sejam bem vindos

quero que ao entrar, possa se servir das grandezas da palavra de Deus, fique tranquilo, não tenha pressa, leia a vontade, que o Senhor te abençoe ao entrares e ao saires. Amém Jesus!!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

exegese biblica monografia

Prof.: Marconi pereira da silva
1. Introdução.


Consultar uma bíblia de estudo ou uma chave bíblica pode produzir resultados semelhantes. Muitas referências serão extremamente úteis, outras estarão erradas, baseando-se em similaridades de palavras ou tópicos, demonstrando não serem alusões nem citações, quando melhor examinadas. A pesquisa nos resultados gerados por uma concordância no computador também exige seletividade da sua parte. O trabalho exegético sensato o ajudará a distinguir entre o relevante e o irrelevante. Também o ajudará a preparar-se com antecedência para avaliar o desempenho dos comentaristas no seu tratamento das questões relacionadas ao uso bíblico do texto.Mas como achar passagens semelhantes ou relevantes àquela que está estudando quando o “Índice de citações” e as listas de referências nada indicam, ou quando você quiser ir além daquilo que encontrou nessas fontes? Para fazer isso, você precisará contar com o seu próprio conhecimento do contexto bíblico e com quaisquer outras indicações que puder colher em livros, artigos e comentários que abordem sua passagem e/ou seus temas. Lembre-se, porém, de que é o seu próprio julgamento que deve prevalecer aqui. O que alguém considera “relacionado” pode ou não ter relação com o texto. É você quem decidirá.


Sumario
1. Introdução.....................................................................................................07
2. Breve Quia da exegese................................................................................08
3. Antes de começar........................................................................................11
4. Questões de conteúdo................................................................................16
5. Questões contextuais..................................................................................20
6. Evangelhos...................................................................................................23
7. Literatura secundaria...................................................................................25
8. Contexto bíblico teológico..........................................................................26
9. Aplicação......................................................................................................27
10. Reserve tempo para reflexão sobre o texto..............................................29
11. Inicie com um senso de propósito.............................................................30
12. Decide sobre a introdução e comentário...................................................31


Conclusão...............................................................................................................33
Bibliografia..............................................................................................................34







