo que nem tudo nos tem sido dado conhecer a respeito do assunto, principalmente por ter sido esse período em que a Igreja sofreu grande perseguição. Além do mais, boa parte da expansão do Cristianismo durante esse período, teve lugar não só através da obra de missionários dedicados exclusivamente à tarefa da evangelização, como também através de testemunhos de comerciantes, soldados e escravos que por uma ou outra razão viajavam pelas mais diferentes regiões do império.

3  PAULO ENTRA EM CENA

O crescimento da igreja em Antioquia, capital da Síria, tornou-se notório chegando ao conhecimento dos líderes da igreja em Jerusalém. Para ver o que de fato acontecia em Antioquia, a igreja em Jerusalém enviou Barnabé. Então “tendo ele chegado e vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” At 11,23. Provavelmente, Barnabé continuou em Antioquia e dentro em pouco ele tinha mais trabalho a fazer do que de fato era capaz. Assim partiu para Tarso em busca de Saulo o que tivera uma experiência com Cristo e em Damasco teve os seus olhos abertos e a partir de então começa o seu árduo trabalho na execução dos planos de Deus e suas atividades missionárias. A partir deste incidente Saulo passa a se chamar Paulo. Barnabé encontrando Paulo o leva a Antioquia, onde durante um ano inteiro se reuniram com a igreja, e instruíram muita gente. Foi em Antioquia, o lugar onde os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos.
Pregando tanto a judeus como aos gentios. Outros foram para a Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Ouvindo que o evangelho era bem recebido nessas regiões, a igreja de Jerusalém enviou a Barnabé para incentivar os novos cristãos em Antioquia. Barnabé, a seguir, foi para Tarso em busca do jovem convertido Saulo (Paulo) e o levou para a Antioquia, onde ensinaram na igreja durante um ano.
Um profeta por nome Ágabo predisse que o Império Romano sofreria uma grande fome sob o governo do Imperador Cláudio. Herodes Agripa estava perseguindo a igreja em Jerusalém; Ele já havia executado a Tiago, irmão de João, e tinha lançado Pedro na prisão (At 12.1-4). Assim os cristãos de Antioquia coletaram dinheiro para enviar a seus amigos em Jerusalém, e despacharam Barnabé e Paulo com o socorro. Os dois voltaram de Jerusalém levando um jovem chamado João Marcos. Por esta ocasião, diversos evangelistas haviam surgido no seio da igreja de Antioquia, de modo que a congregação enviou Barnabé e Paulo numa viagem missionária à Ásia Menor (At 13-14). Esta foi a primeira de três grandes viagens missionárias que Paulo  fez para levar o evangelho aos recantos longínquos do Império Romano.
Os primeiros missionários cristãos concentraram seus ensinos na Pessoa e obra de Jesus Cristo. Declararam que ele era o servo impecável e Filho de Deus que havia dado sua vida para expiar os pecados de todas as pessoas que depositavam sua confiança nele (Rm 5.8-10). Ele era aquele a quem Deus ressuscitou dos mortos para derrotar o poder do pecado (Rm 4.24-25; 1Co 15.17).

3.1     Governo Eclesiástico

A princípio, os seguidores de Jesus não viram a necessidade de desenvolver um sistema de governo da Igreja. Esperavam que Cristo voltasse em breve, por isso tratavam os problemas internos à medida  que surgiam - geralmente de um modo muito informal.
Mas o tempo em que Paulo escreveu suas cartas às igrejas, os cristãos reconheciam a necessidade de organizar o seu trabalho. O Novo Testamento não nos dá um quadro pormenorizado deste governo da igreja primitiva. Evidentemente, um ou mais presbíteros presidiam os negócios de cada congregação, exatamente como os anciãos faziam nas sinagogas judaicas. Esses anciãos (ou presbíteros) eram escolhidos pelo Espírito Santo (At 20.28), mas os apóstolos os nomeavam. Por conseguinte, o Espírito Santo trabalhava por meio dos apóstolos ordenando líderes pra o ministério. Alguns  ministros chamados  evangelistas parecem ter viajado de uma congregação para outra, como faziam os apóstolos. Seu título significa "homens que manuseiam o evangelho". Alguns têm achado que eram todos representantes pessoais dos apóstolos, como Timóteo o foi de Paulo; outros supõem que obtiveram esse nome por manifestarem  um dom especial de evangelização. Os anciãos assumiam os deveres pastorais normais entre as visitas desses evangelistas. Algumas cartas do Novo Testamento referem-se a bispos na igreja primitiva. Isto é um bocado confuso, visto que esses "bispos" não formavam uma ordem superior da liderança eclesiástica como ocorre em algumas igrejas onde o título é usado hoje. Paulo lembrou aos presbíteros de Éfeso que eles eram bispos (At 20.28), e parece que ele usa os termos presbítero e bispo intercambiavelmente (Tt 1.5-9). Tanto os bispos como os presbíteros estavam encarregados de supervisar uma congregação. Evidentemente, ambos os termos se referem aos mesmos ministros  da igreja primitiva, a saber, os presbíteros. Paulo e os demais apóstolos reconheceram que o Espírito Santo concedia habilidades especiais de liderança a certas pessoas. Assim, quando conferiam um título oficial a um irmão ou irmã em Cristo, estavam confirmando o que o Espírito Santo já havia feito. A igreja primitiva não possuía um centro terrenal de poder. Os cristãos entendiam que Cristo era o centro de todos os seus poderes. O ministério significava servir em humildade, em vez de governar de uma posição elevada. Ao tempo em que Paulo escreveu suas epístolas pastorais, os cristãos reconheciam a importância de preservar  os ensinos de Cristo por intermédio de ministros que se devotavam a estudo especial, "que maneja bem a palavra da verdade"  (2Tm 2.15). A igreja primitiva não oferecia poderes mágicos, por meio de rituais ou de qualquer outro modo. Os cristãos convidavam os incrédulos para fazer parte de seu grupo, o corpo de Cristo,  que seria salvo como um todo. Os apóstolos e os evangelistas proclamavam que Cristo voltaria para o seu povo, a "noiva" de Cristo. Negavam que indivíduos pudessem obter poderes especiais de Cristo para seus próprios fins egoístas (At 8.9-24; 13.7-12).

3.2     Padrões de Adoração

Visto que os cristãos primitivos adoravam juntos, estabeleceram padrões de adoração que diferiam muito dos cultos da sinagoga. Não temos um quadro claro da adoração Cristã primitiva até 150 DC, quando Justino Mártir descreveu os cultos típicos de adoração. Sabemos que a igreja primitiva realizava seus serviços no domingo, o primeiro dia da semana. Chamavam-no de "o Dia do Senhor" porque foi o dia em que Cristo ressurgiu dos mortos. Os primeiros cristãos reuniam-se no templo em Jerusalém, nas sinagogas, ou nos lares (At 2.46; 13.14-16; 20.7-8). Alguns estudiosos crêem que a referência aos ensinos de Paulo na escola de Tirano (At 19.9) indica que os primitivos cristãos às vezes alugavam prédios de escola ou outras instalações. Não temos prova alguma de que os cristãos tenham construído instalações especiais para seus cultos de adoração durante mais de um século após o tempo de Cristo. Onde os cristãos eram perseguidos, reuniam-se em lugares secretos como as catacumbas (túmulos subterrâneos) de Roma.
Crêem os eruditos que os primeiros cristãos adoravam nas noites de domingo, e que seu culto girava em torno da Ceia do Senhor. Mas nalgum  ponto os cristãos começavam a manter dois cultos de adoração no domingo, conforme descreve Justino Mártir - um bem cedo de manhã e outro ao entardecer. As horas eram escolhidas por questão de segredo e para atender às pessoas trabalhadoras que não podiam comparecer aos cultos de adoração durante o dia.

3.3     Ordem do Culto

Geralmente o culto matutino era uma ocasião de louvor, oração e pregação. O serviço improvisado de adoração dos cristãos no Dia de Pentecoste sugere um padrão de adoração que podia ter sido geralmente adotado. Primeiro Pedro leu as Escrituras, depois pregou um sermão que aplicou as Escrituras à situação presente dos adoradores (At 2.14-36). As pessoas que aceitavam a Cristo eram batizadas, seguindo o exemplo do próprio Senhor.  Os adoradores participavam dos cânticos, dos testemunhos ou de palavras de exortação (1Co 14.26).