Vilhena-RO
2011.
2. Breve Quia da exegese.
Felizmente, a preparação exegética requerida para um sermão não envolve a produção de um ou dois trabalhos exegéticos por semana. Infeliz mente, porém, a maioria dos pastores com preparação teológica, que aprenderam a escrever monografias exegéticas para um curso, não tiveram igual treinamento para aplicar essas habilidades à tarefa mais comum da preparação de sermões. Este capítulo procura preencher esse vazio, provendo um formato prá tico para a exegese de uma passagem do NT, a fim de se poder pregar a partir dela com confiança e competência.
2.1. Homilética.
A exegese homilética não é de um tipo diferente da exigida para a monografia exegética, mas é diferente no que se refere à demanda de tempo e objetivo. Este capítulo, portanto, é uma versão reciclada do guia completo usado para trabalhos exegéticos escritos, fornecido nos Capítulos 5 e 6. (Se, por algum motivo, algumas dessas habilidades nunca foram aprendidas — ou ficaram “enferrujadas” — você poderá reservar algum tempo, durante uma ou duas semanas, para recapitular um pouco esses dois capítulos.) Embora o processo da exegese em si não possa ser alterado, a maneira pela qual ele é feito pode ser ajustada consideravelmente. No caso da preparação para o sermão, a exegese não pode e, felizmente, não necessita ser tão exaustiva como uma monografia semestral. O fato de não precisar ser exaustiva não significa que não possa ser adequada. O alvo deste guia breve é ajudar o pastor a extrair da passagem os aspectos essenciais que dizem respeito à interpretação e exposição (explicação e aplicação) razoáveis. O produto final, o sermão, pode e deve ser baseado em pesquisa acadêmica reverente e sadia. O sermão, como ato de obediência e adoração, não deveria encobrir erudição deficiente numa roupagem de eloqüência. Que o sermão seja empolgante, mas seja também totalmente fiel á revelação divina. Este capítulo está dividido em duas partes: (1) um guia para conduzir o processo exegético propriamente dito; (2) algumas breves sugestões a respeito da passagem do texto para o sermão, i.e., a preparação do sermão em si. Este guia é voltado para o pastor que tem dez horas semanais ou mais para a preparação de sermões (aproximadamente cinco horas para a exegese e cinco, ou mais, para o sermão). Cada seção da parte exegética do guia contém uma sugestão do tempo aproximado que se deve dedicar às questões levantadas naquela seção. Embora às cinco horas tenham sido sugeridas de forma um tanto arbitrária, isso parece ser o mínimo que um pastor deveria reservar para a pesquisa na preparação de um sermão. Dependendo da passagem, do tempo disponível em determinada semana, e da natureza de sua familiaridade com o texto e os recursos exegéticos, você descobrirá que pode fazer ajustes consideráveis na questão do tempo necessário. O período gasto para escrever um sermão, além da exegese, é um assunto tão individual que nenhum prazo será mencionado. O importante aqui é que bons sermões, exegeticamente sadios, podem ser feitos em dez horas, e este guia espera poder ajudá-lo a fazer isso. À medida que você se tomar mais familiarizado com os passos e o método,poderá chegar ao ponto de dispensar a consulta a este guia. Esse é o alvo deste manual: servir de introdução ao assunto, não ser uma companhia obrigatória.
2.2 A Tarefa Exegética.
A pregação bíblica do NT é por definição a tarefa de propiciar um encontro entre as pessoas do século XXI e a Palavra de Deus — primeiramente proclamada no século 1 d.C. A tarefa da exegese é descobrir a Palavra e o seu significado para a Igreja do primeiro século; a tarefa da pregação é conhecer bem tanto a exegese do texto quanto as pessoas a quem a Palavra deve ser proclamada de novo como palavra viva para o contexto delas. A questão agora é: onde começar? O ponto de partida óbvio, é claro, é a escolha do texto. Mas o que guia essa escolha? Há duas possibilidades: ou (1) você está trabalhando com o texto bíblico e reconhece a necessidade de atualizar determinada passagem para a sua congregação; ou (2) você verifica a existência de certa necessidade entre as pessoas da comunidade e vai para a Bíblia a fim de encontrar uma palavra que atenda a ela. O esboço, a seguir, presume a primeira situação, ou seja, que o texto bíblico determina por si mesmo a direção do sermão. Note Bem: O grande perigo de pregar um livro bíblico todo, ou de deixar o texto determinar o sermão, é que ele, por si mesmo, pode se tomar um exercício de exegese. Tal “sermão” se transforma numa exposição sem alvo, numa informação sem enfoque. Isso pode até ser apropriado para uma classe de escola dominical de adultos, em que alguém simplesmente vai seguindo os versículos de uma passagem,expondo e aplicando o texto da forma em que se pensa ser adequado, mas não é pregação. A pregação precisa basear-se em exegese sólida, mas não é uma demonstração de exegese. Ao contrário, é exegese aplicada, e precisa ter um objetivo se deve funcionar de forma apropriada. Ao longo de todo o processo exegético, portanto, você deverá trabalhar constantemente na direção de duas finalidades: (1) aprender o máximo que puder sobre o texto, seu argumento central e como todos os detalhes cooperam com ele (reconhecendo, o tempo todo, que nem tudo que você aprender terá que, necessariamente, ser incluído no sermão); (2) pensar na aplicação do texto, o que especialmente, neste caso, inclui o uso equilibrado de tudo que você aprendeu no processo exegético. Você precisa vencer a tentação de incluir no sermão tudo o que você aprendeu na exegese. Da mesma forma, você precisa vencer a tentação de exibir a exegese e, e assim, se apresentar como o guru local. Os passos abaixo serão ilustrados regularmente a partir de dois textos, um das epístolas (1 Pe 2.18-25) e um dos evangelhos (Mc 9.49-50). O primeiro foi escolhido por causa das questões hermenêuticas envolvidas (Como as palavras dirigidas aos escravos do primeiro século falam a nós hoje?); o segundo, porque esses ditos de Jesus são particularmente difíceis. Espera-se que textos como esses não sejam negligenciados ou “tangenciados.”
3. Antes de começar. (Aproximadamente uma hora e vinte minutos). É imperativo que, desde o início, você tenha uma boa noção preliminar do contexto e do conteúdo de sua passagem. A fim de fazer isso da melhor forma possível,Não fique ansioso por chegar ao sentido de seu texto a ponto de deixar de reservar o tempo necessário para obter uma boa noção geral de onde ele se encaixa no livro bíblico no qual você está pregando. Lembre-se sempre de que seu texto é somente uma pequena parte de um todo, e que o autor bíblico nunca pretendeu que fosse estudado ou compreendido separado do restante do que ele disse. Você deve, portanto, manter a prática regular de ler sua passagem no contexto maior. Depois, deve lê-la de novo — talvez numa tradução diferente. Se estiver trabalhando com uma das epístolas menores, preste muita atenção ao argumento do autor e a como a sua passagem se encaixa nele. Se for uma epístola mais longa, leia e releia a seção na qual seu texto se encontra (e.g., 1 Pe 1.1 a 3.12 ou 22). Se estiver num dos evangelhos, selecione uma seção maior e lógica como contexto (e.g., Mc 8.27 a 10.16 — permita que os comentários o guiem aqui, se precisar). Leia e releia o texto, de modo que você tenha condições de rastrear facilmente o que vem antes e o que vem depois de sua passagem. Observe: Se você estiver se preparando para pregar todo um livro bíblico, precisará reservar tempo extra no início e trabalhar todo o Passo 1 no Capítulo 5. O conhecimento de todo o livro deve preceder o trabalho em qualquer de suas partes.
3.1. Leia a passagem várias vezes.