3.4     A Ceia do Senhor

A ceia do Senhor foi uma das ordenanças do próprio Jesus. Os primitivos cristãos tomavam a refeição simbólica da Ceia do Senhor para  comemorar a Última Ceia, na qual Jesus e seus discípulos observaram a tradicional festa judaica da Páscoa. Os temas dos dois eventos eram os mesmo. Na Páscoa os judeus regozijavam-se porque Deus os havia libertado de seus inimigos e aguardavam com expectação o futuro como filhos de Deus. Na  Ceia do Senhor, os cristãos celebravam o modo como Jesus os havia libertado do pecado e expressavam sua esperança pelo dia quando Cristo voltaria   (1Co 11.26).  A princípio, a Ceia do Senhor era uma refeição completa que os cristãos partilhavam em suas casas. Cada convidado trazia um prato para a mesa comum. A refeição começava  com oração e com o comer de pedacinhos de um único pão que representava o corpo partido de Cristo. Encerrava-se a refeição com outra oração e a seguir participavam de uma taça de vinho, que representava o sangue vertido de Cristo.
Algumas pessoas conjeturavam que os cristãos estavam participando de um rito secreto quando observavam a Ceia do Senhor, e inventaram estranhas histórias a respeito desses cultos. O imperador Trajano proscreveu essas reuniões secretas por volta do ano 100 DC. Nesse tempo os cristãos começaram a observar a Ceia do Senhor durante o culto matutino de adoração, aberto ao público.

3.5     Batismo em Águas

O batismo era um acontecimento comum da adoração cristã no templo de Paulo  (Ef 4.5). Contudo, os cristãos não foram os primeiros a celebrar o batismo. Os judeus batizavam seus convertidos gentios; algumas seitas judaicas praticavam o batismo como símbolo de purificação, e João Batista fizeram dele uma importante parte de seu ministério. O NT não diz se Jesus batizava regularmente seus convertidos, mas numa ocasião, pelo menos, antes da prisão de João, ele foi encontrado batizando. Em todo o caso, os primitivos cristãos eram batizados em nome de Jesus, seguindo o seu próprio exemplo (Mc 1.10; Gl 3.27).
Parece que os primitivos cristãos interpretavam o significado do batismo de vários modos - como símbolo da morte de uma pessoa para o pecado (Rm 6.4; Gl 2.12), da purificação  de pecados (At 22.16; Ef 5.26), e da nova vida em Cristo (At 2.41; Rm 6.3). De quando em quando toda a família de um novo convertido era batizada (At 10.48; 16.33; 1Co 1.16), o que pode significar o desejo da pessoa de consagrar a Cristo tudo quanto tinha.

3.6     Calendário Eclesiástico


 O NT não apresenta evidência alguma de que a igreja primitiva observava quaisquer dias santos, a não ser sua adoração no primeiro dia da semana (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10). Os cristãos não observam o domingo como dia de descanso até ao quarto século de nossa era, quando o imperador Constantino designou-o como um dia santo para todo o Império Romano. Os primitivos cristãos não confundiam o domingo com o sábado judaico, e não faziam tentativa alguma para aplicar a ele a legislação referente ao sábado.
O historiador Eusébio diz-nos que os cristãos celebravam a Páscoa desde os tempos apostólicos; 1Co 5.6-8 talvez se refira a uma Páscoa cristã na mesma ocasião da Páscoa judaica. Por volta do ano 120 DC, a igreja de Roma mudou a celebração para o domingo após a Páscoa judaica enquanto a igreja Ortodoxa Oriental continuou a celebrá-la na Páscoa Judaica.

3.7     Conceito do NT sobre a Igreja

É interessante pesquisar vários conceitos de igreja no NT. A Bíblia refere-se aos primeiros cristãos como família e templo de Deus, como rebanho e noiva de Cristo, como sal, como fermento, como pescadores, como baluarte sustentador da verdade de Deus, de muitas outras maneiras. Pensava-se na igreja como uma comunidade mundial única de crentes, da qual cada congregação local era afloramento e amostra. Os primitivos escritores cristãos muitas vezes se referiam à igreja como o "corpo de Cristo" e o "novo Israel".  Esses dois conceitos revelam muito da compreensão que os primitivos cristãos tinham da sua missão no mundo.

3.8     O Corpo de Cristo

Paulo descreve a igreja como "um só corpo em Cristo" (Rm 12.5) e "seu corpo" (Ef 1.23). Em outras palavras, a igreja encerra numa comunhão única de vida divina todos os que são unidos a Cristo pelo Espírito Santo mediante a fé. Esses participam da ressurreição  (Rm 6.8), e são a um tempo chamados e capacitados  para continuar seu ministério de servir e sofrer para abençoar a outros (1Co 12.14-26). Estão ligados numa comunidade que personifica o reino de Deus no mundo.
Pelo fato de estarem ligados a outros cristãos, essas pessoas entendiam que o que faziam com seus próprios corpos e capacidades eram muito importantes (Rm 12.1; 1Co 6.13-19; 2Co 5.10). Entendiam que as várias raças e classes tornam-se uma em Cristo (1Co 12.3; Ef  2.14-22), e deviam aceitar-se e amarem-se uns aos outros de um modo que revelasse tal realidade.
Descrevendo a igreja com o corpo de Cristo, os primeiros cristãos acentuaram que Cristo era o cabeça da igreja (Ef 5.23). Ele orientava as ações da igreja e merecia todo o louvor que ela recebia. Todo o poder da igreja para adorar e servir era dom de Cristo.

3.9     O Novo Israel

Depois dos altos e baixos, a nação Israelita toma um novo rumo. Os primitivos cristãos identificavam-se com Israel, povo escolhido de Deus. Acreditavam que a vinda e o ministério  de Jesus cumpriram a promessa de Deus aos patriarcas e sustentavam que Deus havia estabelecido uma Nova Aliança com os seguidores de Jesus.
Deus os sustentava, havia estabelecido seu novo Israel na base da salvação pessoal, e não  em linhagem de família. Sua igreja era uma nação espiritual que transcendia a todas as heranças culturais e nacionais. Quem quer que depositasse fé na nova aliança de Deus, rendesse a vida a Cristo, tornava-se descendente espiritual de Abraão e, como tal, passava a fazer parte do "novo Israel" (Mt 8.11).

3.10 Características Comuns

Algumas qualidades comuns emergem das muitas imagens da igreja que encontramos no NT. Todas elas mostram que a igreja existe porque Deus trouxe à existência. Cristo comissionou seus seguidores a levar avante a sua obra, e essa é a razão da existência da igreja.
As várias imagens que o NT apresenta da igreja acentuam que o Espírito Santo a dota de poder e determina a sua direção. Os membros da igreja participam de uma tarefa comum e de um destino comum sob a orientação do Espírito.
A igreja é uma entidade viva e ativa. Ela participa dos negócios deste mundo; demonstra o modo de vida que Deus tenciona para todas as pessoas, e proclamam a Palavra de Deus para a era presente. A unidade e a pureza espirituais da igreja estão em nítido contraste com a inimizade e a corrupção do mundo. É responsabilidade da igreja em todas as congregações particulares mediante as quais ela se torna visíveis, praticar a unidade, o amor e  cuidado de um modo que mostre que Cristo vive verdadeiramente naqueles que são membros do seu corpo, de sorte que a vida deles é a vida de Cristo neles.

4  MEIOS DE CRESCIMENTO DA IGREJA

Apesar dos grandes ataques de diversas situações ângulos e situações um dos meios de crescimento da Igreja nessa época foram os diversos escritores literários do Cristianismo, que eram chamados “apologistas”. Aliás, isto afirma que, entre os elementos de projeção na sociedade, a Igreja vinha conquistando alguns intelectuais. Dentre os apologistas de maior expressão nessa época podemos destacar os nomes de Justino, Orígenes e Tertuliano.
Justino escreveu vários livros, através dos quais explicou a verdade cristã como meio e resposta às indagações pagãs. Ele foi, pois, considerado um dos pioneiros do Cristianismo da metade do primeiro milênio da história.
Tertuliano era advogado cartaginês. Era dotado de qualidades extraordinárias, de pensamento agudo, de linguagem vigorosa e elegante. Alimentava profundo interesse e zelo por Cristo e seus ensinos, o que dera-lhe forte influência sobre os opositores do Cristianismo em sua época.
Origens contribuiu efetivamente para a expansão do Cristianismo, o tornado conhecido através dos bons livros que escreveu expondo as verdades evangélicas.

4.1     Os Pais da Igreja

Deus na sua soberana graça e misericórdia tem cuidado de sua Igreja, nunca a desampara e o seu cuidado com ela chega a ser extremo. Nos primeiros quatro séculos da Igreja, santos homens destacaram-se pela piedade e devoção à Cristo, qualidades essas que se revelavam de maneira especial em meio às tribulações e perseguições. Esses homens foram chamados de “Pais da Igreja”, pela vivência mais direta com coisas da Igreja, e pelo relacionamento que mantiveram com alguns discípulos e apóstolos que conheceram e gozaram da companhia de Jesus Cristo. Entre os mais ilustres Pais da Igreja destacamos alguns. Inácio, Policarpo, Papias, Justino, Irineu, Tertuliano, Orígenes, Eusébio, Jerônimo, João Crisóstomo e Agostinho.

4.2     As Heresias

Dado ao crescimento da Igreja como não é diferente em nossos dias, também aconteceu naquela época nos primórdios da Igreja. Os apologistas tinham a função inversa dos heréticos, estes invertiam o entendimento e palavras verdadeiras, distorcendo a herdade e às vezes trocando a verdade. Estes seguimentos sempre aparecem vestidos de roupagem e personagens capazes de impressionar em alguns momentos até mesmo os defensores da fé viva em Jesus.


4.3     O Gnosticismo

Gnosticismo é o nome comum aplicado a várias escolas de pensamento que surgiram nos primeiros séculos da era cristã. No que tange a gnose cristã, isto se refere à tentativa de incluir o Cristianismo num sistema geral filosófico-religioso. Os elementos mais marcantes neste sistema eram certas especulações místicas e cosmológicas, além da doutrina da salvação salientando o livramento do espírito de sua servidão à matéria. Como religião, o gnosticismo tinha seus próprios mistérios e cerimônias sacramentais, além duma ética que pregava o ascetismo ou a libertinagem.

4.4     O Marcionismo

Marcião era homem rico, filho do bispo de Sinope do Ponto, na Ásia Menor. Ali ele conheceu a fé cristã. Mas, ao mesmo tempo, Marcião parece ter sentido duas fortes antipatias: contra o mundo e contra o judaísmo. Ele acreditava num deus deste mundo, contrastando com o Deus de misericórdia revelado em Jesus Cristo, idéia esta adotada por força da sua angustia diante do problema do sofrimento e de todo mal. Depois, influenciado por Cerdo, gnóstico de Roma, Marcião teria mudado de posição, adotando a idéia de um Deus-Criador, o Deus do Antigo Testamento, não mais totalmente mau, mas fraco.

4.5     O Arianismo

Como se não bastasse a luta do Cristianismo contra o gnosticismo e outros movimentos heréticos, surgiu uma das mais duras pelejas teológicas de toda história da Igreja. Esta luta teve início em forma de freqüentes choques doutrinários, principalmente quanto à divindade de Jesus Cristo, entre o presbítero Ário e seu bispo Alexandre, em Alexandria, pelos idos do ano 320.

4.6     Constantino

Era filho de um oficial grego, Constâncio Cloro, que no ano 305 foi nomeado Augusto, em vez de Galério, e de uma mulher que se tornou santa, Helena. Ao morrer Constâncio Cloro em 306, Constantino é aclamado imperador pelas tropas locais, em meio a uma difícil situação política, agravada pelas tensões com o antigo imperador Maximiano e seu filho Magêncio. Constantino derrotou primeiro Maximiano em 310 e logo depois Magêncio, na batalha de Ponte Mívio, em 28 de outubro de 312. Uma tradição afirma que Constantino antes dessa batalha teve uma visão. Olhando o sol, que era venerado pelos pagãos, viu uma cruz e ordenou a seus soldados que pusessem nos escudos o monograma de Cristo as duas primeiras letras do nome grego sobrepostas. Embora continuasse praticando ritos pagãos, desde essa vitória mostrou-se favorável aos cristãos. Sendo Licínio o Imperador no oriente, promulgou o chamado “edito de Milão” (ver pergunta seguinte) favorecendo a liberdade de culto. Mais tarde os dois imperadores se enfrentaram e no ano 324 Constantino derrotou Licínio e se converteu no único Augusto do império.
Constantino levou a cabo numerosas reformas de tipo administrativo, militar e econômico, porém destacou-se mais nas disposições político-religiosas, sobretudo nas que encaminhariam a cristianização do império. Promoveu estruturas adequadas para conservar a unidade da Igreja, preservar a unidade do estado e legitimar sua configuração monárquica, sem excluir outras motivações religiosas de tipo pessoal. Ao lado dessas disposições administrativas eclesiásticas, tomou medidas contra heresias e cismas. Para defender a unidade da Igreja, lutou contra o cisma causado pelos donatistas no norte da África e convocou o Concílio de Nicéia (ver pergunta: O que aconteceu no Concílio de Nicéia?) para resolver a controvérsia trinitária originada por Ário. Em 330 mudou a capital do império de Roma para Bizâncio, que chamou Constantinopla, o que supôs uma ruptura com a tradição, apesar de querer enfatizar o aspecto de capital cristã. Como então ocorria com freqüência, somente foi batizado pouco antes de morrer. Quem o batizou foi Eusébio de Nicomédia bispo de tendência ariana.
Entre as falhas de seu mandato, comuns no tempo em que viveu não se podem negar, por exemplo, as referentes ao seu caráter caprichoso e violento; nem se pode negar também que tenha dado liberdade à Igreja e favorecido a sua unidade. Mas não é historicamente certo que, para consegui-lo, Constantino determinasse entre outras coisas o número de livros que devia ter a Bíblia. Nesse extenso processo que terminou muito mais tarde, os quatro evangelhos eram desde há muito tempo os únicos que a Igreja reconhecia como verdadeiros. Os outros “evangelhos” não foram suprimidos por Constantino, pois já tinham sido proscritos como heréticos, dezenas de anos antes.

5  A IGREJA NOS DIAS DE CONSTANTINO

Por crer que o Deus dos cristãos foi seu aliado na luta contra o imperador maxência, após o que viria a se tornar senhor soberano sobre o império, Constantino beneficiou os cristãos, transformando o Cristianismo em religião oficial do Estado.


5.1     A Expansão da Igreja

Sem duvida, a igreja cresceu com grande rapidez sob proteção de Constantino. Mais que isto: tão logo Constantino constituiu a si mesmo patrono do Cristianismo, passou a fazer ofertas vultosas para construção de templos, sustendo de ministros religiosos, inclusive isentando de impostos. Apesar de nada entender de teologia, influía decisivamente nos assuntos administrativos e doutrinários da igreja.Nessa época muitos templos e ídolos pagãos foram destruídos,e pelos idos do ano 400, o culto pagão já existia.
Dir-se-ia que para o Cristianismo isto representava retumbante vitória. Entretanto, não era uma vitória real, considerando que a igreja cristã estava cheia de pessoas que não possuíam o mínimo de conhecimento de Cristo, nem havia experimentando o novo nascimento bíblico ponto de partida da verdadeira vida cristã.

5.2     A Vida da Igreja

A nova posição assumida pela igreja, dependendo do Império, de modo algum beneficiava a sua vida. A entrada de milhares de pessoas não-salvas em suas fileiras, foi um impedimento á manutenção da vida verdadeiramente cristã, preparo e desenvolvimento de nossos discípulos de Cristo.
Como já dissemos a maioria dos que faziam parte da Igreja, era formada por gente pagã e de vida por demais tortuosa. Não demorou pra que houvesse violenta queda moral da Igreja. Para certos atos julgados imorais, havia severas penas, enquanto que para ofensas menores, havia penitências, tais como: confissões públicas, jejuns e orações. Para faltas mais graves, havia excomunhão.
Por esse tempo, mesmo em meio ao grande declínio moral e espiritual da igreja professa, muitos cristãos sinceros tornaram-se sedentos por uma vida mais elevada, mais profunda, mais santa e piedosa do que eles viam ao seu redor. Disso surgiu uma forma de vida que estava destinada a se tornar uma das mais poderosas forças na história do Cristianismo - o monarquismo. Muitos homens tornaram-se monges, com o expresso desejo de salvação. Como nos primeiros séculos do cristianismo o mundo era de formação religiosa eminentemente pagã, a própria Igreja muitas vezes mostrou pouca força na luta contra o paganismo. Por isso, nessa época, os males que ela não podia evitar, impetravam sobre eles a sua benção e os fazia parte da vida dos seus membros.           Assim, os que desejavam uma vida santa de mo a agradar a Deus, acharam que a única maneira de alcançar esse nível de vida era afastando-se da sociedade má e da igreja como comunidade. O aspecto de vida cristã congregacional aos poucos se deteriorava.
No século VI foi organizada por Bento de Núrsia, na Itália, a famosa “Ordem dos Beneditos”. Em pouco tempo ela tornou-se praticamente a lei geral da vida monástica em todo o Ocidente. Do monge era exigido: abandono de propriedade, abstinência, ou seja, afastamento de certo alimentos, obediência aos superiores, silêncio, meditação, renúncia, humildade e fé.

5.3     O Declínio da Igreja

       Os bispos tornaram-se chefes da igreja: prevalecendo entre eles a ambição de poder. Meios ilícitos, os mais vergonhosos, eram empregados neste sentido.
         Diz o historiador Gibbons: ”Enquanto que um dos candidatos ao bispado ostentava as honras de sua família, um segundo atraia os juizes pelas delicias de uma mesa farta, e um terceiro mais criminoso que os seus rivais, propunham repartir os saques entre os cúmplices de suas aspirações sacrílegas.”.