Agora, faça a mesma coisa com a sua passagem específica. Aqui, entretanto, você estará lendo e relendo para ter uma noção de seu conteúdo básico. Leia toda a passagem em voz alta. Tente adquirir uma compreensão do texto como uma unidade que transmite a Palavra de Deus a você e sua congregação. Familiarize-se suficientemente com a passagem, de modo que possa lembrar de seus aspectos essenciais à medida que avança pelos próximos cinco passos. Talvez você possa ler a passagem em traduções diferentes aquelas que são conhecidas e usadas por sua congregação e fazer uma lista das diferenças significativas (veja Passo 3.3, no cap. 5). Isso seria especialmente útil em situações em que algumas pessoas em sua congregação ainda reverenciam as versões mais antigas e tradicionais. Saber antecipadamente em que pontos essas versões diferem de sua tradução poderá auxiliá-lo a prever as inquietações de algumas pessoas. Esteja atento à possibilidade de ter de fazer alguns ajustes quanto aos limites de sua passagem, uma vez que as divisões em capítulos e versículos, como as temos, são secundárias em relação à composição do original e não são sempre confiáveis. Verifique isso, começando a leitura alguns versículos antes do início da passagem e indo alguns versículos além do fim. Adapte os limites se necessário (encolha ou expanda a passagem a fim de coincidir com os limites mais naturais, se você entender que a passagem sugere isso). Ficará claro, após a aplicação desse teste, por exemplo, que 1 Pedro 2.18-25 é a unidade em que se deve trabalhar. No caso de Mc 9.49-50, também ficará evidente que essa unidade é, de certa forma, auto-suficiente, sendo unida pela palavra “sal”. Contudo, o ydp (pois) no v. 49, também, a liga diretamente ao que a precede. Assim, neste caso, é bom incluir os vers. 42-48 no trabalho exegético mesmo que você limite o sermão aos v. 49-50. Quando estiver satisfeito com a delimitação apropriada da passagem, e com o fato de ter uma compreensão preliminar de seu conteúdo e do fluxo das palavras e argumentos, prossiga para o passo 1.3, a seguir.
3.2. Faça a sua própria tradução.
Tente fazer isso, mesmo que seu grego esteja dormente ou fraco. Para essa tarefa, use um dos auxílios listados em 8.3. Você pode verificar a sua tradução consultando, sempre que necessário, uma ou duas das melhores versões modernas. Fazer a sua própria tradução tem diversos benefícios. Um deles é que auxiliará você no que se refere a observar coisas sobre a passagem que você não iria notar na leitura, mesmo no original. Muito do que você começará a notar antecipará os passos 2.1 a 2.6, abaixo. Por exemplo, você deve começar a ficar alerta a quaisquer questões textuais que afetarão o sentido do texto, ao vocabulário especial da passagem, suas características gramaticais, e a qualquer questão histórico- cultural. Todas essas coisas acabam chamando a sua atenção naturalmente, à medida que você traduz as palavras da passagem. Além do mais, você é o especialista em sua comunidade. Você conhece o vocabulário de seus membros e seu nível educacional, o alcance de sua compreensão bíblica e teológica etc. De fato, você é a pessoa especialmente capacitada para produzir uma tradução significativa — que você poderá usar, em parte ou totalmente — como base para o seu sermão, a fim de garantir que sua congregação entenda bem a verdadeira força da Palavra de Deus do modo em que a passagem a apresenta. [da Bíblia em português podem substituir esta tarefa pelo Passo 3.3 do cap. 5.]
3.3. Faça uma lista de alternativas à tradução.
Ao longo do processo de fazer a sua tradução, você precisará ter uma lista de alternativas à tradução, sejam elas de natureza textual, gramatical ou lingüística estilística. Essa lista não precisa ser longa; apenas itens relevantes devem ser incluídos. A lista poderá, então, se tornar um ponto de referência para os itens no passo 2, abaixo. Por exemplo, a lista para Marcos 9.42-50 deveria incluir as questões textuais nos v. 42, 44, 46 e 49; as palavras OKa aÀ (ofender, pecar, tropeçar, desfazer), EVVC (inferno), &Àaç (sal), cúr = í3aoIÀEía TOÍJ Oeoí (vida = reino de Deus), nos v. 43, 45, 47; e a questão gramatical relacionada com ydp, no v. 49. Se você usou a Bíblia na Linguagem de Hoje como uma de suas traduções (passo 1.3, acima), você deve também observar em sua lista como essa tradução interpretou o primeiro e o terceiro ditos sobre o sal. Quantas dessas alternativas deveriam ser mencionadas no sermão será um assunto de juízo pessoal. Qualquer que seja o caso, ene para menos aqui, para que o sermão não fique abarrotado de informações. Algumas sugestões a respeito de itens textuais são apresentadas em 2.1, abaixo. No que diz respeito a outras informações, é uma questão de relevância para a compreensão da passagem. Algumas vezes, Você poderá simplesmente fazer sua opção da maneira oferecida numa das traduções e dizer: “Como a Almeida Atualizada traz o texto...” Se for um assunto crucial, relacionado com o sentido do texto, ou especialmente relacionado à aplicação que você quer fazer, então seria apropriado apresentar um breve sumário das razões pelas quais você acha que a evidência aponta para a sua escolha (ou por que você acha que a evidência não é decisiva).
3.4. Analise a estrutura.
Uma outra maneira de examinar o texto de modo preliminar também pode ser de imenso valor. É importante que você não apenas esteja alerta aos detalhes que precisarão ser investigados, mas tenha também uma boa noção das estruturas de sua passagem e do fluxo do argumento. A melhor maneira de fazer isso é trans ver o texto grego num esquema do fluxo das frases, como foi descrito no capítulo 6.1.1. A grande vantagem desse exercício é auxiliar a visualização das estruturas do parágrafo, bem como forçar você a decidir quanto a diversas questões sintáticas. Na realidade, quase sempre isso irá ajudá-lo a perceber itens que lhe escaparam, mesmo quando você fazia a tradução. Assim, o fluxo de orações em 1 Pedro 2.18-25 irá ajudá-lo a perceber não apenas que nos v. 18-20 a lição principal da exortação é deixar o caso com Deus, quando se sofre injustamente, mas também que o exemplo de Cristo, que vem nos v. 21-25 reforçando a exortação, tem duas partes: (1) o fato de que “Cristo sofreu no lugar de vocês” (v. 21) e, ao mesmo tempo (2) “deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos”(v. 21). As quatro orações relativas que seguem (que, de outra forma, poderiam não ser percebidas) tratam destes dois temas: As duas primeiras (v. 22-23) desenvolvem o tema do exemplo dele; as outras duas (v. 24a- b, 24c) expandem a questão do seu sofrimento por eles — ambas nos termos de Isaías 53. É claro que tudo isso poderia ser observado, simplesmente, na tradução; mas o diagrama das sentenças, em especial quando marcado com cores, faz com que tudo isso fique imediatamente visível.
3.5. Comece uma lista para uso homilético.
Da mesma maneira que você compilou uma lista de alternativas mencionada em 1.4, acima (e talvez incluindo aquela lista), mantenha por perto uma folha de papel na qual você registrará as observações da exegese na passagem que você considera mencionáveis no sermão. A lista deve incluir as descobertas dos passos 1-5 neste capítulo, e prover uma referência fácil à medida que você escreve o sermão.O que incluir? Inclua exatamente o que faria você se sentir enganado se não soubesse. Não é necessário que sejam genuinamente observações que trans formam a vida; não devem ser, porém, insignificantes nem misteriosas. Se alguma coisa realmente ajuda a apreciar e entender o texto de um modo não evidente de outra maneira, então coloque isso na sua lista. Faça, no início, uma lista mais abrangente. Inclua tudo o que considerar digno de menção, pois sua congregação poderia ser beneficiada com esse conhecimento. Mais tarde, quando estiver escrevendo ou esboçando seu sermão, você poderá ter de excluir alguns, senão a maioria, dos itens da sua lista, por limitação de tempo. Isso é ainda mais importante se o seu sermão não tem o formato mais rígido do sermão expositivo. Além disso, da perspectiva do quadro geral você verá, sem dúvida, que certos itens originalmente incluídos na lista dos “mencionáveis” não são tão cruciais como você pensou no início. Ou, pelo contrário, você poderá achar que tem tanta coisa importante com que se ocupar que terá de marcar dois sermões na passagem, para expô-la adequadamente. Lembre-se: Sua lista das coisas “mencionáveis” não é um esboço de ser mão (como uma pilha de tábuas não é uma casa). Essa lista é, simplesmente, um registro provisório de observações derivadas da exegese que sua congregação merece ouvir e das quais poderá, de fato, se beneficiar.