O oficio do bispo, que até então tinha sido um oficio assinalado pela humildade e trabalho transformou-se num poço de esplendor profano, de arrogância, de opressão e suborno. A Igreja perdera, em suma. A sua humildade. Tornara-se rica, poderosa, respeitável, mas corrupta.
       Aqueles que haviam se tornados os lideres da Igreja, tornaram-se ditadores segundo o espírito do Império. Em suma: o reinado de Cristo fora rejeitado! Em seu lugar surgira uma trindade de reinados-reinado do céu, reinado de Roma e reinado da Igreja! Evidentemente, o cristianismo puro, simples e maravilhoso de Jesus, o nazareno, fora conspurcado! A Igreja do Cristo vivo perdera a sua dignidade! Estava em decadência!
Enormes foram as transformações pelas quais passou a Igreja cristã, a maioria das quais fruto da ação do próprio imperador. No entanto, nem todas as transformações foram vantajosas. Se for verdade que as perseguições cessaram e o crescimento numérico da cristandade aumentou rapidamente sob proteção imperial, não menos verdade é que discussões doutrinárias, que em épocas anteriores teriam sido tratadas como tais, agora assumiram foros de problemas políticos de grande magnitude, e o imperador assumira, em questões eclesiásticas, tal parcela de autoridade, que ameaçava o futuro da igreja.

5.4     A Supremacia de Constantinopla

Certa feita Constantino encomendou a produção de 50 bíblias para a igreja de Constantinopla, a antiga Bizâncio que, depois de reconstruída, passou a ser a Nova Roma, como pensou a ser a nova capital do império. Foi denominada pelo povo, “Constantinopla”, em vez de Nova Roma, como pensou em chamá-la pelo próprio Constantino. Tal encomenda foi preparada com o mais fino zelo, por mãos competentes do imperador, fez uso de suas carruagens públicas para o transporte destas bíblias.

5.5     Favores ao Cristianismo

Constantino também deixou leis fazendo do domingo o dia de reunião dos cristãos, o dia semanal de descanso, proibindo nele todo trabalho, e permitindo que os soldados cristãos assistissem aos cultos nas igrejas.
Quando Constantinopla adotou o Cristianismo como religião oficial do Império, existiam somente cerca de seis milhões de cristãos em todo império. Porém, agora que o Cristianismo fora apoiado e aprovado como religião oficial, e imposto à espada, grande parte do mundo de então passou por um batismo de sangue. Desse modo indigno o pseudo-cristianismo foi reconhecido por toda parte como religião dominante no Ocidente.
Lamentavelmente, a igreja oficializada pelo Império Romano, não mais era a Igreja de Jesus Cristo e de seus apóstolos.
Ao morrer Constantino em 22 de maio do ano de 337, a fé proclamada por ocasião do concílio de Nicéia, parecia se não oficialmente renegada, praticamente minada.
Apesar de feito do Cristianismo a sua bandeira de guerra, nunca se fixou batizar, o que só aconteceu no momento de sua morte, ato celebrado por Eusébio de Nicomédia. Achou ele mais seguro morrer nos braços da Igreja; assim seria, a seus olhos, absolvido dos muitos erros praticados em vida.
Com a morte de Constantino, a quem certo historiador chamou de “o grande cristão de alma pagã”, a igreja ficou ferida moralmente, só não morrendo porque a graça de Deus veio-lhe em socorro.

5.6     Os Últimos Anos de Constantino

       Os últimos anos de Constantino não foram diferentes daqueles que ele passou na conquista do império, nem pelos transcorridos ao curso do seu governo. Isto é, foram assinalados por lutas, polêmicas, desentendimentos, invejas e constantes divergências.

5.7     Vitória e Derrota

Na verdade, a vitória de Constantino sobre o imperador Maxência, e depois sobre o Licínio, valendo-lhe a posição de imperador romano, foi uma vitória relativa; talvez tivesse sido uma derrota!

6  A FORMAÇÃO DO CÂNON

No ano de 391, a religião cristã foi transformada em religião oficial do Império Romano. A partir deste momento, a Igreja Católica começou a se organizar e ganhar força no continente europeu. Nem mesmo a invasão dos povos bárbaros (germânicos) no século V atrapalhou o crescimento do catolicismo.

6.1     A Influência da Igreja

Durante a Idade Média (século V ao XV) a Igreja Católica conquistou e manteve grande poder. Possuía muitos terrenos (poder econômico), influenciava nas decisões políticas dos reinos (poder político), interferia na elaboração das leis (poder jurídico) e estabelecia padrões de comportamento moral para a sociedade (poder social).
Como religião única e oficial, a Igreja Católica não permitia opiniões e posições contrárias aos seus dogmas (verdades incontestáveis). Aqueles que desrespeitavam ou questionavam as decisões da Igreja eram perseguidos e punidos. Na Idade Média, a Igreja Católica criou o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) no século XIII, para combater os hereges (contrários à religião católica). A Inquisição prendeu, torturou e mandou para a fogueira milhares de pessoas que não seguiam às ordens da Igreja.
Por outro lado, alguns integrantes da Igreja Católica foram extremamente importantes para a preservação da cultura. Os monges copistas dedicaram-se à copiar e guardar os conhecimentos das civilizações antigas, principalmente, dos sábios gregos. Graças aos monges, esta cultura se preservou, sendo retomada na época do Renascimento Cultural.
Enquanto parte do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais) preocupavam-se com as questões políticas e econômicas, muitos integrantes da Igreja Católica colocavam em prática os fundamentos do cristianismo. Os monges franciscanos, por exemplo, deixaram de lado a vida material para dedicarem-se aos pobres.
A cultura na Idade Média foi muito influenciada pela religião católica. As pinturas, esculturas e livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas traziam cenas bíblicas, pois era uma forma didática e visual de transmitir o evangelho para uma população quase toda formada por analfabetos. Neste contexto, o papa São Gregório papa entre os anos de 590 e 604 criou o canto gregoriano. Era uma outra forma de transmitir as informações e conhecimentos religiosos através de um instrumento simples e interessante: a música.

6.2     A Igreja Católica Hoje

Atualmente, a Igreja Católica é muito diferente do que era na Idade Média. Hoje, ela não tem mais todo aquele poder e não pratica atos de violência. Pelo contrário, posiciona-se em favor da paz, liberdade religiosa e do respeito aos direitos dos cidadãos. O papa, autoridade máxima da Igreja, pronuncia-se contra as guerras, terrorismo e atos violentos. Defende também a união das pessoas, principalmente dos países mais ricos, na luta contra a pobreza e a miséria.

7  A ERA PAPAL

Segundo a Igreja Católica Pedro Apóstolo Príncipe dos Apóstolos foi o primeiro Papa que  é o título dado ao chefe supremo da Igreja Católica, Bispo de Roma, e também chefe do Estado do Vaticano e Patriarca do Ocidente ou da Igreja Latina. O Papa é considerado pelos católicos o Sucessor de São Pedro, considerado o Vigário de Cristo e perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. Quando referido como cargo eclesiástico, surge como Sumo Pontífice, a autoridade suprema. O atual Papa, Bento XVI, foi eleito em 19 de abril de 2005. A eleição de um Papa é feita através de votação secreta desde 1274) dos cardeais com menos de 80 anos e reunidos num conclave. Em teoria, qualquer homem batizado pode ser eleito para Papa, embora nos últimos 800 anos somente tenham sido eleitos Cardeais. O cargo é vitalício e, até agora, apenas o Papa Celestino V dele resignou, retornando à vida monástica.
Católicos afirmam que São Pedro foi o fundador e bispo da Igreja de Roma a Santa Sé. Em todos os evangelhos do Novo Testamento, Pedro encabeça os apóstolos  como em Mt 10,1-4. Era ele quem falava em nome dos poóstols Mt 18,21, e preside muitas cenas notáveis. Em cada Evangelho, ele é o primeiro discípulo a ser chamado por Jesus:
"E eu te declaro: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra, será desligado nos céus". Essa é a passagem considerada pelos seguidores do catolicismo como a mais fundamental para o papado, pois pela interpretação católica Jesus Cristo concede o Primado ao Apóstolo Pedro, depois Bispo de Roma, e seus sucessores, como edificador e líder terreno de toda a Igreja.
                                                          Mt 16, 18-19


    "Tendo eles comido, Jesus perguntou à Simão Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes”?" Respondeu ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo." Disse-lhe Jesus: "Apascenta os meus cordeiros… Apascenta os meus cordeiros". Nesta passagem pela interpretação católica Jesus torna Pedro guardião do Seu rebanho inteiro (a Igreja) no seu próprio lugar, tornando-o Seu Vigário para cumprir a responsabilidade.
                                                                                        Jo 21:15-17

7.1     O Título Papa

O título de "Papa" foi, desde o início do século III uma designação honorífica utilizada tanto para o Bispo de Roma, quanto para os outros bispos do Ocidente. No Oriente era usado apenas para o bispo de Alexandria. A partir do século VI, o título era normalmente reservado apenas para o Bispo de Roma, desde então passou à ser utilizado somente por ele, tornando-se um de seus nomes oficiais no século XI.