4.Questões de conteúdo.
(Aproximadamente uma hora) Os passos desta seção estão relacionados aos vários tipos de detalhes que formam o conteúdo de sua passagem, é o quê do texto. Essas questões são basicamente de quatro tipos para qualquer passagem do NT: textuais, gramaticais, lingüísticas e histórico-culturais.
4.1. Verifique assuntos textuais significativos
Consulte o aparato crítico textual no NA Procure, especificamente, as variantes textuais que poderiam afetar o sentido do texto para a sua congregação na tradução portuguesa. Essas são as principais variantes textuais. Não há razão para se preocupar com as variantes menores — elas não fariam muita diferença nas traduções em português. Aqui, seria especialmente proveitoso ter lido sua passagem em várias traduções portuguesas, como foi sugerido em 1.2, acima. Toda vez que a variante textual for responsável pelas diferenças, verifique se isso foi incluído em sua lista de alternativas (1.4, acima). Você precisará avaliar as variantes principais por si mesmo, para verificar qual teria sido a original e por que (veja cap. 6.2). Isso é particularmente importante para o fato de existirem diferenças nas traduções que as pessoas usam. A questão sobre o quanto disso, se alguma coisa, deve ser incluído no sermão é complicada. Essa é uma área que, às vezes, pode inquietar os crentes (pois para muitos tem relação com a área da fidedignidade das Escrituras). A regra é esta: Raramente (quase nunca!) faça crítica textual, propriamente dita, do púlpito; ou seja, raramente, se fizer, explique à congregação como você chegou a uma determinada decisão. Você deveria incluir sua argumentação somente nas seguintes situações: (1) Quando houver decisões textuais muito sérias, e estas se reflitam nas traduções que você sabe que seu público estará usando (e.g., a ARA, ARC e NVI em 1 Co 11.29). (2) Quando a sua opção difere da Bíblia encontrada nos bancos da igreja (especialmente nas que ainda usam uma tradução antiga, mas seja cauteloso ao criticar a versão bíblica dos outros!). (3) Quando uma nota textual ajudar as pessoas a ver como o texto foi compreendi do, ou mal-compreendido, na igreja primitiva. Por exemplo, pode-se notar como o texto Ocidental tentou abrandar em Marcos 9.49 aquilo que é, de outra forma, um dito de Jesus muito difícil. Mas, ao mesmo tempo, ao conformá-lo a Levítico 2.13, ofereceu considerável compreensão sobre o possível contexto do dito original em si (o aspecto que é apresentado na tradução da Good News Bible). Isso pode ser parte de sua explicação do texto quando estiver expondo sentido para a congregação. O intercâmbio entre iJ (vosso) e p (nosso) em 1 Pedro 2.21 pode ou não ser mencionado, dependendo de sua ênfase ou não no que se refere a Cristo ter sofrido por esses servos/escravos cristãos. Nesse caso, pode-se dizer algo como: “A fim de reforçar a lição de que esses escravos deveriam seguir o exemplo de Cristo, Pedro também relembra-lhes o efeito do sofrimento de Cristo, ou seja, que isso foi por eles. Em algumas traduções você encontrará o v. 21 traduzido ‘Cristo sofreu por nós’ — e enquanto isso é verdadeiro, e é apresentado no v. 24, perde-se o argumento de Pedro no v. 21. Aqui, a evidência mais antiga e confiável, oferecida pela maioria das novas traduções, deve ser preferida como refletindo o texto original...”
4.2. Observe aspectos gramaticais incomuns, ambíguos ou importantes.
Seu interesse primário é destacar características gramaticais que possam ter algum efeito na interpretação da passagem. Aqui, em particular, você aprenderá mais do que terá ocasião de relatar. Por exemplo, à medida que você trabalhar com a expressão ambígua && ouvsí&]aIv O (porque ele tem c de Deus [ por causa da consciência para com Deus [ em 1 Pe 2.19, você precisará decidir quanto ao sentido do genitivo (cf. os comentários de Peter Davids, Ramsey Michaels e Paul Achtemeier), mas você necessitará apresentar bem pouca informação do tipo gramatical à sua congregação. Às vezes, é claro, uma explicação gramatical pode ser especialmente útil. O ydp (pois) em 1Pedro 2.25, por exemplo, pode ser definido como claramente explicativo, de forma que a “cura” do v. 24 deve ser uma metáfora para a salvação nesse caso, não uma referência à cura física. De igual modo, a diferença entre um genitivo objetivo e subjetivo poderia ser explicada, às vezes, para que a força de sua exegese seja vista mais claramente (veja cap. 6.3.3.1). Como tratar o ydp em Mc 9.49 pode variar. Seria, provavelmente, apropriado apontar (talvez na introdução do sermão) que, ao usar essa palavra, Marcos certamente pretendeu ligar esses ditos com o que os precede, mas que o que essa conexão é não está totalmente claro. Mais tarde, depois de ter dado a sua interpretação do texto, você poderá comentar de novo a respeito de como esses ditos podem ser entendidos como relacionados aos que os precedem.
4.3. Faça uma lista de expressões-chave.
A esta altura, você deve retornar à sua lista em 1.4, acima, e refletir mais uma vez, desta vez em termos das palavras-chave que poderão exigir explicação em algum ponto do sermão. Você poderá revisar aquela lista com essa perspectiva em mente. Por exemplo, sua lista preliminar para 1 Pedro 2.18-25 deveria, provavelmente, incluir o seguinte (a partir da ARA): servos, suportando, sofrendo, grato, chama dos, exemplo, madeiro, chagas, curados, Pastor, Bispo. Mais uma vez, você pode querer apresentar as nuanças especiais de todas essas palavras para o sentido da passagem, mas não deve pensar que seja obrigado a explicar tudo no sermão. Seria de alguma importância, é provável, dizer que embora O’IK signifique “servo da casa”, tais servos eram, quase que invariavelmente, escravos. Também seria de algum interesse para os ouvintes saber que o (ferimentos) que Cristo sofreu para a salvação desses escravos é uma palavra que se refere aos hematomas que apareciam na pessoa açoitada — o que muitos deles deveriam ter experimentado (cf. v. 20).
4.4. Faça um breve estudo lexical de qualquer termo importante.
Às vezes, uma ou mais palavras possuem tantos significados para o sermão que você desejará investigá-las além dos limites da passagem, a fim de entendê-las melhor. “Sal” em Marcos 9.49-50 é um exemplo óbvio; entretanto, uma vez que seu sentido tem a ver em última instância com as questões histórico-culturais,vamos deixá-la para o passo 2.5, abaixo. Em 1 Pedro 2.19-20, o uso que Pedro faz de Xdptç seria uma palavra dessas. Ela é, sem dúvida, usada num sentido muito diferente daquele que Paulo — e a maioria dos cristãos — normalmente lhe dão. Mas, o termo significa “aprovado” (RSV), “creditado” (NRSV), “louvável” (NVI), ou “ele abençoará” (NTLH)? Para esse estudo de vocábulos, utilize as técnicas descritas no capítulo 6.4, mas empregue o seu tempo com sabedoria. Ao verificar a palavra no Bauer e em sua concordância grega, você será capaz de discernir rapidamente seus sentidos possíveis. Você deve notar, de modo especial, o uso em Pedro e como esse uso difere bastante do de Paulo. Aqui você ajudará seus ouvintes ao partilhar com eles a informação pertinente de forma condensada. O uso que Paulo faz de Xc afinal de contas, não é o único uso bíblico, e as pessoas precisam saber disso.
4.5. Investigue itens histórico-culturais importantes.
A maior parte das pessoas numa igreja geralmente é ajudada quando se explicam algumas das questões histórico-culturais de fato importantes para o sentido do texto. Para os tipos de temas que necessitam de investigação aqui, e algumas sugestões bibliográficas, veja capítulo 6.5. Nas duas passagens usadas como exemplo, existem pelo menos dois itens em cada uma que merecem alguma atenção de sua parte. Em Marcos 9.42-50 seria, provavelmente, proveitoso para você fazer um breve estudo do termo y (Geenna = inferno) e a força dessa metáfora para esses ditos de Jesus. O termo “sal”, é claro, também é crucial. Neste caso, sua investigação sobre o uso do sal na antigüidade judaica será, provavelmente, a chave para a sua interpretação dos três ditos. Três diferentes usos aparecem metaforicamente nos três ditos: sal nos sacrifícios, sal como tempero e conservante, e sal como vinculo da aliança. Em 1Pedro 2.18-25, você deve usar um pouco do seu tempo lendo sobre os escravos — e o tratamento que recebiam — no mundo greco-romano. Relembrando, você precisa ter uma boa percepção do tempo que usará para falar sobre isso. Contudo, se o sermão é para fazer uma ponte adequada entre o século 1 e o XXI, sua congregação merece saber algo da natureza da escravidão no século 1 d.C. — e da radicalidade das palavras dessa exortação para o público original.Também é de importância crucial para sua exegese identificar cuidadosamente o uso de Isaías 53 nos v. 22-25. Quanto a esse ponto, você poderá consultar um dos melhores estudos das técnicas cristãs de Midrash, à medida que aparecem no NT (veja Bailey e Vander Broek. p. 42-49 [ 8.9.21 ). Uma palavra de cautela. Uma vez que esse tipo de informação pode ser fascinante, pode-se, às vezes, ceder à tentação de lhe dar tempo demasiado no sermão. Não deixe isso atrapalhar sua pregação e se tornar algo que absorva tempo demais. Faça com que essas coisas, assim como Outros assuntos, sejam servos úteis da proclamação da Palavra; não permita que dominem o seu sermão.