8  AS INDULGÊNCIAS

8.1     O que são as Indulgências?

Antes de explicar o que são as indulgências, vamos mostrar que a Igreja ensina esta doutrina sem hesitação.
O Catecismo da Igreja afirma que:  “Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, seqüelas dos pecados.” O Papa Paulo VI (1963´1978), na Constituição Apostólica Doutrina das Indulgências (DI), ensina com clareza toda a verdade sobre esta matéria. Começa dizendo que:
         “A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, a qual vindo dos Apóstolos se desenvolve na Igreja sob a assistência do Espírito Santo”, enquanto “a Igreja no decorrer dos séculos, tende para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus”.

                            (Dei Verbum, 8) (DI 1)

Assim, fica claro que as indulgências têm base sólida na doutrina católica (Revelação e Tradição) e, como disse Paulo VI, “se desenvolve na Igreja sob a inspiração do Espírito Santo”.

8.2     As Origens das Indulgências

O uso das indulgências teve sua origem já nos primórdios da Igreja. Desde os primeiros tempos ela usou o seu poder de remir a pena temporal dos pecadores.
Sabemos que na Igreja antiga dos primeiros séculos, a absolvição dos pecados só era dada aos penitentes que se acusassem dos próprios pecados e se submetessem a uma pesada penitência pública; por exemplo, jejum de quarenta dias até o pôr do sol, trajando-se com sacos e usando o silício, autoflagelação, retirada para um convento, vagar pelos campos vivendo de esmolas, etc., além de ser privado da participação na Liturgia eucarística e na vida comunitária. Isto era devido ao “horror” que se tinha do pecado e do escândalo. Aquele que blasfemasse o nome de Deus, da Virgem Maria, ou dos santos, ficava na porta da igreja, sem poder entrar, sete domingos durante a missa paroquial, e, no último domingo ficava no mesmo lugar sem capa e descalço; e nas sete sextas feiras precedentes jejuava a pão e água, sem poder neste período entrar na igreja. Aquele que rogasse uma praga aos pais, devia jejuar quarenta dias a pão e água... Essas pesadas penitências, e outras, tinham o objetivo de extinguir no penitente os resquícios do pecado e as más inclinações que o pecado sempre deixa na alma do pecador, fazendo-o voltar a praticá-lo. Na fase das perseguições dos primeiros séculos, quando era grande o número de mártires, muitos cristãos ficavam presos e aguardando o dia da própria execução. Surgiu nesta época um belo costume: os penitentes recorriam à intercessão dos que aguardavam presos a morte. Um deles escrevia uma carta ao bispo pedindo a comutação da pesada penitência do pecador; eram as chamadas “cartas de paz”. Com este documento entregue ao bispo, o penitente era absolvida da pesada penitência pública que o confessor lhe impusera, e também da dívida para com Deus; a pena temporal que a penitência satisfazia. Assim, transferia-se para o pecador arrependido, o valor satisfatório dos sofrimentos do mártir. Desta forma começou o uso da indulgência na Igreja.
Muitas vezes os penitentes não tinham condições de saúde suficiente para cumprir essas penitências tão pesadas; e isto fez com que a Igreja, com o passar do tempo, em etapas sucessivas e graduais, fosse abrandando as penitências. Na idade média, a Igreja, com a certeza de que ela é a depositária dos méritos de Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos, o chamado “tesouro da Igreja”, começou a aplicar isto aos seus filhos pecadores. Inspirados pelo Espírito Santo, os Papas e Concílios, a partir do século IX, entenderam que podiam aplicar esses méritos em favor dos penitentes que deviam cumprir penitencias rigorosas. Assim, surgiram as “obras indulgenciadas”, que substituíam as pesadas penitencias. O jejum rigoroso foi substituído por orações; a longa peregrinação, por pernoitar em um santuário; as flagelações, por esmolas; etc. A partir daí, a remissão da pena temporal do pecado, obtida pela prática dessas “obras indulgenciadas”, tomou o nome de “indulgência”. Nos exemplos das pesadas penitências públicas citadas acima, elas eram substituídas, respectivamente, por uma indulgência de sete semanas e por uma indulgência de 40 dias; por isso as indulgências eram contadas em dias, semanas e meses, porque assim, eram também contadas as penitências públicas. Com a reza do Terço, por exemplo, em qualquer dia do mês de outubro, se ganhava a indulgência de sete anos. No século IX, os bispos já concediam indulgências gerais, isto é, a todos os fiéis, sem a necessidade da mediação de um sacerdote. Assim, os bispos estipularam que realizando certas obras determinadas, os fiéis poderiam obter, pelos méritos de Cristo, a remissão das penas devidas aos pecados já absolvidos. É preciso compreender que esta prática não se constituía em algo mecânico; não, o penitente, ao cumprir a obra indulgenciada devia trazer consigo as mesmas disposições interiores daquele que cumpria no passado as pesadas penitências, isto é, profundo amor a Deus e repúdio radical de todo pecado. Sem isto, não se ganharia a indulgência. Com o passar do tempo, e principalmente por causa da “questão das indulgências” no tempo de Martinho Lutero (explicado adiante), no século XVI, as indulgências foram ofuscadas e tornaram-se objeto de críticas. No entanto, após o Concílio Vaticano II (1962 a 1965), o Papa Paulo VI reafirmou todo o seu valor, na Constituição Apostólica Indulgentiarum Doutrina, onde quis claramente mostrar o sentido profundo e teológico das indulgências; incitando os católicos ao espírito de contrição e penitência que deve movê-lo. assim queria claramente mostrar o sentido profundo e teológico das indulgências; incitando os católicos ao espírito de contrição e penitência que deve movê-los ao realizar as obras indulgenciadas, removendo toda a aparência de mecanicismo espiritual que no passado aconteceu.

9  A EXISTÊNCIA DO PURGaTÓRIO

O purgatório foi mais um dos pontos onde a Igreja falhou o que mais tarde viria a ser confrontado por Martinho Lutero. Falaremos mais tarde sobre este. O purgatório segundo a Igreja Católica Romana é um lugar de sofrimentos em que as almas se purificam, solvendo suas dívidas, antes de serem admitidas no céu, onde só entrará quem for puro. Sua existência se baseia no testemunho da Sagrada Escritura e da Tradição. Vários Concilios o definiram como dogma; Santos Padres e Doutores da Igreja o atestam a uma voz. Argumentam que há base bíblica:
         Há uma prisão da qual não se sairá senão quando tiver pago o último centavo. Mat. (18, 23-35). 18 Eu vos garanto: Tudo que ligardes na terra, será ligado no céu; e tudo que desligardes na terra, será desligado no céu. 19 Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedir qualquer coisa, hão de consegui-lo do meu Pai que está nos céus.
                                                                       Mt 18, 23-35
Para ser mais preciso o purgatório é o estado no qual os fiéis são purificados depois da morte, antes de entrar no céu. Desde que a nossa preocupação é com a doutrina bíblica, observamos que a palavra "purgatório" não se encontra nas Escrituras.

10  A IGREJA DA IDADE MÉDIA

10.1 As Riquezas da Igreja

Desde o imperador Constantino o clero vinha isento do pagamento de impostos. Com estas práticas o governo teve que tomar medidas para preservar a entrada de impostos, determinando que somente fossem ordenados para o sacerdócio somente aqueles que não dispunham de muitas posses ou apenas poucas posses. O controle dos bens da igreja ficava na posse dos bispos. Uma disposição do papa Simplício determinou a divisão da renda da Igreja em quatro partes: uma para o bispo, uma para os demais clérigos, outra para manutenção do culto e dos edifícios, e a última para os pobres. A Igreja Católica hoje está classificada como uma entre os maiores latifundiários.

10.2 Movimentos de Protestos

Uma das principais causas do fracasso da Igreja daquela época foi o descuido por parte dos seus líderes para com o povo que a compunha. Os párocos acomodados se davam por satisfeitos com o que prescrevia o rito latino, o que o povo e às vezes nem eles mesmos entendiam.

10.3 A Reforma

No início do século XVI, a Igreja atravessava uma das fases mais difíceis da sua história. Ela já não era aquela Igreja pequena, simples e pura dos primórdios. Ela cresceu. Surgiram concomitantemente problemas profundos e prolongados. Sacerdotes inescrupulosos fizeram sua, aquela que até então era tida como a causa do Senhor.
Muitos homens santos, verdadeiros apóstolos da verdade, como João Wycliffe e João Huss, que apareceram na sua trajetória de quinze séculos, por ordem dos líderes eclesiásticos foram perseguidos, encarcerados, despojados dos seus direitos e mortos. Mas a morte desses não foi em vão, os livros que escreveram as mensagens que proferiram e o sangue derramado, Deus os fez sementes que semeadas em terra fértil, a seu tempo nasceram e frutificaram. O sol da realidade do Evangelho precisava nascer. Enquanto isso, nos campos ressequidos pelo desespero e ignorância espiritual, a esperança reverdecia: um novo tempo viria sobre o mundo.
O despertar da natureza humana se processou de forma tão extraordinária que foi necessária uma nova palavra: “Renascimento”. O movimento Renascentista surgiu no século XIV, assumira toda a sua pujança no final do século XV. Todas as faculdades da natureza humana foram dimensionadas e todas as atividades humanas apresentaram progresso gigantesco. Essa foi uma época de grandes conquistas.
Grandes descobertas e inventos tiveram lugar nessa época: Cristóvão Colombo descobriu a América; Pedro Álvares de Cabral descobriu o Brasil; o tamanho exato da terra foi determinado; a descoberta do sistema solar de Copérnico revolucionou as idéias humanas a respeito do universo. Também nessa época foi inventada a imprensa com tipos de móveis por Gutenberg. Graças a seus recursos, as idéias se espalhavam mais rapidamente. A mente humana foi ainda despertada e fortalecida para futuros empreendimentos, o maior dos quais veio a ser a Reforma Protestante.

10.4 Refutação Bíblica da Doutrina do Purgatório

Na epístola aos Hebreus encontramos um texto onde a bíblia declara de uma vez por todas que ao homem está ordenado a morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo, Hb 9,27. Aqui vemos categoricamente a defesa que a própria bíblia faz em relação a este assunto. Jesus contou a história de duas pessoas que morreram uma (Lázaro), foi para o paraíso e a outra (o rico), foi para o hades e o rico pediu para que Lázaro pudesse vir à terra para avisar seus irmãos do perigo de ir para aquele mesmo lugar. A resposta foi simples: na terra há quem anuncia a verdade sobre a vida eterna e qual lugar escolher ainda em vida para gozar a vida eterna. Creio que depois da morte vale o que fizemos ainda com vida, pois acredito que esta vida é a base para a vida eterna que enfrentaremos mais cedo ou mais tarde.  Se fizermos o bem receberemos o lugar merecido pelo bem que praticamos, porém se houver opção pelo mal se receberá pelo mal que se praticou.

10.5 Martinho Lutero

Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483 em Eisleben, Alemanha. Preocupado com a salvação, o jovem Martinho Lutero decidiu tornar-se monge. Durante seu estudo, sempre o acompanhava a pergunta: "Como posso conseguir o amor e o perdão de Deus?" Lutero foi descobrindo ao longo dos seus estudos que para ganhar o perdão de Deus ninguém precisava castigar-se ou fazer boas obras, mas somente ter fé em Deus. Com isso, ele não estava inventando uma doutrina, mas retomando pensamentos bíblicos importantes que estavam à margem da vida da igreja naquele momento.Há 490 anos, mais especificamente no dia 31 de outubro de 1519, Martinho Lutero fixou suas famosas teses sem um total de 95 contra a venda de indulgências, na porta da Igreja Católica do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, contrariando os interesses teológicos e, principalmente, econômicos da Igreja Católica. O impacto foi tamanho, que se comemora nessa data o início da Reforma Protestante.

10.6 Peregrinação Espiritual

Em 1505, antes de completar 22 anos, ingressou - contra a vontade de seu pai, que sonhava com a carreira de advogado para ele - no mosteiro Agostinho de Erfurt. Dos motivos que o levaram a tal passo, esse acontecimento foi decisivo: duas semanas antes, quando sobremaneira o temor da morte e do inferno o afligia, prometeu a santa Ana caso se salvasse se tornaria um monge. Portanto, a razão principal, foi o seu interesse pela própria salvação.
Ingressou no mosteiro como filho fiel da Igreja no propósito de utilizar os meios de salvação que ela lhe oferecia e dos quais o mais seguro lhe parecia o monástico. Acreditava que, sendo um sacerdote, as boas obras e a confissão seriam as respostas para suas necessidades, almejadas desde a infância. Mas não bastava.
Embora tentasse ser um monge perfeito - repentinamente castigava seu corpo, a conselho de seu superior - tinha consciência de sua pecaminosidade e cada vez, por isso, tratava de sobrepor-se a ela. Porém, quanto mais lutava contra esse sentimento, mais se apercebia de que o pecado era muito mais poderoso do que ele.
Frente a essa situação desesperadora, o seu conselheiro espiritual recomendou que lesse as obras dos místicos, mas não adiantou; então, foi proposto que se preparasse para dirigir cursos sobre as Escrituras na Universidade de Wittenberg.

10.7 Olhos Abertos Após Uma Grande Descoberta

Ao ser designado para preparar  conferências Martinho Lutero foi obrigado a se utilizar da bíblia, com esta leitura ele começou a ver nela uma possível resposta para suas angústias.
Em 1513, começou a dar aulas sobre Salmos, os quais interpretavam cristologicamente. Neles, era Cristo quem falava. E assim, viu Cristo passando pelas angústias semelhantes às que passava. Esse foi o princípio de sua grande descoberta, que aconteceu provavelmente em 1515, quando começou a dar conferências sobre a Epístola aos Romanos. Lutero confessou que encontrou resposta para as suas dificuldades, no primeiro capítulo dessa Epístola. Essa resposta, no entanto, não veio facilmente. Não ocorreu de um dia para outro. A grande descoberta foi precedida por uma grande luta e uma amarga angústia. O texto básico é Romanos 1.17, no qual é dito que o Evangelho é a revelação da justiça de Deus, e era precisamente essa justiça que Lutero não podia tolerar e dizia que odiava a frase "justiça de Deus". Nela, esteve meditando dia e noite para compreender a relação entre as duas partes do versículo que diz "a justiça de Deus se revela no evangelho", e conclui dizendo que "o justo viverá pela fé".
Lutero não foi como alguns pensam o fundador de uma nova religião, o protestantismo. A Reforma Protestante, da qual foi impulsionador, foi além do movimento da libertação nacional, que resultou na formação de igrejas nacionais entre os anos de1517 a 1563. Foi, sem dúvida, o grande precursor da liberdade religiosa atual e quem mais contribuiu para um retorno do cristianismo às Escrituras.
Lutero decidiu tornar públicas essas idéias e elaborou as teses, reunindo o mais importante de sua descoberta teológica, e fixou-as na porta da igreja do castelo de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517. Ele pretendia abrir um debate para uma avaliação interna da Igreja, pois acreditava que a Igreja precisava ser renovada a partir do Evangelho de Jesus Cristo.
Em pouco tempo toda a Alemanha tomou conhecimento do conteúdo dessas teses e elas espalharam-se também pelo resto da Europa. Embora tivesse sido pressionado de muitas formas - excomungado e cassado - para abandonar suas idéias e os seus escritos, Lutero manteve suas convicções. Suas idéias atingiram rapidamente o povo e essa divulgação foi facilitada pelo recém inventado sistema de impressão de textos em série.
O Movimento da Reforma espalhou-se pela Europa. Em 1530 os líderes protestantes escreveram a "Confissão de Augsburgo", resumindo os elementos doutrinários fundamentais do luteranismo.

10.8 Sítese sobre Martinho Lutero e Sua Vida

Sentenciado por ordem papal a morrer queimado, João Huss, um dos mais famosos precursores da reforma, no momento da sua execução, disse em alto e bom som:
         “Podem matar o ganso, mas daqui a cem anos surgirá um cisne que não poderão queimar”.
                                                                                                 João Huss

Cem anos depois de ditas estas palavras, isto é, a 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Saxônia, na Suíça, nascia Martinho Lutero.
Lutero teve um preparo religioso com base na piedade simples da família alemã da Idade Média, misturado de realismo e superstições características da era medieval. Na sua infância, foi profundamente religioso, mas sem exageros, revelando alegria de viver.
       O grande desejo do seu pai era vê-lo formado em direito e, para tanto, com a idade de apenas dezoito anos, ingressou na mais famosa Universidade alemã a de Erfurt. Levou quatro anos de estudos preliminares. Durante esse tempo, destacou-se como moço estudioso, orador capaz, hábil polemista, amante da música e admirado pelos colegas. Quando de repente para surpresa de todos tornou-se monge. Sua doutrina, salvação pela fé, foi considerada desafiadora pelo clero católico, pois abordava assuntos considerados até então pertencentes somente ao papado. Contudo, esta foi plenamente espalhada, e suas inúmeras formas de divulgação não caíram no esquecimento, ao contrário, suas idéias foram levadas adiante e a partir do século XVI, foram criadas as primeiras igrejas luteranas.
Apesar do resultado, inicialmente o reformador não teve a pretensão de dividir o povo cristão, mas devido à proporção que suas 95 teses adquiriram, este fato foi inevitável. Para que todos tivessem acesso às escrituras que, até então, encontravam-se somente em latim, ele traduziu a Bíblia para o idioma alemão, permitindo a todos um conhecimento que durante muito tempo foi guardado somente pela igreja. Com um número maior de leitores do livro sagrado, a quantidade de protestantes aumentou consideravelmente e entre eles, encontravam-se muitos radicais. Precisou ser protegido durante 25 anos. Para sua proteção, ele contava com o apoio do Sábio Frederico, da Saxônia. Foi responsável pela organização de muitas comunidades evangélicas e, durante este período, percebeu que seus ensinamentos conduziam à divisão. Casou-se com a monja Katharina Von Bora, no ano de 1525, e teve seis filhos.