5. Questões Contextuais (Aproximadamente uma hora).
Trabalhar com as questões de conteúdo é apenas metade da tarefa exegética. Agora você precisa dar atenção cuidadosa às questões do contexto histórico e literário. O contexto histórico diz respeito ao ambiente histórico em geral, bem como à ocasião específica do documento. O contexto literário relaciona-se a como sua passagem se encaixa especificamente em seu lugar no argumento ou narrativa. Uma vez que os evangelhos (cap. 5, Passo 1 1B) requerem que se verifique essas questões de um modo diferente dos outros gêneros literários, esta seção, assim como o Capítulo 5, será dividida em duas partes: uma para as epístolas (inclusive Atos e Apocalipse) e uma para os evangelhos. 3 (Ep). Epístolas (Atos, Apocalipse) Para a exegese de uma passagem das epístolas, você deve se familiarizar com a discussão no capítulo 5.9-11 (Ep). Para Atos, veja 5.10-11 (At.), e para Apocalipse, veja 5.9-11 (AP).

5.1 (Ep). Examine o contexto histórico.
Esta investigação é composta de três partes. Primeiro, você necessita aprender alguma coisa acerca da situação geral dos destinatários. Se sua passagem está em uma das cartas paulinas, invista algum tempo para se familiarizar com a cidade e seu povo. Para fazer isso, você pode consultar um bom dicionário bíblico (veja cap. 6.5.2.1), ou a introdução de um bom comentário (veja cap. 8.13.3). Se tiver tempo, interesse e recursos disponíveis (uma boa biblioteca por perto), você poderá pesquisar algum desses temas mais profundamente por meio da bibliografia fornecida no artigo do dicionário. Além disso, você também precisa tomar conhecimento da natureza e com posição da(s) igreja(s) para quem a epístola foi escrita. Os seus membros são cristãos judeus, gentios, ou uma mistura dos dois? Há alguma indicação sobre o seu status sócio-econômico? Aqui, também consulte as introduções aos comentários. Mas também esteja alerta ao ler o texto bíblico por si mesmo. Por exemplo, depois de ler 1 Pedro 1—3 umas duas vezes (1.1, acima), você deve ter observado que os destinatários são crentes gentios (1.18; 2.10; cf. 4.3), e que pelo menos alguns deles são escravos e mulheres (2.18 a 3,7). Finalmente, e o mais importante, você precisa reconstruir para si mesmo, com o auxilio de seus recursos, se necessário, a situação histórica específica que ocasionou esta seção na Epístola. Esse é um dos passos absolutamente cruciais no processo exegético, pois a sua carta, afinal de contas, é uma resposta a alguma coisa. É uma ajuda imensurável ao entendimento trabalhar com o maior cuidado possível na compreensão da situação que sua Epístola aborda. Você pode chegar a isso por conta própria — se tiver tempo disponível — ao ouvir cuidadosamente a Epístola enquanto a lê. Mas, lembrando mais uma vez, se necessário consulte os melhores comentários; e uma vez que esse trabalho se encontra nos limites da especulação, você fará bem se comparar duas ou três fontes sobre esse assunto. Assim, para 1 Pedro, apesar de alguns detalhes serem diferentes entre os estudiosos, pode-se facilmente reconhecer que a hostilidade da parte dos pagãos é a causa básica da existência da carta. E nossa passagem é parte da exortação sobre como reagir de forma cristã a demonstrações específicas de hostilidade.É quase sempre apropriado incluir esse material no sermão. Isso, acima de qualquer outra coisa, dará credibilidade à sua interpretação — quando o texto é visto como resposta a determinada situação.
5.2 (Ep). Examine o conteúdo literário.
Você chegou, agora, à questão exegética absolutamente essencial para o seu texto específico. Qual é o propósito desta passagem? Como ela se encaixa no esquema geral da carta? E, mais importante: Como ela se encaixa exatamente neste ponto do argumento ou exortação do autor? Para fazer isso de forma adequada, você precisa reservar algum tempo para escrever na sua lista de itens para o sermão (veja cap. 8.1.6) as duas breves afirmações sugeridas no capítulo 5.11 (Ev), i.e.: (1) a lógica e o conteúdo de sua passagem; (2) uma explicação de como esse conteúdo contribui para o argumento. Este é o lugar em que ocorre grande parte da interpretação do texto. Adquira o habito de sempre força-se afazer isso — mesmo que os comentários nem sempre façam (esse é também o ponto em que muitos comentários falham). Nunca fique satisfeito com sua exegese até ter certa medida de confiança de que é capaz de responder à questão por quê?, Bem como à pergunta o quê?. Haverá, é claro, ocasião em que isso será menos evidente (e.g., 2 Co 6.14 a 7.1), e você terá de ser honestamente hesitante. Mesmo nesses casos, a questão precisa ser abordada. Para que o sermão tenha integridade como proclamação da intenção das Escrituras, ele deve focalizar essa questão, e todas as suas partes deveriam ser sujeitas a esse
enfoque. Dessa forma, um sermão em 1 Pedro 2.18-25 deveria focalizar o ponto principal da exortação: quando enfrentar hostilidade e crueldade, deixe o caso com Deus.Como isso é apresentado, e como os argumentos de Pedro são mostrados, será tão variado quanto variado é o número de pregadores. Você pode, é claro, desejar pregar apenas os v. 21-25, sobre Cristo como exemplo e salvador. Mas mesmo assim, você terá de colocar o sermão no contexto literário dos v. 18-25