10.9 Uma Mudança Por Completo

Ao ler a Epistola de Paulo aos Romanos, Lutero encontrou a declaração que  revolucionária sua vida por completo e definitivamente:

         ”O JUSTO VIVERÁ DA FÉ” (Rm 1.17).

Estas palavras como labaredas de Deus, incendiaram-lhe a mente com vislumbres de verdade que procurava há tanto tempo. Descobriu que  a salvação lhe pertencia,simples e unicamente por fé na obra que Cristo consumou na cruz.E foi com o intuito de melhor compreender esta verdade,que empreendeu cuidadoso estudo das Escrituras,e das obras de grandes mestres cristãos,como Agostinho e Anselmo.Pelo estudo dos Salmos e das epistolas de Paulo,ele afirmou,nas suas preleções,com suficiente clareza e certeza,que Deus salva os pecadores mediante a fé no seu amor revelado em Jesus Cristo.Esta é a verdade da justificação por fé.
Contra esta verdade descoberta e agora vivida por Lutero, militavam os ensinos e mestres da Igreja da Idade Média, que pregavam a salvação adquirida pelas obras e sacramentos ministrados pela Igreja. Mas Lutero tinha convicção da verdade que descobriu nas Escrituras e da magnitude das decisões que tomaria a partir daí na defesa da mesma. Essa experiência trouxe novo impulso á sua vida religiosa – impulso necessário ao seu trabalho de reformar a igreja que havia sendo paganizada.

10.10      Lutero em Wittenberg

Por mais de quatro anos Lutero trabalhou em winttenberg, decepcionado com a igreja, mas sem romper com seus lideres. Nessa época, adquiriu projeção como um dos mais destacados lidere da sua ordem. Suas lições e preleções na universidade tinham o sabor de um vinho novo, em comparação ao vinho roto do eterno mesmismo dos demais professores conformados com o estado da igreja. Ele tinha uma capacidade extraordinária de citar as escrituras e aplica-las ás necessidades espíritas e morais do povo do seu tempo. As verdades recém-descobertas fizeram dele um pregador notável e dotado de evidente unção do Espírito Santo. Quanto mais ele falava das verdades bíblicas que descobrira, mais claras elas se tornavam. Afinal, alguma coisa o levou a falar publicamente a respeito destas grandes verdades.

10.11      Lutero rejeita à Prática das Indulgências

Numa localidade próxima a Winttemberg, onde Lutero morava,em 1517, apareceu um frade dominicano alemão de nome Tetzel, enviado pelo arcebispo de Mogúncia para vender indulgências emitidas pelo papa.

10.12      O que eram as Indulgências

Elas ofereciam diminuição de penas no purgatório. Indulgências era algo que, apresentadas como favores divinos, concedida aos homens, mediante os méritos do papa, perdão pelos pecados. As mesmas eram adquiridas em troca de dinheiro que, conforme os que as vendiam, seria usado na construção da Basílica de São Pedro, em Roma. Para comprar as indulgências, vinham pessoas de lugares os mais distantes. Tendo chegado ao conhecimento de Lutero através do confessionário, ele convenceu-se de que o tráfico das indulgências estava desviando o povo do ensino de Deus e enfraquecendo seriamente a vida moral da Igreja. Foi então que Lutero decidiu enfrentar tão grande erro e abuso.

10.13      Qual o Favor que as Indulgências Ofereciam

A primeira graça oferecida pelas indulgências, é a completa remissão de todos os pecados: nada maior do que isto se pode conceber, já que os homens pecadores privados da graça de Deus obtêm remissão completa por esses meios e de novo gozam a graça de Deus. Além disto, pela remissão dos pecados, o castigo que se está obrigado a suportar no purgatório por causa da afronta á divina majestade, é totalmente perdoada e as penas do purgatório são completamente apagadas. E, embora nada seja por demais precioso para ser dado em troca de tal graça – contudo, a fim de que os fiéis cristãos sejam levados mais facilmente a buscá-las, estabelecemos as seguintes regras, a saber:
A segunda graça é um “confissional” (carta confissional) contendo os maiores, mais importante e até hoje inauditos privilégios de escolher um confessor conveniente, mesmo um regular das ordens mendicantes.                      
A terceira graça importante é a participação em todos os benefícios da igreja universal; isto consiste em que os contribuintes da dita construção (construção da catedral de São Pedro), juntamente com os falecidos pais, que saíram deste mundo em estado de graça, e agora e por toda eternidade serão participantes de todas as petições, intercessões, esmolas, jejuns e orações e de todo a e qualquer peregrinação, mesmo as feitas à terra Santa; além disto, participação das estações de Roma, nas missas, horas canônicas, mortificações, bem como de todos os outros benefícios que foram ou serão produzidos pela santíssima e militante Igreja Universal; ou por qualquer um dos seus membros. Os fiéis que comprarem cartas confessionais também podem tornar-se participantes de todas as coisas. Os pregadores e os confessores deveriam insistir com grande perseverança nessas vantagens e persuadir os fiéis a não negligenciar em adquirir esses benefícios juntamente com sua carta confecional.
A quarta graça importante é em favor das almas que estão no purgatório e é a remissão completa de todos os pecados, remissão que o papa consegue por sua intercessão para o bem dessas almas da seguinte maneira: a mesma contribuição que se faria por si mesma. Estando vivo, deve ser depositado no caixa. É, contudo de nossa vontade que nossos subcomissários possam modificar as regras concernentes às contribuições desta espécie, que são feitas pelos mortos e que possa usar de seu critério em todos os outros casos em que, segundo sua opinião, modificações sejam desejáveis.

10.14      Os jesuítas

Para combater o avanço do protestantismo foi necessário arquitetar um bom plano para enfraquecer este movimento. Para a batalha da Contra-Reforma, a Igreja Romana dispunha de recursos poderosos. Um deles foi uma nova Ordem, extraordinariamente poderosa e operante, a “Sociedade de Jesus”. Esta organização pode ser mais bem apreciada quando estudamos as experiências religiosas do seu fundador, o espanhol Inácio de Loyola.

10.15      Inácio de Loyola

O grande desejo de Loyola foi ser famoso como soldado; mas este ideal apagou-se quando aos vinte e oito anos, recebeu greve ferimento que o aleijou para o resto de sua vida. Foi um dos protagonizadores do movimento dos Jesuitas.

10.16      Fase Inicial da reforma

Apesar do zelo, sempre existiram aqueles que se desviavam, trazendo para dentro da Igreja práticas de outras religiões. Esses desvios, a princípio em número reduzido, foram aumentando a ponto de paganizar a Igreja, transformando-a no que conhecemos hoje por Igreja Católica.
No decorrer dos séculos, desde os tempos de Cristo, tem havido um desvio daquilo que Jesus ensinou. Sempre se levantaram vozes em defesa da pureza do Evangelho.
No começo, foi apenas a inclusão da hierarquia onde o papa era o líder supremo; depois vieram o batismo para a salvação, a adoração de santos, e outros, atingindo um patamar tal, que por volta do século XIV, a Igreja Católica estava completamente envolvida no paganismo. Daí a salvação passou a ser comercializada como qualquer outro objeto.
Enquanto o cristianismo romano se paganizava, muitas pessoas às quais o nome "cristão" fora negado, lutavam para que a Igreja retornasse aos princípios do Novo Testamento. Entretanto, ela já havia se institucionalizado, e esses reformadores passaram a ser acusados de hereges. Geralmente eram expulsos de suas congregações e perseguidos, pagando, muitas vezes com a vida, pelo zelo cristão.
Até o século XIV, os protestos dessas pessoas foram abafados; porém com o advento de uma nova mentalidade, que deu origem às transformações políticas, sociais, científicas, literárias e mais, foram sendo notados. Naquele período, as grandes descobertas marítimas, a invenção da imprensa, a descoberta do maravilhoso mundo clássico da literatura e arte, até então perdidos, produziram um despertar da natureza humana, que se processou de forma intensa e geral. Esse período ficou conhecido como Renascença movimento que produziu a energia necessária para a revolução religiosa que se daria no século XVI.
O grande nome dessa revolução religiosa foi Martinho Lutero, monge agostiniano. que, revoltado contra a venda de indulgências, levantou a bandeira da liberdade religiosa frente à corrompida Igreja Católica.

10.17      Lutero Refuta os Princípios da Igreja

A resposta foi surpreendente. Lutero concluiu que a justiça de Deus, em Romanos 1.17 não se refere ao fato de que Deus castigue os pecadores, mas ao fato de que a justiça do justo não é obra sua, mas dom de Deus. Portanto, a justiça de Deus só tem quem vive pela fé: não porque seja em si mesmo justo ou porque Deus lhe dê esse dom, mas por causa da misericórdia de Deus que, gratuitamente, justifica o pecador desde que este creia. A partir dessa descoberta, a justiça de Deus não passou mais a ser odiada; agora, ela tornou-se em uma frase doce para sua vida. Em conseqüência as Escrituras passaram a ter um novo sentido para ele. Inconformado com a Igreja Católica, Lutero compôs algumas teses, que deveriam servir como base para um debate acadêmico. Naquele período, teve início, por ordem do papa Leão X, a venda de indulgências por Tetzel, através da qual o portador tinha a garantia de sua salvação. Não concordando com a exploração de seus compatriotas, Lutero fixou suas famosas 95 teses na porta da Igreja (local utilizado para colocar informações da universidade) do Castelo de Wittenberg. As teses foram escritas acaloradamente com sentimento de indignação profunda, mas com todo o respaldo Bíblico. E além do mais. ao atacar a venda de indulgências, colocava em perigo os projetos dos exploradores, dentre eles, a ganância do papa Leão X em arrecadar dinheiro suficiente para terminar a construção da Basílica de São Pedro. Os impressos despertaram o povo e produziram um sentimento de patriotismo, o que facilitou a Reforma na Alemanha. A importância de Lutero para o protestantismo moderno não deve ser esquecida. Foi ele quem teve mais sucesso na investida contra Roma. Foi ele o grande bandeirante da volta às Escrituras como regra de fé e prática. Foi um dos poucos homens que alterou profundamente a História do mundo. Através do seu exemplo, outras pessoas seguiram o caminho da Reforma em seus próprios países, e em poucos anos quase toda a Europa havia sido varrida pelos ventos reformadores. Lutero foi responsável por três pontos básicos do protestantismo atual: a supremacia das Escrituras sobre a tradição; a supremacia da fé sobre as obras; e a supremacia do sacerdócio de cada cristão sobre o sacerdócio exclusivo de um líder. Humanamente falando, deve-se a Lutero um retomo à leitura da Bíblia.

10.18      A Reforma Protestante

A preocupação daqueles que ao ler a bíblia com os desmandos da Igreja era tamanho que foi necessário arquitetar um plano para desarticular o enrrosco impetrado nesta ocasião. A Igreja Católica vinha desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos com luxo e preocupações materiais estavam tirando o objetivo católico dos trilhos. Muitos elementos do clero estavam desrespeitando as regras religiosas, principalmente o que diz respeito ao celibato. Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais deixavam a população insatisfeita. O processo de reformas religiosas teve início no século XVI. Podemos destacar como causas dessas reformas: abusos cometidos pela Igreja Católica e uma mudança na visão de mundo, fruto do pensamento renascentista. A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada vez mais inconformada, pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos religiosos. Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da basílica de São Pedro em Roma, com a venda das indulgências, já citado anteriormente, (venda do perdão). No campo político, os reis estavam descontentes com o papa, pois este interferia muito nos comandos que eram próprios da realeza. O novo pensamento renascentista também fazia oposição aos preceitos da Igreja. O homem renascentista começava a ler mais e formar uma opinião cada vez mais crítica. Trabalhadores urbanos, com mais acesso a livros, começaram a discutir e a pensar sobre as coisas do mundo. Um pensamento baseado na ciência e na busca da verdade através de experiências e da razão. Luetero então depois de muitas batalhas acirradas em defesa da fé, se despede com com o estandarte da bandeira do evangelho hasteado. Em 1546, no dia 18 de fevereiro, aos 62 anos, Martinho Lutero faleceu. Finalmente, em 1555, o Imperador reconheceu que havia duas diferentes confissões na Alemanha: a Católica e a Luterana.


10.19      A Contra-Reforma e os Jesuítas

Para argumentar e ter sua mente totalmente livre de qualquer acusação; debaixo de muita audácia e no fervor do Espírito Santo, Lutero teve de enfrentar o tremendo poderio da Igreja Católica que, imediatamente organizou a Companhia de Jesus (jesuítas) para atacar a Reforma. Vide o juramento dos jesuítas:
         "Prometo na presença de Deus e da Virgem Maria e de ti meu pai espiritual, superior da Ordem Geral dos Jesuítas... e pelas entranhas da Santíssima Virgem defender a doutrina contra os usurpadores protestantes, liberais e maçons sem hesitar. Prometo e declaro que farei e ensinarei a guerra lenta e secreta contra os hereges... tudo farei para extirpá-los da face da terra, não pouparei idade, nem sexo, nem cor... farei arruinar, extirpar, estrangular e queimar vivo esses hereges. Farei arrancar seus estômagos e o ventre de suas mulheres e esmagarei a cabeça de suas crianças contra a parede a fim de extirpar a raça. Quando não puder fazer isso publicamente usarei o veneno, a corda de estrangular, o laço, o punhal e a bala e chumbo. Com este punhal molhado no meu sangue farei minha rubrica como testemunho! Se eu for falso ou perjuro, podem meus irmãos, os Soldados do Papa cortar mãos e pés, e minha garganta; minha barriga seja aberta e queimada com enxofre e que minha alma seja torturada pelos demônios para sempre no inferno!"
                    
                        livro Congregacional de Relatórios, página 3.362


Preocupada em conter o avanço dessas idéias, a Igreja Romana iniciou através do Tribunal da Santa Inquisição a perseguição mais infame e sangrenta da história, onde, no caso da França, numa única noite, chamada de "Noite de São Bartolomeu", três mil protestantes foram assassinados e seus corpos jogados nas ruas francesas, com as bênçãos católicas. Muitos jesuítas, tais quais espiões, levaram os ditos "hereges" às mais variadas torturas, até a morte.

11   A HISTÓRIA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS

A Assembleia de Deus chegou ao Brasil por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que aportaram em Belém, capital do Estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos Estados Unidos. A princípio, frequentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Eles traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia — o falar em línguas espirituais (estranhas) — como a evidência inicial da manifestação para os adeptos do movimento. A manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo em várias reuniões de oração nos Estados Unidos (e também de forma isolada em outros países), principalmente naquelas que eram conduzidas por Charles Fox Parham, mas teve seu apogeu inicial através de um de seus principais discípulos, um pastor leigo negro, chamado William Joseph Seymour, na rua Azusa, Los Angeles, em 1906.
A nova doutrina trouxe muita divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em duas assembleias distintas, conforme relatam as atas das sessões, os adeptos do pentecostalismo foram desligados e, em 18 de junho de 1911, juntamente com os missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de Missão de Fé Apostólica, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo administrativo com William Joseph Seymour. A partir de então, passaram a reunir-se na casa de Celina de Albuquerque. Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembleia de Deus, em virtude da fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas.
A Assembleia de Deus no Brasil expandiu-se pelo estado do Pará, alcançaram o Amazonas, propagou-se para o Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres da população. Chegaram ao Sudeste pelos idos de 1922, através de famílias de retirantes do Pará, que se portavam como instrumentos voluntários para estabelecer a nova denominação aonde quer que chegassem. Nesse ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, em 1924, para a então capital da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a conversão de Paulo Leivas Macalão, filho de um general, através de um folheto evangelístico. Foi ele o precursor do assim conhecido Ministério de Madureira, como veremos adiante.
A influência sueca teve forte peso na formação assembleiana brasileira, em razão da nacionalidade de seus fundadores, e graças à igreja pentecostal escandinava, principalmente a Igreja Filadélfia de Estocolmo, que, além de ter assumido nos anos seguintes o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg, enviou outros missionários para dar suporte aos novos membros em seu papel de fazer crescer a nova Igreja. Desde 1930, quando se realizou um concílio da igreja na cidade de Natal, a Assembleia de Deus no Brasil passou a ter autonomia interna, sendo administradas exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem contudo perder os vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembleias de Deus dos Estados Unidos através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da denominação.Vale lembrar da ajuda,metodista aos nossos irmãos suecos.

12  Conclusão













referências

- Livro Congregacional de Relatórios, página 3.362)

- AIGREJANOIMPÉRIOROMANO  Coleção História da Igreja - Vol.1
  Martin N. Dreher

- REFORMA Renovação da Igreja pelo Evangelho
  Joachim H. Fischer

- Livro da EETAD

- Bíblia de Estudo Pentecostal revista e corrigida

- Biblia Vida – Edição contemporânea
  ALMEIDA, João Ferreira de

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Igreja

- http://www.luteranos.com.br/lutero.html













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