6. (Ev). Evangelhos.
Para a exegese de uma passagem dos evangelhos, você deve familiarizar-se com a discussão no capitulo 5.9-11 (Ev) e no capitulo 6.6.
6.1 (Ev). Identifique a forma.
Não gaste muito tempo aqui. O importante a observar é que nos evangelhos há gêneros dentro de um gênero. Por exemplo, parábolas funcionam de um certo jeito e também provérbios ou hipérboles (Mc 9.43-48) ou narrativas. Para a literatura sobre a identificação de formas, veja o capítulo 8.9 (Ev). Como já dissemos, isso é algo com o que não se trabalha muito no sermão, a não ser talvez para lembrar as pessoas, por exemplo, de que um dito é proverbial e que provérbios funcionam de certa maneira (e.g., Mc 9.50a).
6.2 (Ev). Use uma sinopse.
A fim de obter uma noção do contexto histórico-literário da passagem dos evangelhos, é de grande benefício aprender a estudar sua passagem a partir de uma sinopse grega (ou de uma sinopse em grego-inglês [se seu grego estiver enferrujado). Se não estiver familiarizado com o estudo a partir de uma sinopse, você fará um favor a si mesmo para a toda vida se reservar tempo para aprender, cuidadosamente, os procedimentos esboçados no capítulo 6.6, em especial 6.6.3. No fundo, o que você está tentando descobrir aqui é como o evangelista organizou o evangelho na área imediata do texto. Freqüentemente, isso pode ser muito facilitado ao verificar-se como o outro evangelista trata o mesmo material (se de forma dependente ou independente). Assim, por exemplo, não deveria ser motivo de surpresa que nem Mateus nem Lucas seguem totalmente Marcos de 9.37 a 9.50 (existem alguns pontos bem difíceis aqui, como você poderá perceber por si mesmo ao ler o texto). Que nem Mateus nem Lucas usam os três ditos sobre o sal não deveria surpreender a ninguém. Por outro lado, você receberá alguma ajuda em sua interpretação de Marcos 9.50a ao reconhecer que outra versão do mesmo dito de Jesus (ou de um semelhante) existia na tradição dupla. Pelo menos alguma informação desse tipo, sem longos ou áridos tratados sobre o problema sinótico e sua solução, pode muito bem ser uma parte do sermão. Isso poderá ser tanto informação útil como um reforço para sua argumentação sobre a dificuldade inerente de entendimento.
6.3 (Ev). Investigue possíveis situações vivenciais onde apropriado.
Se for de alguma utilidade para o sermão, pode-se investir algum tempo pensando a respeito do possível contexto vivencial da passagem no ministério de Jesus (veja o cap. 6.11 [e 8.11 {Ev]). Isso vale bem mais para muitas parábolas. Na presente passagem, porém, há muito pouco a ganhar neste ponto, pois seria bastante especulativo na melhor das hipóteses, uma vez que a questão contextual real aqui é a literária. É sempre apropriado considerar se sua passagem contribui para o entendimento do contexto vivencial do evangelista; ou, o inverso disso, se o contexto vivencial (admitindo sua natureza hipotética) acrescenta algo ao seu entendimento da passagem. Se, como muitos acreditam, o evangelho de Marcos apareceu em Roma durante um período de sofrimento para a igreja, e o discipulado, para ele, implica seguir o Messias Servo Sofredor (cf. Mc 8.27-38 etc.), então pelo menos o primeiro desses ditos sobre o sal se encaixa nesse tema (seguindo a segunda predição acerca do sofrimento) como chamado ao discipulado provado pelo fogo.
6.4 (Ev). Descreva o arranjo ou adaptação atual.
Este passo flui fundamentalmente de 3.2 (Ev), acima. Os procedimentos podem ser encontrados no capítulo 6.6.5-6. Aqui, você aprenderá muito mais para sua própria compreensão do texto do que achará necessário incluir no sermão. O que você estará procurando são os itens que lhe darão uma compreensão das ênfases do autor, e sua intenção ao incluir a passagem precisamente aqui. Assim, aqui você estará examinando as questões de contexto literário. Assim como foi relativamente fácil determinar o contexto literário de 1 Pedro 2.18-25, é difícil fazer o mesmo com Marcos 9.49-50. É sempre apropriado ser cauteloso nessas questões. Todavia, se você sentir que pode fazer bom sentido do texto em seu contexto, não hesite em dizê-lo, desde que fique claro para todos que você tem algumas reservas. Nesse ponto, você procurará o auxilio dos melhores comentários.

7. Literatura secundária.
(Aproximadamente cinqüenta minutos)
Você acabou de concluir, agora, o trabalho básico no texto propriamente dito. Com a ajuda de vários recursos exegéticos, você deve sentir que tem uma boa compreensão do texto, tanto em seus aspectos particulares, como em seu lugar no livro bíblico. Agora é hora de consultar alguma literatura secundária.
7.1. Consulte os comentários.
Não evite os comentários; somente tenha o cuidado de não lê-los como primeira fonte de pesquisa. Se você o fizer, sempre pregará sobre o texto a partir da obra de outra pessoa. Mesmo que o autor seja excelente comentarista, você nunca terá a confiança de que o texto é propriamente seu por tê-lo dominado. Mas agora é o momento de verificar alguns comentários. Você deveria ter em sua biblioteca pelo menos dois ou três dos melhores comentários para cada livro do NT (veja cap. 8.13.3). Existem três razões para que se leiam os comentários neste ponto: (1) Para ver as opções dos estudiosos quanto às dificuldades que você teve em diversos lugares da exegese. Às vezes, é claro, você consultará os comentários quando encontrar a dificuldade enquanto faz a exegese do texto. (2) Para saber de pelo menos duas outras interpretações do texto com as quais você poderá comparar a sua e fazer ajustes, se uma outra for mais convincente. (3) Para ser alertado quanto a questões ou opções que você não percebeu em sua exegese, as quais podem ser cruciais para o seu sermão. Assim, por exemplo, ler os comentários de Achtemeier, Michaels e Davis sobre 1 Pe 2.18-25 deve não só aumentar a confiança em seu próprio trabalho mas também ajudar em seu entendimento do texto.
7.2. Leia outra literatura.
Este é o passo condicionado pelos fatores tempo, recursos e geografia. Haverá momentos, quando estiver estudando Marcos 9.49-50, em que você vai querer investir algum tempo lendo o que outros escreveram sobre esses ditos de Jesus. Se uma oportunidade como essa surgir, você precisará consultar os auxílios bibliográficos em 8.13.1-2.

8. Contexto Bíblico-teológico.
(Aproximadamente trinta minutos)
Antes de passar para as questões de aplicação, você necessita refletir sobre como sua passagem se relaciona com outros textos da Bíblia e com a teologia cristã.
8.1 Analise a relação da passagem com o restante da Bíblia.
A que esta passagem é semelhante ou diferente? Será ela uma entre muitas de tipo similar, ou é bastante singular? Que vazios ela preenche? Algo depende dela em outro lugar? Outros textos das Escrituras ajudam a tomá-la compreensível? De que maneira? Qual é o seu lugar na estrutura maior da revelação bíblica? Que valor ela tem para o estudante da Bíblia? Em que sentidos ela é importante para a sua comunidade? Assim, por exemplo, para 1 Pedro 2.18-25 você deve analisar brevemente passagens semelhantes em Paulo (Ef 6.5-9; Cl 3.22—4.1; 1 Tm 6.ls; Tt 2.9s). Poderá ser instrutivo notar que as passagens de Efésios e colossense presumem senhores cristãos, enquanto que outras (inclusive 1 Pedro) têm escravos cristãos e senhores pagãos.
8.2. Analise a relação da passagem com a teologia.
A que doutrinas teológicas a passagem adiciona alguma luz? Quais são suas preocupações teológicas? A passagem suscita questões ou dificuldades a respeito de algum tópico ou posição teológica que necessitem de explicação? Qual é a magnitude das questões teológicas que a sua passagem traz à tona? Onde a passagem parece se encaixar no sistema completo de verdade contido na teologia cristã? Como a passagem se harmoniza com a totalidade do sistema teológico? Suas questões teológicas são mais ou menos explícitas (ou implícitas)? Como você pode usar a passagem a fim de ajudar sua congregação a ser teologicamente mais coerente ou, pelo menos, mais teologicamente alerta?

9. Aplicação (Aproximadamente quarenta minutos).
Ao longo de todo o trabalho exegético, você dever ter pensado sobre como a passagem — e suas várias partes — poderia se aplicar à sua vida e à de sua congregação. Mas, agora, é a hora em que você se concentrará diretamente na aplicação.
9.1. Faça uma lista dos temas que dizem respeito à vida.
Faça uma lista de possíveis temas que dizem respeito à vida, e que são explicitamente mencionados, apontados de forma implícita, ou podem ser logicamente inferidos da passagem. Pode ser que haja apenas um ou dois desses temas, ou, quem sabe, diversos. De início, seja inclusivo. Depois, você pode eliminar aqueles que, após reflexão, julgar serem menos significativos ou até irrelevantes.
9.2. Esclareça a possível natureza e área da aplicação.
Organize sua lista provisória (mental ou escrita) de acordo com a natureza da passagem — ou partes dela — se são informativas ou diretivas, e, em seguida, se lidam com a área da fé ou da ação. Apesar de serem artificiais e arbitrárias até certo ponto, essas distinções, não raro, são úteis. Elas poderão conduzir a aplicações mais precisas e específicas do ensino das Escrituras para a sua congregação. Também o ajudarão a evitar aplicações vagas e gerais, que às vezes nem mesmo são aplicações.
9.3. Identifique o público-alvo e as categorias de aplicação.
As questões relacionadas à vida em sua passagem são primariamente instruções para indivíduos ou para entidades coletivas, ou não há diferenciação aqui? Se forem para indivíduos, quais? Cristãos ou não-cristãos? Ministros ou leigos? Pais ou filhos? Fortes ou fracos? Orgulhosos ou humildes? Se forem instruções, primaria mente, para entidades coletivas, quais? Igreja? Nação? Ministros? Leigos? Uma profissão? Uma estrutura social? As questões relacionadas à vida se ligam, ou são limitadas, a certas categorias, tais como relacionamentos interpessoais, piedade, finanças, espiritualidade, comportamento social, vida familiar?

9.4 PASSANDO DA EXEGESE PARA O SERMÃO.
O que você fez até aqui não é o sermão propriamente dito. Você se ocupou da descoberta do sentido do texto em termos da intenção original. De certa forma, essa é a parte mais fácil, comparada com essa segunda: a preparação do sermão. Aqui, seu maior aliado é uma boa cabeça e uma imaginação fértil! Em todo caso, nada pode substituir a reflexão. Como as idéias exegéticas e questões de aplicação convergem na direção de um sermão que tenha um enfoque claro e alvo específico? Não pode haver regras aqui, pois o bom sermão é tão individual quanto você. Ele precisa ser seu, baseado na sua exegese, pregado à sua comunidade. O que segue são, simplesmente, algumas sugestões e advertências.

10. Reserve tempo para reflexão sobre o texto e para oração.
A pregação não é, simplesmente, uma questão de intelecto e estudo; também envolve coração e oração. Depois que sua mente estiver embebida com o texto, seu significado, e algumas explicações possíveis, reserve tempo para refletir sobre ele em oração. Como o texto se aplica à sua vida? Que necessidades pessoais você percebe abordadas ou alcançadas por essa passagem? Separe tempo para reagir à Palavra de Deus. É muito difícil comunicar com urgência a outros o que não falou a nós primeiro. Depois, invista tempo para refletir no texto mais uma vez, agora tendo em mente as várias necessidades das pessoas de sua congregação. O que você fará, com a ajuda do Espírito Santo nesse sermão, para ser capaz de auxiliar, encorajar ou exortá-las a partir dessa passagem? De fato, quanto mais tempo você investir em oração a respeito delas sobre essa passagem, tanto mais é provável que você prepare um sermão que comunicará a elas. Lembre-se: A preparação do sermão sem o encontro pessoal com a Palavra e sem oração provavelmente terá falta de inspiração. Sermões pregados por quem não se sentou em silêncio, perplexo, diante da majestade de Deus e de sua Palavra, alcançarão muito pouco resultado.

11. Inicie com um senso de propósito.
A partir de sua lista de trabalho no sermão, e outras anotações feitas durante o trabalho exegético, concentre-se em três coisas (que estarão sujeitas a mudanças,é claro, à medida que o sermão for desenvolvido):
11.1. Pontos principais.
O ponto (ou pontos) principal (is) do texto bíblico que você necessita proclamar. Seu sermão precisa de um ponto focal ou você não saberá aonde quer chegar, além de dificultar a seqüência do seu argumento. Tente decidir sobre o que a congregação precisa saber, ou ouvir, da passagem, em contraste com o que você precisou saber a fim de preparar o sermão. Seus dois melhores critérios aqui são a passagem propriamente dita e sua resposta a ela. Aquilo que sua passagem trata como significativo é, provavelmente, o que o sermão deveria tratar como significativo. O que você sente ser mais útil e importante para você pessoalmente é, com toda a probabilidade, o que sua congregação achará mais útil e importante.
11.2. Propósito.
O propósito do sermão. Aqui você decidirá como os pontos acima serão mais bem aplicados, O sermão é basicamente informativo, a respeito da fé cristã? Ou é exortativo, tratando do comportamento cristão?
11.3. Resposta.
A resposta que você espera que seu sermão produza. Este é o outro lado de 8.2, acima. Você espera provocar uma mudança de pensamento? Ou uma mudança de comportamento? Ou ambos? Você está tentando encorajar? Motivar? Chamar ao arrependimento? Levar as pessoas a um encontro com o Deus vivo? Se a tarefa do pregador é dupla, ou seja, confortar o aflito e afligir quem está confortável, em que sentido este texto o direciona? Ou será um pouco de ambos? Observe: Esses dois últimos itens tem a ver com o objetivo do sermão. Um sermão sem objetivo raramente atinge o alvo. Decidir acerca do enfoque e do objetivo do sermão será de grande ajuda para que você decida como proceder com o esboço e o conteúdo.

12. Decida Sobre a introdução e comentário.
O corpo, ou conteúdo, do sermão será determinado em grande medida pela maneira com que você planeja começar e terminar. O final deveria ser direcionado pelo objetivo (8.2-3, acima). Os bons sermões normalmente iniciam em um de três lugares: (1) com o texto bíblico mas seja especialmente cuidadoso para não entediar seus ouvintes antes de chegar à aplicação; (2) com as necessidades das pessoas de algum modo; (3) de alguma maneira imaginativa que prende a atenção, mas que, em última análise, une pessoas e texto.
12.1. Elabore um esboço.
Deve ter surgido, a esta altura, um esboço para o sermão como um todo. Lembre-se: não há regras para isso; mas é necessário cautela em diversas áreas. Primeiro, não é preciso seguir o esboço do texto bíblico em si. Isso seria bom para um contexto de ensino, mas um sermão é outra coisa. Permita que o esboço toque em vários pontos do texto, mas deixe que a lógica de sua apresentação seja totalmente sua, de modo que vá conduzindo às conclusões que você estabeleceu no passo 9, acima. Segundo, não se sinta obrigado a incluir em seu sermão tudo que estiver no texto. Seja seletivo. Faça com que tudo o que você seleciona sirva ao objetivo do sermão.Terceiro, decida com antecedência onde a exegese propriamente dita vai se encaixar no sermão. Ela poderá servir de introdução, da qual todo o sermão será aplicação, tomando diversos pontos da exegese. Poderá, também, vir mais tarde, à medida que você se move do século XXI de volta para o primeiro, e, depois, retorna ao século XXI. Ou, ainda, poderá ser mencionada ponto a ponto, enquanto você expõe o sermão. Lembre-se, porém, que o sermão não é simplesmente uma repetição da exegese. Para ser bíblico, você deve deixar que suas palavras sejam revestidas com a autoridade da Palavra, como ela se encontra no contexto do primeiro século. Mas, para ser relevante, você precisa fazer com que essa Palavra se tome viva no seu contexto do século XXI.

12.2 Elabore o sermão.
Repetindo, essa parte é bastante individual. Seja criterioso a respeito da quantidade de informação que você incluirá, a partir de sua lista de itens para o sermão. Lembre-se de que uma história bem contada (relevante para o texto!) será lembrada por mais tempo do que a melhor das prosas. Tenha o cuidado de não se estender demasiadamente no texto sem interrompê-lo com o que uma boa e útil ilustração pode conseguir, tanto no sentido de iluminar sua lição como, também, no sentido de quebrar a tensão na mente daqueles que tentam acompanhar sua lógica. Para ajuda nessa área, consulte os melhores livros de homiletica.



Conclusão.


A exegese homilética não é de um tipo diferente da exigida para a monografia exegética, mas é diferente no que se refere à demanda de tempo e objetivo. Este capítulo, portanto, é uma versão reciclada do guia completo usado para trabalhos exegéticos escritos, fornecido nos Capítulos 5 e 6. (Se, por algum motivo, algumas dessas habilidades nunca foram aprendidas — ou ficaram “enferrujadas” — você poderá reservar algum tempo, durante uma ou duas semanas, para recapitular um pouco esses dois capítulos.) Embora o processo da exegese em si não possa ser alterado, a maneira pela qual ele é feito pode ser ajustada consideravelmente. No caso da preparação para o sermão, a exegese não pode e, felizmente, não necessita ser tão exaustiva como uma monografia semestral. O fato de não precisar ser exaustiva não significa que não possa ser adequada. O alvo deste guia breve é ajudar o pastor a extrair da passagem os aspectos essenciais que dizem respeito à interpretação e exposição (explicação e aplicação) razoáveis. O produto final, o sermão, pode e deve ser baseado em pesquisa acadêmica reverente e sadia. O sermão, como ato de obediência e adoração, não deveria encobrir erudição deficiente numa roupagem de eloqüência. Que o sermão seja empolgante, mas seja também totalmente fiel á revelação divina.


Bibliografia.
REFERÊNCIA:


 Almeida século 21 (São Paulo : vida nova, 2005)
 Bh3 bíblia hebraica, 3.ed. (Stuttgart: wuirttembergische, 1937).
 Ntlh nova tradução na linguagem de hoje (Barueri: ssb,2000).
 Nvi nova versão internacional (São Paulo: vida 2001).
 TEB bíblia: tradução ecumênica. Loyola, 1994.
 BHS BIBLIA hebraica stuttgartensia 1977.
 Manual de Exegese bíblica, Douglas Stuat e Gordon D.Fee, vida nova são Paulo 2008.  Biblia de estudo pentecostal,
Vilhena-RO

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